Teste: Honda Pop 110i circula pelo barato de SP

Motoneta da marca japonesa oferece estilo e praticidade para quem precisa se deslocar em grandes cidades

Por Aladim Lopes Gonçalves

Cícero Lima

Modelo de entrada da Honda e quarta moto mais vendida do País, a Pop foi renovada para 2016. Apesar do face-lift no controverso design, a mudança mais significativa foi a adoção do novo motor com 109,1 cm³, agora alimentado por injeção eletrônica. Batizada de Pop 110i, a moto mais barata da fábrica japonesa agora custa R$ 5.100.

Direcionada a um público de baixa renda que procura um meio de locomoção confiável e econômico, decidimos avaliar as novidades da Pop 110i em uma complicada missão: rodar mais de 150 km pelas ruas de São Paulo (SP) e se divertir com pouca grana. Para alcançarmos nosso objetivo tínhamos apenas R$ 50 no bolso para gastar nos passeios, comer, comprar alguma lembrança e ainda abastecer a moto.

O melhor pastel da cidade
Pastel de feira é praticamente uma instituição da capital paulista. Há até mesmo concursos para eleger qual o melhor. Um dos premiados é o da Barraca da Maria, na feira livre realizada às terças e quintas-feiras na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu. Por R$ 4 pode-se escolher diversos sabores. Com dois pastéis e um caldo de cana (R$ 4) o almoço estava garantido. Na ponta do lápis gastei R$ 12 na Barraca da Maria.

Estacionar a Pop na frente da barraca foi tranquilo. Pequena, mede 1,84 m de comprimento, 0,74 m de largura e pesa somente 87 kg. Também pudera: a Pop abre mão de diversos itens que pesam, no bolso e na moto. Não há partida elétrica, nem cavalete central e as pedaleiras da garupa são fixadas diretamente na balança traseira.

Sua simplicidade reflete-se em facilidade de manobrar e suas dimensões reduzidas ajudam a driblar o trânsito a caminho do próximo destino.

A caminho do Ibirapuera
Quem vem para São Paulo, deve conhecer um dos points preferidos dos paulistanos: o Parque do Ibirapuera. Eleito pelo jornal britânico "The Guardian", como um dos melhores parques urbanos do mundo, o “Ibira” convida à prática de esportes e aos roteiros culturais, por conta dos museus e obras ao ar livre. É possível caminhar ou alugar uma bike (por R$ 5 por hora) em uma das poucas áreas verdes da capital. A má notícia e que não deu tempo para dar um rolé de bicicleta. A boa é que, embora limitadas, há vagas demarcadas e gratuitas para motocicletas. No caso da Pop 110i, há uma trava lateral no guidão.

Arte moderna
O turista que visita a capital paulista não pode reclamar que faltam eventos culturais - e quem vem a passeio pode aproveitar boas promoções. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), por exemplo, oferece entrada gratuita às terças-feiras. O local abriga um dos acervos mais valiosos da América Latina e sempre acontecem boas exposições itinerantes. Só o edifício projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, tem um dos maiores vãos livres do mundo, já vale a visita.

Localizado na Av. Paulista, em um dos pontos mais altos da cidade, nossa ida ao MASP exigiu muito do novo motor da Pop 110i. Equipada com câmbio de quatro marchas, semelhante ao da Biz, a Pop, porém, não tem embreagem semiautomática. É preciso acionar o manete para trocar de marchas ou mesmo arrancar com a moto.

Mas foi enfrentando a ladeira da Rua Manuel da Nóbrega que o novo propulsor mostrou suas vantagens. O torque aumentou de 0,74 kgf.m para 0,9 kgf.m, uma diferença de quase 20% que faz toda a diferença na hora de encarar ladeiras íngremes ou transportar alguém na garupa.
No semáforo, bastava “queimar” um pouco a embreagem para sair à frente dos carros. Era até possível engatar a segunda marcha, mas o garupa era obrigado a se segurar firme.

É hora do Rock
Depois do nosso passeio cultural, era hora de conhecer um pouco do Centro Velho de Sampa. Para chegar lá foi preciso descer até a Avenida Nove de Julho e encarar alguns buracos. O modelo não teve mudanças na suspensão e o sistema mostrou suas limitações – pois estava com o garupa e com peso bem acima dos 150 kg – que é a capacidade máxima. A traseira usa dois amortecedores que oferecem o curso de 83 mm, dependendo da carga e das condições do piso o garupa vai sentir a pancada.

As galerias são atrações conhecidas de quem caminha pelos calçadões do Centro Velho. Mais famosas no passado, elas ainda mantêm seu charme. Uma das mais populares é a chamada Galeria do Rock, um bom exemplo da cultura cosmopolita de São Paulo. Em seus seis andares há diversas lojas de discos, de skate, estúdios de tatuagens e salões para cuidar do penteado afro. Quem se empolgar pode encontrar um disco de rock a partir de R$ 25, mas o problema é a falta de espaço para carregar.

Na Pop 110i não há espaço sob o banco e nem bagageiro: o jeito é usar sempre uma mochila. Embaixo do banco só tem a tampa do tanque (com capacidade para 4,2 litros) e o estojo de ferramentas. Por falar em banco, ele não precisa mais ficar travado por um apoio durante o abastecimento, o que era bem incômodo no modelo anterior.

Neste anda-e-para foi possível perceber que a injeção eletrônica fez muito bem para a moto, principalmente na hora de ligar. Basta uma leve “pedalada” que o motor entra em funcionamento sem engasgos e nos congestionamentos mantém a marcha-lenta sem alterações.

Zona Leste fomos nós!
No extremo da Zona Leste está um novo símbolo de São Paulo: a Arena Corinthians. Distante 25 km do centro da capital exige que o visitante tenha paciência para encarar 45 minutos de metrô ou trem (R$ 7,00 a passagem de ida/volta) à partir da Estação da Luz. De moto, chega-se mais rápido e gastando-se menos - ponto para a Pop 110i.

Chegamos em frente a enorme construção, sede da abertura da Copa do Mundo de 2014, que mostra a paixão do povo pelo futebol.
O consumo de combustível foi o ponto positivo nesta avaliação. No total rodamos 155 km e gastamos com gasolina R$ 10,61 (R$ 2,99, o litro). Assim, a média foi de 43 km/litro, número bem favorável para quem precisa gastar pouco.

Conclusão
Em um dia foi praticamente possível cruzar a cidade de São Paulo, do centro à Zona Leste. A maioria foi programa gratuito e a Honda Pop 110i mostrou ser uma grande companheira nessa missão de se divertir com economia. Afinal, de ônibus não teria tempo de conhecer todos os lugares. A motinho é leve e fácil de pilotar. Além disso, o modelo não é frágil como parece e tem a seu favor um baixo custo de manutenção e garantia de três anos. O ponto forte mostrou mesmo ser a economia de combustível. Se optássemos pelo transporte público para realizar este tour nosso gasto seria de R$ 21, ou seja, quase o dobro! Além de gastar mais, com certeza não teríamos tempo de descobrir tanta coisa de São Paulo em apenas um dia gastando só R$ 47,61 com gasolina, pastéis, caldo de cana e um disco de lembrança.

Ficha Técnica
Honda Pop 110i

Motor OHC, um cilindro, arrefecido, 109,1 cm³
Diâmetro x curso 50,0 x 55,6 mm
Taxa de compressão 9.3 : 1
Potência máxima 7,9 cv a 7.250 rpm
Torque máximo 0,90 kgf.m a 5.000 rpm
Câmbio quatro marchas
Transmissão final Corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida A pedal
Quadro Monobloco em aço
Suspensão dianteira Garfo telescópico convencional com 100 mm de curso
Suspensão traseira Balança com dois amortecedores e 83 mm de curso
Freio dianteiro A tambor 110 mm
Freio traseiro A tambor 110 mm
Pneus 60 / 100 – 17 (diant.) e 80 / 100 – 14 (tras.)
Comprimento 1.843 mm
Largura 745 mm
Altura 1.033 mm
Distância entre-eixos 1.234mm
Distância do solo 141 mm
Altura do assento 749 mm
Peso a seco 87 kg
Tanque de combustível 4,2 litros
Cores Preto, Vermelho e Branco
Preço R$ 5.100


Fonte:
Agência Infomoto

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