Teste: S 1000 R a naked mais potente do Brasil

Com 160 cavalos, a representante 1000 cc ?pelada? da BMW tem personalidade, eletrônica e muita potência

Por André Jordão

André Jordão

A BMW do Brasil começou a comercializar a S 1000 R por aqui em 2014 e, desde então, tem a motocicleta mais potente do segmento. Comparando à suas principais cocorrentes, a versão naked da superesportiva S 1000 RR deixa Honda CB 1000R (125 cv e R$ 45.000), MV Agusta Brutale 1090RR (158 cv e R$ 65.900), Kawasaki Z1000 (142 cv e R$ 52.990) e Triumph Speed Triple (133 cv e R$ 43.990) para trás, e com seus 160 cavalos de potência salta a frente ocupando o posto da naked mais potente do País – importada, ela tem preço sugerido de R$ 67.900.

Os mais atentos logo lembrarão que o motor da S 1000 R provém de sua irmã esportiva e que, amansado, ele rende quase 40 cv a menos que sua semelhante carenada. No entanto, o torque foi redistribuído e o propulsor de 4 cilindros e 999 cc recebeu alterações, reforçando o torque em baixas e médias rotações, para permitir que a moto tenha bom desempenho tanto na cidade quanto na estrada – o torque máximo é de 11,42 kgfm a 9.250 rpm.

Isso significa muita potência e torque disponível a todo o momento. Quem gosta de modelos superesportivos sabe como é difícil extrair todo o potencial das motos de 1000 cc fora de um circuito apropriado. Já com a S 1000 R o piloto recebe logo nos primeiros regimes uma aceleração estonteante, capaz de tirar a roda dianteira do chão com facilidade. Um prato cheio para os apaixonados por aquele “soco no estômago” nas arrancadas.

Eletrônica atuante

Não há como justificar os altos preços cobrados pelas motocicletas no Brasil. Todavia, no caso da S 1000 R, é possível demonstrar uma vasta lista de tecnologia embarcada que, na prática, colocam essa radical naked um passo a frente de suas concorrentes.

Se a S 1000 R tivesse nascido sem o pacote eletrônico que a acompanha provavelmente ela se tornaria uma moto incontrolável. Mesmo sem querer, a roda dianteira sai do chão em primeira, segunda ou terceira marcha – o piloto é auxiliado pelo quickshift, sistema que permite subir as marchas do câmbio de seis velocidades sem usar a embreagem.

A frente só não levantava de vez por conta do sistema anti-wheeling, ativo nos modos de pilotagem Rain, Road e Dynamic. Já no Dynamic Pro, indicado para o uso mais radical ou em pista, o sistema é desligado e a frente levanta com facilidade. Assim como o ABS traseiro, que é desativado no modo Pro para agradar aqueles que gostam de derrapadas controladas.

Optando pelo modo Rain, o controle de tração e o ABS se adéquam ao piso fazendo desta configuração a mais segura (e chata), com a toda a eletrônica atuante e a potência reduzida. Alterando para o modo Road ou Dynamic nota-se uma resposta mais brusca e imediata do acelerador – sendo o Dynamic mais arisco, mas ambos amparados pela eletrônica. Utilizei o Rain na cidade e o Dynamic na estrada, já que a redução de potência ajudava a controlar a moto no tráfego urbano. Na estrada fui munido de tudo que tinha direito, resultado: uma das motos mais divertidas (e fortes) que já pilotei!

Além dos modos de pilotagem, controle de tração e os freios ABS, a S 1000R à venda no Brasil já vem com a suspensão eletrônica semi-ativa (DDC, Dynamic Damping Control), disponível apenas na versão HP4, top de linha da esportiva S 1000 RR. A suspensão DDC semi-ativa utiliza diversos sensores espalhados pela moto para ajustar a compressão e o retorno do garfo dianteiro invertido e do monoamortecedor traseiro em movimento. O piloto escolhe a pré-carga da mola (sozinho, com bagagem ou dois ocupantes) e os modos de pilotagem trazem o ajuste de compressão e retorno (macio, normal ou mais rígido). Ainda é possível redefinir esses ajustes. Mas quando a moto estiver andando o DDC faz uma “leitura” do terreno para ajustar o conjunto de suspensão constantemente.

Diferenças

As principais diferenças entre o modelo naked e o esportivo não se aplicam somente ao motor. A BMW manteve o quadro de dupla trava superior, mas redesenhou a geometria da coluna de direção e instalou um novo guidão de uma única peça. Com isso o piloto vai ereto como em uma naked, mas com os joelhos mais flexionados do que em outros modelos, já que as pedaleiras são bem recuadas.

O motor é o mesmo, como já vimos, mas tem um cabeçote redesenhado, novos comando de válvulas, injeção eletrônica redefinida e um diferente sistema de escapamento, que vale dizer emite um ronco abafado bem interessante para um exaustor original.

Embora se distancie da versão esportiva, a S 1000 R se mostrou muito a vontade nas curvas, mesmo as mais fechadas. Sua ciclística herdada da RR é impecável e com somente 207 kg em ordem de marcha, ela devora os traçados, podendo ir de uma confortável naked no modo Road e Rain para uma ágil e firme esportiva no Dynamic e Dynami Pro.

Com uma aceleração estonteante, maneabilidade suave e freios muito eficazes, a S 1000R é tão rápida quanto qualquer esportiva e indiscutivelmente mais divertida. Embora ela não ofereça, como outras nakeds, conforto para longas viagens ou mesmo altas velocidades, já que o discreto para-brisa oferece pouca proteção aerodinâmica e sua posição ereta seja boa para velocidades dentro do limite legal.

Todo esse conjunto tem um preço (alto), mas faz da S 1000 R a naked mais forte, controlável e divertida do Brasil.

Ficha técnica

BMW S 1000 R
Motor Quatro cilindros em linha, 4 válvulas por cilindro e refrigeração líquida
Capacidade cúbica 999 cm³
Diâmetro x curso 80,0 mm x 49,7 mm
Taxa de compressão 12,0: 1
Potência máxima 160 cv a 11.000 rpm
Torque máximo 11,4 kgf.m a 9.250 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Dupla trave superior em alumínio
Suspensão dianteira Garfo telescópico invertido (upside-down) com 46 mm de diâmetro e 120 mm de curso – totalmente ajustável e com DDC
Suspensão traseira Balança traseira em alumínio monomortecida com 120 mm de curso – totalmente ajustável e com DDC
Freio dianteiro Disco duplo de 320 mm de diâmetro com pinça de fixação radial de quatro pistões com sistema Race ABS
Freio traseiro Disco simples de 220 mm de diâmetro com pinça de um pistão e sistema Race ABS
Pneus 120/70-ZR 17 (diant.)/ 190/55- ZR17 (tras.)
Comprimento 2.057 mm
Largura 845 mm
Distância entre-eixos 1.439 mm
Distância do solo não disponível
Altura do assento 814 mm
Peso em ordem de marcha 207 kg 
Peso a seco não disponível 
Tanque de combustível 17,5 litros
Cores Azul, Branca e vermelha
Preço sugerido R$ 67.900  


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br