Teste: Ducati Hypermotard é moto para os fortes

Única representante com alma de supermotard no mercado impressiona pela força a versatilidade

Por André Jordão

André Jordão

Se analisarmos o mercado brasileiro de motocicletas não iremos achar duas representantes com alma de uma verdadeira supermotard. Há quem possa pensar na MV Agusta Rivale (R$ 56.000 e 125 cv) ou até mesmo na Yamaha MT-09 (R$ 35.990 e 115 cv) como possíveis concorrentes à Hypermotard, pois trazem capacidade cúbica e potência semelhantes. No entanto, ambas não tem o DNA que a Ducati Hypermotard traz em sua essência. O motor Testastretta 11°, um bicilíndrico em “L” com 821 cm³ e refrigeração líquida, entrega 110 cavalos de potência e muita diversão ao piloto. Graças ao completo pacote eletrônico (Ducati Safety Pack) que integra acelerador eletrônico (RbW) com três modos de pilotagem, controle de tração e freios ABS com diversos níveis de atuação, quem pilota a Hypermotard não para de sorrir, é adrenalina pura!

A boa notícia para quem gosta deste estilo é que o preço dessa exclusividade baixou de R$51.900 para R$ 44.900, porque desde o início do ano ela vem sendo montada em Manaus (AM). Não que seja uma pechincha, mas quem já pilotou profissionalmente no on ou off-road, ou até mesmo na categoria supermoto, sabe que o investimento é justificado pela singularidade do modelo.

Para os fortes

Não foi à toa que citei pilotos profissionais como público alvo desta motocicleta. Claro que os prós não são os únicos capazes de pilotá-la, mas a Ducati Hypermotard não aceita vacilo. É necessário anos de experiência sobre motocicletas para “tocar” com maestria e extrair o que essa moto tem de melhor. O controle de tração e o ABS ajudam muito nessa tarefa, todavia com o modo "Sport" ativado o piloto recebe tanto torque – 9,1 kgf.m a 7.750 rpm – nas três primeiras marchas que qualquer fraqueza pode ser punida. Já para quem gosta deste tipo de adrenalina, a Hypermotard é uma exceção no mercado.

Antes de falar de seus outros predicados, vamos entender um pouco como toda a eletrônica atua. Três modelos de pilotagem estão disponíveis e programados para trocarem instantaneamente o torque/potência do motor e os níveis de intervenção do ABS e do Ducati Traction Control mesmo durante a condução. O modo “Sport” fornece 110 cv com uma resposta direta do RbW  na aceleração, redução da intervenção do sistema DTC e a configuração de nível 1 (alta eficiência de frenagem) do ABS.

Para ser bem sincero rodei praticamente o tempo todo no modo “Sport”. E é exatamente nessa configuração que a Hypermotard entrega uma sensação diferenciada, fazendo o piloto lembrar a todo o momento que ele está sobre uma legítima supermoto. Curvas travadas são devoradas com eficiência e nas saídas com o punho aberto sua frente levanta imediatamente aumentando a velocidade com facilidade. A posição de pilotagem é de ataque, os braços ficam abertos, e a sensação é de que estamos em cima da roda dianteira.

Dupla identidade

Quando o habitat vira a estrada a Ducati Hypermotard mostra sua dupla identidade. Altere o modo para “Touring” e acelere com vontade. A primeira e grande diferença está na reposta do acelerador e no torque entregue ao piloto, já que os 110 cv também estão presentes nessa configuração. Ou seja, basta abrir a borboleta que a velocidade cresce progressivamente atingindo com tranquilidade os 200 km/h – não há proteção aerodinâmica para suportar velocidades altas.

Nesse terreno o que impressionou foi a estabilidade da Hypemotard, mesmo em altas velocidades. Motos com suspensão de longo curso na frente costumam ficar instáveis em velocidades de três dígitos. Nesta, pelo menos até 180 km/h, era possível sentir a frente no chão, sem flutuações. Isso faz com que essa motard também realize curvas de alta velocidade com destreza, revelando toda sua versatilidade.

A luz de reserva acendeu com 289 km no hodômetro. O consumo de 17,7 km/l ficou próximo dos 18,5 km/l que o computador de bordo informava no painel digital, bastante completo e de fácil leitura. Embora simples, mostra consumo instantâneo e médio; tem dois hodômetros, mais um de reserva; relógio e ainda o modo de pilotagem e os níveis do controle de tração (DTC) e do ABS. Além, é claro, de velocímetro e conta-giros digital.

Design encanado e ciclística acertada

Outro ponto positivo da Ducati Hypermotard é seu design. Encanada, ela parece provocar o piloto ao primeiro olhar, como se dissesse “e ai, vai encarar?!”. Aliás, a Hypermotard mudou bastante em relação à antiga versão. As carenagens têm um desenho mais agressivo, com formas angulosas. O sistema de escapamento, que era de dupla saída embaixo do banco, foi substituído por uma única peça triangular do lado direito da moto. Além de ser mais bonito e seguir as novas linhas da Hypermotard, o novo sistema não esquenta a parte de trás do banco como na sua antecessora.

A Ducati também mudou o espelho retrovisor de lugar. Agora o piloto pode passar no corredor formado entre os carros e, ao mesmo tempo, ter uma boa visão traseira. Nas versões anteriores, os espelhos eram retráteis e fixados nas pontas do guidão, cabendo ao condutor escolher entre abrir o retrovisor ou não – na cidade recomendo rodar no modo  “Urban”, onde somente 75 cv ficam disponíveis ao piloto.

O conjunto de suspensão tem garfos de 43 mm invertidos e combinam bem o longo curso de 170 mm na roda dianteira (de 17 polegadas) com desempenho. Absorvem os impactos da estrada, mas não comprometem uma pilotagem esportiva. O característico quadro em treliça se harmoniza à peça que compõe o subquadro e termina no monobraço traseiro, completando o estilo encanado da Hypermotard.

A embreagem também merece destaque. O sistema tem um mecanismo com discos banhados em óleo que ajuda a comprimir as molas e tornar o manete de embreagem mais leve, auxiliando reduções de marcha mais bruscas. Na traseira, o monamortecedor pode ser facilmente ajustável na pré-carga, garantindo mais rigidez.

Para completar o conjunto ciclístico bem acertado da Hypermotard, a Ducati não pensou duas vezes e adotou dois discos semiflutuantes de 320 mm, com pinças Brembo radialmente montadas e 4 pistões na dianteira. E um disco simples de 245 mm e pinça de 2 pistões na traseira. Além de suficientes para frear a Hypemortard, eles também exigem perícia do piloto, já que a bomba de freio radial pede cautela: basta triscar o dedo no manete para a frente baixar e o seu olho arregalar.

Conclusão

Comprar uma Ducati Hypermotard não é uma escolha racional. Se você começar a pensar muito e a fazer contas colocando frente a frente praticidade e radicalidade, provavelmente escolherá uma moto que, até mais barata, permitirá ir mais longe. Agora, tenho total convicção que para um ex-piloto, seja de motovelocidade, de motocross ou para quem já teve outras motos do estilo motard, a Hypermotard vale cada centavo pela quantidade de prazer que ela oferece.

Lembrando que a Ducati nacionalizou a versão standard (testada) que custa R$ 44.900 e a Hyperstrada (com malas laterais, guidão alto, para-brisa e banco mais confortável) R$ 49.900. Já a versão Hypermotard SP (rodas forjadas Marchesini, pneus racing Pirelli Supercorsa SP, garfo de suspensão Marzocchi de 50 mm e amortecedor Öhlins) não será mais importada pela Ducati Brasil. As cores são vermelho na standard e vermelho ou branco com quadro cinza na Hyperstrada.

 

FICHA TÉCNICA

Motor dois cilindros a 90° com 8 válvulas, comando desmodrômico e arrefecimento líquido

Capacidade cúbica 821cm³

Diâmetro x curso 88 x 67,5 mm

Taxa de compressão 12,8 : 1

Alimentação Injeção eletrônica

Potência máxima (declarada) 110 cv a 9.250 rpm

Torque máximo (declarado) 9,1 kgf.m a 7.750 rpm

Câmbio Seis marchas

Embreagem multidisco em banho de óleo com acionamento mecânico

Transmissão final corrente

Partida Elétrica

Quadro Treliça tubular em aço

Suspensão dianteira Garfos telescópicos invertidos Kayaba com tubos de 43 mm sem regulagem

Suspensão traseira Monoamortecedor Sachs ajustável

Curso roda dianteira 170 mm

Curso roda traseira 150 mm

Freio dianteiro Disco duplo de 320 mm de diâmetro com pinça Brembo monobloco fixada radialmente e ABS

Freio traseiro Disco simples de 245 mm de diâmetro e pinça dupla com ABS

Pneu dianteiro Pirelli Diablo Rosso II, 120/70 ZR17

Pneu traseiro Pirelli Diablo Rosso II, 180/55 ZR17

Comprimento 2.100 mm

Largura 920 mm

Altura 1.320 mm

Distância entre-eixos 1.500 mm

Altura do assento 850 mm

Peso em ordem de marcha 198 kg

Peso a seco 175 kg

Tanque de combustível 16 litros

Cores Vermelha

Preço sugerido R$ 44.900


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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