Naked Kawa resgata mítico motor de 750cc
Com design agressivo, Z 750 tem quatro cilindros em linha e mais de 100 cavalos de potência.
Por Roberto Brandão
Por Roberto Brandão
Arthur Caldeira
Foi uma naked de 750cc que mudou o cenário mundial das motocicletas há quatro décadas. Em 1969, a Honda apresentava a CB 750, que marcou o início do domínio japonês no mercado de duas rodas e o consequente ocaso das tradicionais marcas européias. Agora 40 anos depois, desembarca no Brasil outra 750cc de origem japonesa: a Kawasaki Z 750.
Nem se compara ao impacto causado pela CB 750, eleita a moto do século passado, porém essa japonesa, além de chegar para disputar o acirrado segmento naked de média cilindrada, faz parte da primeira gama de modelos importados oficialmente pela Kawasaki do Brasil. A Z 750 traz motor de maior capacidade cúbica e design agressivo para enfrentar as já consagradas nakeds Honda CB 600F Hornet e Yamaha FZ-6N.
Design diferenciado
No melhor estilo streetfighter (lutadora de rua, em inglês), em vez do tradicional farol redondo, a Kawa Z 750 conta com conjunto óptico com recortes angulosos e uma pequena carenagem na cor da moto que, no caso da unidade avaliada, era verde Kawasaki com detalhes em preto.
Mais que o motor à mostra, chama atenção a ponteira de escapamento em formato triangular. De tão inusitada, faz muitos pensarem que se trata de um item de personalização. Assim como a rabeta mínima com sua lanterna de LEDs e os espelhos de linhas retas. Enfim, harmoniosa de cabo a rabo, a Z 750 é uma moto bonita de se olhar – e, convenhamos, beleza nas motos também é fundamental.
Motor liso
Assim como fundamental nessa categoria naked é um motorzão que funcione “redondo”. Adaptado às condições brasileiras, o propulsor de quatro cilindros em linha, oito válvulas (quatro por cilindro), comando duplo no cabeçote (DOHC) com refrigeração líquida acelera de forma impressionante. Resultado da bem acertada injeção eletrônica e do torque máximo de 8,00 kgf.m já a 8.000 rotações. Desempenho que faz a Z 750, literalmente, saltar na frente das concorrentes em acelerações – faz de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos.
Por outro lado, sua potência maior de 106 cavalos (4 cv a mais que a Honda Hornet) a 10.500 rpm não resulta em uma velocidade final muito superior. Na pista de teste, atingiu 234 km/h no belo painel digital, porém a velocidade real foi de decepcionantes 214 km/h. Não que a Z 750 seja uma moto lenta, porém com motor de maior capacidade e pinta de moto esportiva, esperava que “andasse” mais que as concorrentes.
Ciclística e pilotagem
Depois de algum tempo com essa Kawa Z 750 na pista de teste, outra surpresa desagradável: apesar da proposta urbana e versátil inerente às nakeds, o banco tem espuma estreita e dura, cansando o piloto. Pior ainda deve ser a garupa que tem apenas um pedaço de espuma para se acomodar e não conta nem mesmo com alças de apoio.
Apesar do banco, o piloto fica em posição ereta e confortável. A Z 750 aposta em um guidão mais largo que outras motos da categoria. Certamente para compensar o reduzido ângulo de esterço do modelo, que dificulta manobras em baixa velocidade. Atrapalha também seu peso mais elevado (203 kg a seco) em relação à Hornet (173 kg a seco), por exemplo.
Já o desenho do tanque e a posição das pedaleiras fazem com que o motociclista se encaixe perfeitamente nessa naked Kawasaki. Com o potente motor à disposição, senti-me à vontade para “abusar” da Z 750. Nas retas era pura diversão ver o conta-giros de leitura analógica crescer na escala e a velocidade aumentar no velocímetro digital.
Até aí tudo “quase” perfeito. Não fosse pela decepção com essa Kawasaki nas curvas. Apesar das boas especificações - garfo invertido (upside-down) com regulagem da pré-carga, na dianteira, e balança monoamortecida, na traseira -, o acerto das suspensões na unidade testada estava “mole” demais. Bastava deitar que a frente balançava, girava o acelerador e o torque do motor fazia a roda traseira querer escapar nas curvas. Talvez com uma regulagem melhor esses sintomas possam ser minimizados. Vale lembrar que as rivais Honda Hornet e Yamaha FZ-6N não trazem ajustes no garfo dianteiro, mas nem por isso transmitem instabilidade nas curvas.
Porém, os freios da Z 750 merecem destaque. Além de belos discos no formato margarida, duplo na frente e simples atrás, proporciona uma frenagem eficiente e segura. Estão totalmente de acordo com o desempenho da motocicleta, sendo um dos pontos fortes do modelo.
Dessa forma, “sambando” nas curvas, acelerando para valer nas retas e freando com eficiência, a Kawa Z 750 chega ao Brasil com seu design agressivo para enfrentar uma dura concorrência. Uma luta ainda mais difícil se considerarmos que a naked da Kawasaki tem preço superior: R$ 39.990 contra R$ 35.000 da Hornet e R$ 32.200 da FZ-6N.
FICHA TÉCNICA:
Motor: Quatro cilindros, quatro válvulas por cilindro, DOHC, com refrigeração líquida
Capacidade: 748 cm³
Diâmetro x Curso: 68,4 x 50,9 mm
Taxa de compressão: 11,3 :1
Potência máxima: 106 cv a 10.500 rpm
Torque máximo: 8,00 kgf.m a 8.300 rpm
Câmbio: 6 marchas
Quadro: Espinha dorsal tubular em aço
Transmissão final: Corrente
Alimentação: Injeção eletrônica
Suspensão dianteira: Garfo telescópico invertido (upside-down) com regulagem da pré-carga da mola e 120 mm de curso
Suspensão traseira: Balança monoamortecida com amortecedor a gás e regulagem de 7 posições na pré-carga da mola e 125 mm de curso
Freio dianteiro: Disco duplo de 300 mm de diâmetro em forma de margarida e pinça de pistão duplo
Freio traseiro: Disco simples de 250 mm de diâmetro em forma de margarida e pinça de pistão simples
Pneu dianteiro: 120/70 ZR 17
Pneu traseiro: 180/55 ZR 17
Comprimento: 2.085 mm
Largura: 805 mm
Altura: 1.100 mm
Altura do assento: 815 mm
Distância entre eixos: 1.440 mm
Tanque de combustível: 18,5 litros
Peso: 203 kg
Cores: azul, preta e verde
Preço: R$ 39.990,00
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