2019: o ano da expansão da eletrônica embarcada e da tecnologia
Aqui ou no exterior, 2019 foi o ano de motos cada vez mais nas mãos dos motociclistas com o auxílio da eletrônica embarcada e da conectividade
Por Gabriel Carvalho
Por Gabriel Carvalho
A indústria de motos, assim como a de carros, evolui a cada ano e os avanços recentes foram significativos. Em 2019, o mercado não ficou marcado por novidades tecnológicas, mas pela presença cada vez maior da eletrônica e da tecnologia nas motocicletas.
O resultado? Motos cada vez mais fáceis de pilotar. Se antes alguns modelos exigiam anos de experiência e muita sensibilidade ao acelerar ou frear, atualmente até as motos que superam os 150 cv de potência podem ser pilotadas sem que os nem tão experientes tomem sustos (de qualquer forma, nunca subestime a potência de uma motocicleta e invista em cursos de para aperfeiçoar a sua pilotagem, conhecimento é sempre bem-vindo).
Além disso, quem poderia imaginar há alguns anos que existiria uma gama de scooters equipados com controle de tração? Foi isso que a Honda fez com a nova geração do SH 125i, revelada no Salão de Milão, e a Yamaha com o XMAX ABS, exibido no Salão Duas Rodas 2019 e que chega ao mercado nacional em 2020.
A eletrônica, antes um pouco mais restrita às motos esportivas, tem se expandido também até para modelos nos quais a agressividade não é a palavra de ordem, como a nova Challenger, da Indian, e nas famílias Touring e CVO na linha 2020 da Harley-Davidson.
Além de se expandir, a eletrônica está cada vez mais eficiente nas motos graças à adoção da central eletrônica (IMU) de seis eixos. Com ela, as fabricantes são capazes de fazer com que itens como o sistema ABS e o controle de tração atuem em curvas.
ABS e controle de tração tradicionais não levam em consideração a inclinação da moto. Se o motociclista precisar frear em uma curva a possibilidade de a frente ‘fechar’ é grande, mesmo com o ABS. Se houver exagero no acelerador ainda com a moto inclinada, o controle de tração pode não ser suficiente para evitar a perda de aderência.
Com a IMU de seis eixos, tudo muda. O recurso está presente, por exemplo, na Indian Challenger. A fabricante publicou um vídeo no qual fica claro o quanto a IMU de seis eixos, que monitora diversos parâmetros da moto em tempo real, atua para salvar o motociclista em situações em que antes a queda era praticamente inevitável. Confira:
Os paineis TFT também se popularizaram e com eles vieram os aplicativos das fabricantes. Nos apps, por exemplo, o motociclista pode verificar intervalos de revisão, registrar trajetos realizados e até mesmo configurar a moto antes mesmo de subir nela.
É o caso do aplicativo Rideology, da Kawasaki, que já pode ser utilizado na Versys 1000 Grand Tourer, recentemente lançada no Brasil. Nele, o motociclista pode escolher o modo de pilotagem e o modo de suspensão de acordo com o nível de carga, por exemplo.
Com o smartphone conectado ao painel TFT via Bluetooth, basta ligar a moto que as configurações definidas via app são aplicadas na motocicleta. O recurso, em menor escala, também está disponível na nova geração da Z900, lançada no Salão de Milão e exibida no Salão Duas Rodas, mas que chega ao Brasil somente no fim do ano, já como modelo 2021.
A tecnologia também está cada vez mais presente nos motores e a bola da vez é o comando de válvulas variável. Não é uma tecnologia exatamente nova, mas que tem se expandido especialmente em motos com motores maiores e de alto desempenho.
Na BMW, a tecnologia ganha o nome de ShiftCam e está presente na bigtrail R 1250 GS e na nova geração da superesportiva S 1000RR, duas novidades da fabricante alemã que desembarcaram no Brasil em 2019.
Já na Ducati, por exemplo, a tecnologia é conhecida pela sigla DVT (Desmodromic Variable Timing) e a mais nova representante do recurso em solo brasileiro é a Diavel 1260 S, lançada por aqui na reta final do ano.
A principal vantagem da tecnologia é percebida na entrega de potência na roda traseira. Uma característica comum às três motos foi a evolução na curva de torque, que ficou mais linear. Desta forma, é possível pilotar de maneira suave em baixas rotações sem que o motor dê ‘cabeçadas’ e assim que o piloto exige mais do acelerador a moto responde.
Claro que quando a comparação é com o mercado no exterior o Brasil está em desvantagem no quesito variedade de modelos com tecnologia embarcada, mas a expectativa é de que a eletrônica e demais recursos tecnológicos estejam cada vez mais presentes nas motos que chegarão ao país.
As novas 650 da Honda, CB 650R e CBR 650R, apresentadas no Salão Duas Rodas e que chegam no primeiro trimestre de 2020, chegam com a adoção do controle de tração como item de série e o quickshifter para aumento de marchas estará disponível como opcional.
No fim do ano, como destacado no início do texto, chega a nova Kawasaki Z900, que ganha painel TFT e controle de tração em três níveis, além de dois modos de potência e quatro modos de pilotagem.
Estas não devem ser, entretanto, as únicas novidades no mercado de motos em 2020. O que você espera ou gostaria de ver por aqui no próximo ano?
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