Teste: Ducati Multistrada mais moderna e potente
Aventureira da marca italiana tem comando de válvulas variável, 160 cavalos de potência e muita eletrônica
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Aldo Tizzani
Um dos modelos mais vendidos e versáteis da Ducati, a sport-adventure Multistrada 1200 foi completamente reformulada para este ano. Ganhou um visual mais agressivo, recebeu um motor inédito e mais tecnologia embarcada. Melhorias que a deixaram mais potente, versátil e amigável.
A principal inovação da aventureira italiana é, sem dúvida, o motor Testastretta DVT, agora com comando de válvulas variável. O pacote eletrônico também foi aprimorado: além dos modos de pilotagem, controle de tração e freios ABS, a Multistrada conta com piloto automático, assento com regulagem de altura e faróis de LED. Fomos à Lanzarote, nas Ilhas Canárias, acelerar essa novidade da Ducati.
Motor DVT
Usina de força. Assim podemos definir o comportamento do motor Testastretta DVT – um bicilíndrico em “L”, duas válvulas por cilindro, 1198,4 cm³ de capacidade e com arrefecimento líquido – que equipa a nova Multistrada. Mecanicamente, o DVT permite controlar de forma independente a abertura das válvulas de admissão e escape. Na prática, o sistema DVT garante um funcionamento mais linear em baixas rotações, porém sem prejudicar o desempenho em altos giros.
Como resultado o novo motor tem mais torque e potência. São 10 cv a mais que a versão anterior: 160 cv de potência máxima a 9.500 rpm. O torque, aumentado em cerca de 10%, agora é de 13,9 kgf.m a 7.500 giros. Com os ajustes e novas tecnologias, a Ducati deixou a moto menos brusca, já que 78% do torque já está disponível a apenas 3.500 rpm. Segundo a marca italiana, apesar dos novos parâmetros, a Multistrada ficou 8% mais econômica.
Modos de pilotagem
A Multistrada 1200 oferece quatro modos de pilotagem: Sport, Touring, Urban e Enduro. Capaz de transformá-la em quatro motos diferentes de acordo com o estilo de pilotagem e o piso enfrentado.
No Sport, adrenalina pura, como diz o nome, pois o motor libera os 160 cv de potência máxima, com intervenção mínima do controle de tração, sistema anti-wheeling (que impede empinadas) e o moderno freio ABS. Já no Modo Touring, os mesmos 160 cv são liberados, porém de uma forma mais progressiva – com toda a eletrônica mais atuante.
Para rodar na cidade, há o Modo Urban, no qual a potência é reduzida e limitada a 100 cv. Assim a moto fica mais “domável” para pilotar em velocidades menores e a eletrônica atuando de forma a garantir a segurança do piloto. Para rodar no fora-de-estrada, o Modo Enduro da Multistrada 1200 DVT mantém a potência em 100cv, porém entregue de forma mais linear, facilitando ainda mais o controle.
Nova ciclística
Além da nova geração do motor e da eletrônica embarcada, a aventureira italiana apresenta uma ciclística bastante equilibrada, com distribuição de peso igual entre as rodas. O quadro em aço tubular, do tipo treliça – uma assinatura em metal da Ducati – “amarra” motor, suspensões e freios, privilegiando agilidade e estabilidade.
Isso se deve a adoção do sistema Ducati Skyhook Suspension (DSS), que ajusta eletronicamente e em tempo real as suspensões Sachs - garfo telescópico invertido, na dianteira, e monoamortecedor, na traseira. Espécie de suspensão ativa, a tecnologia DSS analisa dados fornecidos pelos sensores e calcula a atuação do amortecimento para obter o melhor resultado na absorção de impactos.
Somam-se ao conjunto, os freios ABS 9.1ME da Bosch de última geração, que não só evitam o bloqueio das rodas, como evitam que a roda traseira levante em frenagens mais fortes.
Primeiras impressões
De cara a moto impressiona por sua identidade visual, linhas agressivas, mas requintadas. Ao subir na Multistrada 1200 o piloto é convidado para uma “grande viagem”, basta olhar para o painel LCD e comandos no punho esquerdo. Antes de dar a partida na máquina italiana, a ergonomia e o conforto surpreendem, mesmo para pilotos com baixa estatura, como eu (1,72 m).
Após dar o “start”, o ronco médio-grave é inconfundível. Era hora de acelerar pelas retas e contornar as curvas do excelente asfalto da Ilha de Lanzarote, cercada pelo Oceano Atlântico e com exóticas formações vulcânicas. Ou seja, um belíssimo visual e ideal para um test-ride.
De início, optei pelo modo Touring, mais comportado, porém com 160 cv à disposição. A pilotagem é intuitiva, com potência à vontade para girar o acelerador e, como de praxe, uma aptidão nata para devorar curvas, seja em médias, seja em altas velocidades.
Já habituado com a nova Multistrada era hora de girar o acelerador com vontade. Fiquei mais empolgado ainda quando vi ao meu lado Carlos Checa, veterano piloto da MotoGP e que hoje trabalha no desenvolvimento de produtos da Ducati. Com o modo Sport selecionado, a Multistrada oferece um dueto - motor e ciclística - de causar inveja a muita superesportiva. A moto inclina quase sem limite, despejando toda a potência. Pura emoção! O que ajudou no desempenho foi a adoção dos pneus Scorpion Trail, da Pirelli, que oferecem bom aderência. Apesar do desenho de perfil mais estradal, se comportou bem mesmo quando exigido em estradas de chão batido.
A Multistrada 1200 DVT combina as qualidades de uma big-trail, com a precisão ciclística da Ducati e a esportividade do motor de 160 cavalos, um dos mais potentes de sua categoria.
Conclusão
Desde seu lançamento em 2010, a Multistrada evoluiu, e muito. Motor, ciclística, ergonomia, conforto, estilo e, principalmente, tecnologia embarcada. Hoje, a moto oferece esportividade e versatilidade, porém sem ser ríspida e intimidadora. A sport-adventure da Ducati não dá medo, simplesmente instiga a dupla piloto/moto a buscar o limite. E para conter este ímpeto radical os sistemas de segurança ativa e passiva entram em cena.
Com certeza, a Ducati Multistrada 1200 DVT é uma das motos mais completas e versáteis já fabricadas pela marca italiana. Pode fazer longas viagens, participar de track-days ou até circular por estradas de chão batido. A má notícia e que a Multistrada DVT só deverá chegar ao País em 2016 e subsidiária brasileira ainda não definiu o preço.
Ficha Técnica
Ducati Multistrada 1200 DVT
Motor Dois cilindros em “V” a 90°, quatro válvulas por cilindro e refrigeração líquida
Capacidade cúbica 1198,4 cm³
Diâmetro x curso 106 x 67.9mm
Taxa de compressão 12,5:1
Potência máxima 160 cv a 9.250 rpm
Torque máximo 13,9 kgf.m a 7.500
Câmbio Seis marchas
Transmissão final Corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Treliça em tubos de aço
Suspensão dianteira Garfo telescópico invertido Sachs de 48 mm de diâmetro com 170 mm de curso totalmente ajustável
Suspensão traseira Monobraço em alumínio regulável na précarga com 170 mm de curso
Freio dianteiro Disco duplo de 320 mm de diâmetro com pinças radiais Brembo de quatro pistões e ABS
Freio traseiro Disco simples de 265 mm de diâmetro com pinça de dois pistões e ABS
Pneus 120/70-R17 (diant.)/ 190/55-R17 (tras.)
Comprimento 2.190 mm
Largura 1.000 mm
Altura 1.495 mm
Distância entre-eixos 1.529 mm
Altura do assento 825/845 mm
Peso em ordem de marcha 232 kg
Peso a seco 209 kg
Tanque de combustível 20 litros
Cores Vermelha e Branca
Preço sugerido N/D
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