Brutalidade à flor da pele

Com vocês, a MV Agusta Brutale 910S, fabricada com o que há de melhor no mercado de motos.

Por Leandro Alvares

Arthur Caldeira

Estava ansioso. Iria acelerar pela primeira vez uma motocicleta da lendária marca italiana MV Agusta, a Brutale 910S.

Antes de experimentar suas tão aclamadas qualidades como moto, fiquei paralisado por alguns minutos para admirar suas linhas dignas de uma obra-de-arte.

Nascida como uma moto conceito em 2000, na prancheta de Massimo Tamburini, o mestre italiano do design, a Brutale foi um marco na indústria de duas rodas: design revolucionário e soluções engenhosas fazem dela uma naked mais que exclusiva.

A começar pelo farol que, como quase todas as peças dessa MV Agusta, é diferente de tudo disponível no mercado. Tão diferente que faltam adjetivos para descrevê-lo. Excêntrico, alongado, parabólico... E, acima, de tudo eficiente.

O designer Tamburini preza pela forma, mas também pela funcionalidade. Foi feito um estudo para que o feixe de luz fosse o mais abrangente possível.

Ao girar a chave, enquanto o módulo faz a verificação do sistema eletrônico da Brutale, o número que aparece na tela de cristal líquido do painel impressiona: 299 km/h. O conta-giros também assusta: traz uma escala até 15.000 rpm.

Música para os ouvidos  

O barulho do motor de quatro cilindros em linha, de exatos 909 cm³, 16 válvulas radiais, refrigeração líquida e injeção eletrônica fica um pouco embaralhado em marcha lenta. Engato a primeira marcha com ajuda da embreagem de acionamento hidráulico. Acelero, a Brutale urra. Os giros crescem de forma vertiginosa e o velocímetro marca mais de 80 km/h em poucos segundos. Tudo fica para trás em um piscar de olhos. E o “grito” do motor transforma-se em música para os ouvidos. Entendo então por que é comparado ao ronco de uma Ferrari, que auxiliou no seu desenvolvimento.

Engato a segunda marcha. Agora giro o acelerador com mais ímpeto. A roda da frente sai do chão. A obra-de-arte vira uma fera, despejando toda sua força bruta na roda traseira.

O torque máximo de 9,8 kgf.m chega somente a 8.000 rpm. Mas vale dizer que tal rotação não á nada para o motor desta naked. Ele chega lá fácil, fácil. Sobe de giros mais rapidamente que muitas esportivas de 1000cc. Racing. Assusta quem tenta esticá-lo até as 11.000 rotações, quando os 139 cv de potência máxima são produzidos.

Em termos de velocidade final não supera as esportivas. Até porque chegar aos 262 km/h (declarados pela fábrica) já é tarefa difícil em uma moto naked, sem proteção aerodinâmica. Mas antes disso, até os 140 km/h, 180 km/h tem uma aceleração incrível, bestial. Fácil entender a escolha do nome Brutale.

De grife

Para “tentar” controlar a brutalidade dessa MV Agusta, o piloto vai bem inclinado, quase encaixado ao tanque — desenhado com esse propósito. As pedaleiras bem recuadas contribuem para a sensação de que você “veste” a Brutale 910S.

O guidão convencional mostra que, apesar do caráter esportivo do motor, estamos pilotando uma naked. Aquela moto ideal para o domingo: seja para viajar em estradas sinuosas, ou mesmo para um uma volta com os amigos pela cidade.

O quadro treliça em cromo-molibdênio transmite estabilidade e confiança para o piloto. Aliás, toda a ciclística de grife dessa MV Agusta merece elogios. Vamos às marcas: rodas Brembo de alumínio forjado; freio com pinças Nissin na dianteira; garfo telescópico invertido Marzocchi de 50 mm de diâmetro em material de última geração; monobraço traseiro em liga de alumínio com amortecedor Sachs — ambos os conjuntos de suspensão totalmente ajustáveis.

A somatória de todos esses nomes resulta em uma moto estável que dá ao piloto a confiança necessária para abusar no acelerador, um dos mais sensíveis que jamais experimentei. Com o motor roncando e instigando a acelerar a difícil missão do piloto é manter a velocidade em níveis legais.

Para poucos

O resultado dos milhares de euros em tanta exclusividade é o alto preço da MV Agusta Brutale 910S: R$ 78.900,00. Elevado se comparado à concorrência, porém as motos da marca italiana também ficam acima da média em diversos aspectos.

Mas não é apenas o preço que faz da Brutale uma moto para poucos. Sua “personalidade” também. Se o seu ideal de moto é uma “estradeira”, bem relaxada, essa não é sua moto. Feita para quem tem alma radical e curte pilotar esportivamente, essa MV Agusta vai fazer aflorar ainda mais sua paixão por esportividade.

Ficha Técnica

Motor: Quatro cilindros em linha, 16 válvulas, DOHC, com refrigeração líquida
Capacidade cúbica: 909 cm³
Potência: 139 cv 11.000 rpm
Torque: 9,8 kgf.m a 8.000 rpm
Câmbio: 6 velocidades
Alimentação: Injeção eletrônica Weber Marelli
Quadro: Treliça em cromo-molibdênio
Suspensão dianteira: Telescópica invertida (upside-down) Marzocchi com 50 mm de diâmetro e 126 mm de curso, com ajuste de pré-carga da mola, retorno e compressão
Suspensão traseira: Monoamortecedor Sachs fixado à balança por link, com curso de 120 mm e ajuste de pré-carga da mola, retorno e compressão
Comprimento: 2.020 mm
Largura: 760 mm
Altura: não informada
Distância entre eixos: 1.410 mm
Altura do banco: 805 mm
Tanque de combustível: 19 litros
Peso (a seco): 185 kg
Freio dianteiro: Duplo disco flutuante de 310 mm com pinças de seis pistões Nissin
Freio traseiro: Disco simples de 210 mm, com pinça de 4 pistões
Pneu dianteiro: 120/65 – 17
Pneu traseiro: 190/50 – 17
Cores: Laranja, prata e vermelha
Preço Sugerido: R$ 78.900,00 (sem frete)   

Fotos: Mario Villaescusa.


Fonte:
Agência Infomoto

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