Os cenários da América do Sul
Confira o texto da semana de Rodrigo Schmiegelow, que fez uma longa viagem de moto pela América do Sul no ano passado
Por Gabriel Carvalho
Por Gabriel Carvalho
Cada estrada da publicação anterior me levava a um lugar diferente. E foi impressionante como em 14 mil quilômetros pelo Sul da América vi tantos cenários diferentes.
Essa distância parece pequena quando paro para pensar que passei por desertos, florestas, litorais, montanhas, planícies.Foram mais de 140 cidades de tudo quanto é tamanho.
Minha primeira parada oficial foi no PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira), onde com uma guia turística conheci cavernas que chegam a ter mais de 12 Km de extensão.
Já começou surpreendente!
Cidades no estilo alemão como Brusque, Blumenau e Pomerode são encontradas em todos esses países, é só ter uma serra com clima mais ameno que aparecem as casas no estilo Europa Ocidental.
Além dessas no Brasil, passei por Villa General Belgrano, San Martín de Los Andes e Bariloche na Argentina, além Frutillar Bajo no Chile, isso só as que parei, tinham várias outras por lá.
Aproveitando o gancho do início da Patagônia Argentina conheci uns 4 dos 7 lagos que ficam entre San Martin e Bariloche. Lagos gigantes com montanhas criando cenários espetaculares.
Comentei sobre o assunto na publicação anterior, mas foi uma das experiências mais incríveis que tive na viagem toda: um ser minúsculo em uma moto em meio às montanhas que chegam a quase sete mil metros de altitude - caso do Aconcágua, que só vi de longe mais surpreendeu mesmo assim.
Mas nem só de natureza vive um viajante.
Passei por Mendoza, Rosario, Montevideo, Santiago, Concepción, todas cidades médias e grandes, mas que chamavam a atenção pelo planejamento das vias e arborização, presente também nas cidades pequenas.
Tive sorte ao passar uma noite em Salsacate, na Argentina, bem no dia do aniversário do vilarejo aproveitando alguns shows, apresentações e barracas de comida na praça central com a igreja matriz, assim como no Brasil, presente em todas as cidades pequenas por onde passei.
Passei alguns dias em um vilarejo de apenas 4 casas, essa também é uma longa história que conto melhor no livro que estou escrevendo, mas uma tempestade que desmoronou boa parte das estradas me deixou ilhado acampando no quintal de uma família que me acolheu por 4 noites.
Teve muito litoral sim. Começo com os encantos do litoral Brasileiro com a Praia do Rosa e região, que era vila de pescadores há uns 20 anos e agora é point litorâneo do Sul do Brasil.
Por lá conheci algumas meninas que viajam por mais de sete horas em todas as oportunidades que surgem (férias, feriados, finais de semana prolongados) para sair do interior do Rio Grande do Sul e aproveitar o litoral Catarinense.
Muito se fala de Punta del Este, mas já pensou em conhecer Punta del Diablo, Valizas, Cabo Polônio, La Pedrera e região?
Todas com suas particularidades, mas cidades um pouco mais rústicas do litoral uruguaio onde no verão há um pôr do sol espetacular: o pessoal chama até de Golden Hour, que é mais ou menos às 17h, quando o sol já baixo deixa tudo alaranjado.
No Uruguai também me surpreendi com Punta Colorado, Piriápolis, Cuchilla Alta e várias outras cidades entre Punta del Este e Montevidéu. Cidades charmosas, cheias de curvas e casas baixas com praias maravilhosas.
Antes de chegar na Patagônia passei por diversas cidades mineradoras em um tipo de deserto Argentino: Zapala, Chos Malal, Malargue e algumas outras bem parecidas e com muitas surpresas pelas estradas que as ligavam, foram cânions com pedras pretas, pontes antigas, penhascos e lindas montanhas.
No Deserto do Atacama rodei quilômetros e quilômetros em meio a uma terra arenosa muito seca, mas que mesmo assim formavam algumas montanhas muito bonitas (ah, a terra formando os cenários porque as estradas são ótimas).
Neste trecho também passei por uma praia de água azul turquesa que apareceu no horizonte sem eu nem imaginar.
E a região de San Pedro do Atacama com as várias opções com belezas naturais como o Valle de La Muerte (ou Valle de Marte), as regiões Altiplanicas que foram incríveis em 4.200 metros de altitude, e os geysers que soltavam vapor de água todas as manhãs.
Aqui é um resumo do resumo, poderia escrever por páginas e páginas cada uma dessas regiões e as experiências que tive nelas, mas aí não ia acabar nunca este texto aqui.
Deixei por último uma experiência que me surpreendeu muito em Puerto Varas no Chile.
Cheguei na cidade em um dia nublado com pouco visibilidade do segundo maior lago do Chile, o Llanquihue, de repente, de uma hora para outra mesmo, o tempo abriu revelando o Vulcão Osorno em seu horizonte, lindo, com glaciares no cume (para mim, neve), surpreendente.
E só consegui passar por todos esses lugares, com flexibilidade para mudar o rumo ou parar em uma cidade minúscula em meio a natureza porque estava de moto.
Sou Rodrigo Schmiegelow, publicitário e nômade digital viajando enquanto alimento o meu projeto O Mundo em Lanches. Meus textos anteriores estão aqui, aqui e aqui.
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