Teste: Yamaha MT-09 traz de volta o prazer de pilotar

Modelo japonês traz motor tricilíndrico de 847 cm³ com potência de 115 cavalos e torque de 8,9 kgfm

Por Aladim Lopes Gonçalves

Há anos que uma motocicleta japonesa não causava tanto furor quanto a nova Yamaha MT-09, lançada em 2013 e que chegou há pouco ao Brasil. Com design totalmente diferenciado, motor de três cilindros de 847 cm³ de capacidade e inovações técnicas, a MT-09 virou uma das máquinas mais vendidas na Europa, não só pela motocicleta que é, mas também pelo seu posicionamento no mercado. Principalmente por não seguir à risca a herança da primeira motocicleta da família, a MT-01, lançada em 1999, que tinha um visual e torque arrebatadores, mas o conjunto e o preço não agradavam.

Além do revolucionário propulsor, a MT-09 traz alguns itens de motos topo de linha. Três modos de pilotagem – que alteram o funcionamento do acelerador ride-by-wire –, quadro e balança de alumínio fundido, rodas e pneus esportivos, suspensão invertida e monoamortecedor com ajuste na pré-carga de mola. De acordo com a Yamaha, a MT pesa 191 kg em ordem de marcha e tem um ângulo de inclinação de 51°, o mesmo da superesportiva média da marca, a R6.

No entanto, essa não é a melhor parte. Um de seus principais atrativos é seu preço: R$ 35.990 para a versão avaliada, na cor cinza fosco e com ABS de série. Isso a coloca entre suas rivais de 600 cc e 800 cc, como a Triumph Street Triple ABS (R$ 32.990) e a Kawasaki Z800 ABS (R$ 39.390), dando-lhe vantagem por oferecer desempenho de “moto grande”, com preço médio. Fazia muito tempo que uma motocicleta japonesa não conseguia estampar um sorriso tão grande em nossos rostos, em qualquer situação, seja na cidade, ou na estrada.

Desperte seu lado obscuro
A Yamaha, de maneira perfeita, utilizou como slogan para o lançamento da MT-09 a frase “The Dark Side of Japan”, ou o lado obscuro do Japão. Sinceramente, essa máquina desperta não só o lado obscuro do Japão, mas sim de todos os que experimentarem o modelo. Seus detalhes só ajudam a corroborar essa ideia.

Começando pelo contato da ignição, que fica “escondido” ao lado esquerdo do painel de instrumentos. A posição mais à direita do painel deixa a MT com aparência de uma “stunt bike”, motos usadas por praticantes de wheeling em acrobacias. O guidão largo é ao melhor estilo “streetfighter”, que deixa os braços do piloto bem abertos. Ao olhar sob o painel, o condutor não verá muita coisa da moto, apenas o topo de seu farol dianteiro, deixando claro o lado feroz dessa máquina.

Somente isso já é suficiente para despertar o lado mais agressivo de qualquer piloto. No entanto, é ao girar a chave e deslizar o novo botão até a posição de ignição – um novo “switch” parecido com os da Ducati – que o coração pulsa mais forte. O propulsor de três cilindros ruge de maneira grave, diferente de outros modelos equipados com esse tipo de motor, como o assobio agudo da Triumph Street Triple.

Por conta de seu virabrequim crossplane, tecnologia oriunda do Mundial de Motovelocidade, categoria MotoGP, e já utilizada na superesportiva YZF-R1 desde 2009, a explosão na câmara de combustão acontece em intervalos uniformes a 120° - um cilindro por vez. Dessa forma, a entrega de torque é mais linear e beneficia as baixas e médias faixas de giro, segundo a empresa. Isso é sentido logo na primeira arrancada, mesmo no modo “B” (entrega de potência mais suave) do acelerador eletrônico YCC-T (acelerador Yamaha controlado por chip).

Ao girar o punho direito com vontade, tanto no modo “standard” quanto no modo “A” - cuja entrega de potência é praticamente imediata –, essa Yamaha se levanta. Não de maneira intimidadora, mas se você for novato nas motos de três cilindros, melhor tomar cuidado. Na segunda marcha, a MT ainda “puxa” com muita força desde cedo, daí a nomenclatura MT, que significa “Masters of Torque”, ou mestre do torque. Queime um pouquinho da embreagem em segunda marcha e a MT-09 “vem no peito”. A ótima e rápida resposta do acelerador permite que você controle-a perfeitamente enquanto as rotações vão subindo até a terceira marcha. Se sua habilidade permitir, você ainda consegue levá-la em uma roda só até a quarta marcha, com certeza. Precisa ter coragem e “caminho livre” e dinheiro para pagar as multas para acelerar a MT-09 em qualquer marcha até o limite do conta-giros. Seu motor “cresce” muito rápido e de maneira agressiva. Mas todo esse desempenho e diversão têm um preço: o computador de bordo da MT-09 marcou um consumo de 7,2 litros a cada 100 km, ou seja, uma média de 13,8 km/l.

Se compararmos com sua concorrente direta, a Street Triple, o propulsor da Yamaha é um pouco mais suave, entretanto é consideravelmente mais forte e potente, com 115 cavalos de potência. É quase uma mistura da Street Triple e da Speed Triple, com uma caixa de câmbio de seis velocidades ligeiramente melhor e mais eficiente.

Prazer ao pilotar
Entre tantos pontos positivos, não saberia afirmar o que transforma a MT-09 na mais divertida e inovadora motocicleta japonesa dos últimos tempos. Mas sua leveza e agilidade são, com certeza, parte desses fatores. A ciclística da MT-09 é tão boa que o piloto precisa ter a cabeça no lugar para não andar feito um “louco”, na cidade ou na estrada. Apesar de ter uma tocada forte, a posição de pilotagem é convidativa. Até os menos experientes terão vontade de acelerar forte. Braços bem abertos e cotovelos flexionados, peito levemente inclinado para frente e pedaleiras pouco recuadas e baixas, deixam o piloto pronto para atacar uma seqüência de curvas.

Seu conjunto de suspensão não é dos mais esportivos, principalmente pela configuração de fábrica que privilegia o conforto ao desempenho. Mas, oferece um bom desempenho nas estradas e também dentro dos centros urbanos. Por outro lado, quando se está no modo “A” do acelerador eletrônico, a moto fica mais arisca e em ruas mais esburacadas, ela tende a “quicar” bastante se a aceleração for grande. São 137 mm de curso do garfo invertido dianteiro e 130 mm de curso na traseira, que absorvem bem os impactos e mantém a moto estável nas curvas.

É muito divertido entrar nas curvas com a MT-09 no estilo de supermotard. Vir forte de quarta ou quinta marcha, acionar a embreagem, descer até a segunda marcha de uma só vez e soltar a embreagem aos poucos enquanto faz o contra-esterço, resulta no arrasto da roda traseira. Mesmo sendo equipada com freios ABS de série não desligável, ela ainda é capaz de proporcionar essa emoção à seu piloto, que tem seu lado obscuro aflorado a cada minuto que passa sobre a MT. Os freios, principalmente o dianteiro – dois discos flutuantes de 298 mm de diâmetro com pinças fixadas radialmente de quatro pistões cada – é extremamente eficiente e não assusta, mesmo nas “alicatadas” mais fortes.

Conclusão
A Yamaha passou por tempos difíceis e ano após ano revelava um “line-up” cada vez mais sem “sal” e racional – com algumas exceções, como a família Ténéré. Mas, enfim a marca japonesa lançou um novo modelo para sacudir e balançar novamente o coração dos “Yamaheiros” adormecidos pelo mundo afora. Fazia tempo que uma moto japonesa não trazia a felicidade e o prazer de pilotar quanto a MT-09. Uma moto com quadro e balança de alumínio, suspensão invertida na dianteira, pneus esportivos, freios excelentes, ABS de série, motor de três cilindros em linha, disponível a partir de R$ 35.990 em cinza fosco. Um custo/benefício excelente. Daqui a alguns meses, com certeza veremos muitas unidades desse modelo pelas ruas.

FICHA TÉCNICA
Motor Três cilindros em linha, DOHC, quatro válvulas por cilindro e refrigeração líquida
Capacidade cúbica 847 cm³
Diâmetro x curso 78 x 59,1 mm
Taxa de compressão 11,5:1
Potência máxima 115 cv a 10.000 rpm
Torque máximo 8,9 kgf.m a 8.500 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final Corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Tipo Diamante de alumínio
Suspensão dianteira Garfo telescópico invertido com 137 mm de curso
Suspensão traseira Balança monoamortecida com 130 mm de curso
Freio dianteiro Disco duplo de 298 mm de diâmetro com pinças radiais (ABS)
Freio traseiro Disco simples de 245 mm de diâmetro com pinça simples (ABS)
Pneus 120/70-ZR17 (diant.)/ 180/55-ZR17 (tras.)
Comprimento 2.075 mm
Largura 815 mm
Altura 1.135 mm
Distância entre-eixos 1.440 mm
Distância do solo 135 mm
Altura do assento 815 mm
Peso em ordem de marcha 191 kg
Tanque de combustível 14 litros
Cores Cinza fosco, Roxo e Laranja
Preço sugerido a partir de R$ 35.990


Fonte:
Agência Infomoto

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