Teste: Indian Scout põe pimenta na receita americana

Com 100 cavalos de potência, design diferenciado e bom nível de conforto, modelo de entrada da Indian custará R$ 54.990 a partir de março

Por Aladim Lopes Gonçalves

A Indian Scout traz a receita clássica da custom americana: motor de dois cilindros em “V”, grande ângulo de cáster e muito estilo. Porém, a Scout coloca um pouco mais de tempero na receita com seu motor com refrigeração líquida que atinge 100 cavalos de potência – algo incomum na “clássica receita”. O preço de lançamento foi de R$ 49.990, porém o fabricante precisou fazer um reajuste no valor da moto para R$ 54.990 a partir de 1º de março. A Scout tem a missão de ser o carro-chefe da Indian no Brasil, com 50% das vendas totais entre os três modelos que hoje fazem parte do line-up.

Nesta avaliação rodamos pouco mais de 400 quilômetros com a Scout, entre os corredores apertados da capital paulista e estradas com boa pavimentação rumo ao interior de São Paulo. Em vias urbanas, o que chama a atenção é a capacidade da moto de mudar de direção com certa facilidade, ajudada, principalmente, pela força do motor. Dá para rodar no trânsito carregado só controlando aceleração e torque. Por exemplo, com a quarta marcha engatada, a Scout parece ter transmissão automática. Era só dosar o acelerador que, a partir dos 1.650 rpm, já tem torque para manter 40 km/h, e serpentear entre os carros com desenvoltura. Já a 3.100 rpm, a Indian chegava a 75 Km/h, acima do limite das ruas de São Paulo.

Mas enquanto a moto trafega entre os carros, o piloto sentirá o calor emanado pelo cilindro traseiro do motor. O propulsor da Scout usa refrigeração líquida e os puristas sentirão falta das aletas para a dissipação de calor. Outro incômodo é o difícil acionamento do manete de embreagem que exige pulso firme e braço forte.

Estrada é a sua casa
Mas é na rodovia que a Scout se sente em casa e o piloto não sente calor algum emanado do motor “V2” de 1.133 cc com duplo comando no cabeçote. O motor entrega potência de forma progressiva, mas quando o piloto gira o acelerador (eletrônico) com vontade, aparece uma pitada de esportividade. O comportamento do motor se torna bastante “elástico” e vigoroso. E, de quebra, com baixíssima vibração.

Com a sexta marcha engatada, a velocidade cresceu com o regime de rotação – 3.300 rpm, 100 km/h; 3.650 rpm, 110 km/h; 4.000 rpm, 120 km/h. O maior problema é conter o ímpeto, já que a moto quer mais, sempre mais. O torque máximo de 9,96 kgf.m chega a 5.900 rpm (torque), já a curva de potência não é divulgada pela marca.

O piloto não deve se empolgar muito nas curvas mais radicais, pois dependendo do ângulo de inclinação as pedaleiras da Scout irão raspar no asfalto. Nesse percurso misto (cidade-estrada), o consumo médio foi de 20 km/l. O câmbio de seis velocidades proporciona engates precisos, ao contrário do acionamento da embreagem que exige certa força.

Ciclística equilibrada
Seu sistema de freio se mostrou muito eficiente, principalmente após ter sofrido uma fechada em meio ao trânsito. Bastou acionar os freios com vontade que o ABS entrou em ação, a moto se manteve na trajetória sem oscilações e o resultado foi apenas um grande susto. O sistema bem dimensionado conta com discos de 298 mm, com pinça de duplo pistão na dianteira e pinça simples na traseira. Para completar, o modelo conta com flexíveis revestidos em malha de aço (Aeroquip), que conferem maior precisão à frenagem.

As suspensões são tradicionais com garfo telescópico na dianteira e dois amortecedores traseiros com regulagem de pré-carga de mola. Uma receita clássica que se mostrou adequada ao modelo e não atingiu o final de curso em nenhum momento. Os pneus Pirelli Nigth Dragon (radiais sem câmara) - 130/90 na frente e 150/90 na traseira - são instalados em rodas de liga de 16 polegadas.

Para “amarrar” toda a parte ciclística, a Indian adotou o mesmo tipo de chassi, de formato triangular, usado nas primeiras Scout dos anos 1920. A diferença hoje é que no novo o quadro é fabricado em alumínio forjado, que garante rigidez e agilidade.

Ergonomia e painel de instrumentos
Pedaleiras avançadas, banco no formato sela em couro e guidão largo. Assim, o piloto com estatura mediana – 1,70m – rodará confortavelmente na Scout. Pernas semiflexionadas e braços quase que retos no melhor estilo custom. Mas não há nenhuma proteção aerodinâmica, possibilidade de levar garupa ou bagagem na Scout standard.

Simples e funcional, o painel tem um velocímetro analógico (o fundo branco, com números e ponteiro em vermelho, oferece boa visualização noturna) e um mostrador digital com hodômetros total e parcial, conta-giros, temperatura do motor e relógio, além de um útil indicador de marchas. As informações podem ser acessadas por um botão que fica na parte superior do punho esquerdo.

Conclusão
A Scout é uma grata surpresa, surpreende pela potência de 100 cv de potência e o generoso torque, quase 10 kgf.m a 5.900 rpm. Oferece ainda ciclística acertada, ergonomia, conforto e a segurança dos freios ABS. O modelo de entrada da Indian mostrou-se divertido, fácil de pilotar, porém simples. Simples na concepção, mas refinada no design e no comportamento dinâmico. Pena que o fabricante anunciou um preço inicial no Salão Duas Rodas, que aconteceu em novembro passado, e agora já o reajustou. Um novo tempero que pode fazer essa boa receita desandar.

E a garupa?
Seguindo a receita de outras marcas custom, a Indian oferece uma completa linha de acessórios para a Scout. Para acomodar a garupa, pode-se investir em um banco (R$ 1.045), pedaleiras (R$ 895,28) e sissy-bar (encosto) de titânio (R$ 1.549). Para transportar pequenos objetos é possível investir ainda em uma bolsa de tanque em couro (R$ 690).

Assista ao vídeo:


Vídeo: Kiko Tokuda/MOTO.com.br
Fotos: Kiko Tokuda/MOTO.com.br e Divulgação/Indian Motorcycle

Ficha Técnica
Indian Scout
Motor Dois cilindros em “V”, 1.133 cc, duplo comando no cabeçote (DOHC) e refrigeração líquida
Diâmetro x Curso 99mm x 73.6mm
Taxa de compressão 10.7:1
Capacidade 1.133 cm³
Potência Máxima 100 cv (rotação não divulgada)
Torque Máximo 9,96 kgf.m a 5.900 rpm
Sistema de Alimentação Injeção Eletrônica
Partida Elétrica
Câmbio 6 velocidades
Embreagem Multidisco banhada a óleo
Transmissão final Correia dentada
Suspensão
Dianteira Garfo telescópico com tubos de 41 mm e 120 mm de curso
Traseira Duplo amortecedor com 76 mm de curso e ajuste na pré-carga na mola
Freios
Dianteiro Disco simples de 298mm, com pinça de dois pistões e ABS
Traseiro Disco simples de 298mm com pinça de um pistão e ABS
Rodas Liga leve - 15 raios - 16" x 3.5" (D) e 16" x 5" (T)
Pneus
Dianteiro 130/90-16 72H
Traseiro 150/80-16 71H
Quadro Triangular em alumínio
Comprimento 2.311 mm
Altura do Assento 635 mm
Distância Mínima do Solo 135 mm
Distância entre-eixos 1.562 mm
Tanque de Combustível 12,5 litros
Peso (em ordem de marcha) 257 Kg
Cores: Preta, prata e vermelha
Preço R$ 54.990

TEXTO: Aldo Tizzani / Agência INFOMOTO


Fonte:
Equipe MOTO.com.br / Agência Infomoto

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