Uma italiana para qualquer estrada

Testamos com exclusividade a Ducati Multistrada, que alia motor esportivo a versatilidade de uso.

Por Leandro Alvares

Arthur Caldeira

De cara, o slogan da Ducati Multistrada — “a moto esportiva completa” — desperta em qualquer motociclista o desejo de acelerá-la. Mas como slogans nem sempre se confirmam na realidade, restava a dúvida de como se comportaria essa “superesportiva” com uma proposta versátil da fábrica de Borgo-Panigale.

Agora que a Multistrada 1100 DS desembarcou por aqui, ao preço de R$ 62.900, pudemos testar o slogan dessa italiana nas estradas brasileiras.

Uma marca que detém recorde de títulos no Campeonato Mundial de Superbike não poderia decepcionar no quesito desempenho. Já nos primeiros quilômetros com a Multistrada 1100 DS percebe-se o DNA racing do V2 a 90° de 1078 cm³, refrigerado a ar, com duas velas por cilindro.

Em baixas rotações tem-se a falsa impressão que falta fôlego ao motor. Ledo engano. Girando o acelerador o propulsor desperta e mostra a que veio. O famoso (e exclusivo) comando de válvulas desmodrômico da Ducati entra em ação e os 95 cavalos de potência máxima surgem nas 7.750 rpm.

A entrega de potência é bastante suave e linear, sem sustos ao piloto. O torque em baixas rotações também é digno de elogios, atingindo seu par máximo de 10,5 kgf.m já nas 4.750 rpm.

Não exagero em afirmar que esses dois cilindros em “L” comportam-se diferentemente da grande maioria das motos que tinha acelerado antes. Seu ronco, seu comportamento, tudo parecia novo. E também incrivelmente prazeroso. Ao entrar na estrada e acelerar para valer, até me esqueci das freqüentes críticas ao design da família Multistrada. Ela é muito mais gostosa de pilotar do que de se olhar.

Apesar de vibrar bastante, uma característica dos V2 de grande capacidade, a Ducati conseguiu isolar o motociclista nessa última versão da Multistrada, com novos suportes de borracha no guidão e na mesa de direção. Em velocidades altas demais para nossas estradas, ela volta a incomodar. Porém, ajudam a lembrar que rodar acima de 200 km/h em vias públicas é ilegal no Brasil.

Viagens longas e rápidas

O slogan que a Ducati criou para o modelo justifica-se principalmente na hora de pegar a estrada. Equipada com um motor de caráter esportivo, a Multistrada 1100 DS oferece bastante conforto para o piloto.

A posição de pilotagem bem ereta e o banco bem largo, além do pára-brisa que desvia o vento, permitem pilotar por mais de duas centenas de quilômetros sem nem sequer pensar em parar a moto.

Diferentemente de motos superesportivas, mesmo após cerca de 250 km, meus punhos não doíam, nem minhas costas e nem minhas pernas. Muito confortável mesmo, além de propiciar uma boa visualização da estrada. Tudo graças à ciclística perfeitamente projetada para a sua proposta.

Com um quadro em treliça, tradicional da Ducati, a Multistrada 1100, porém, tem suspensões de maior curso. Na dianteira, garfo telescópico invertido da marca Showa com 165 mm de curso. Na traseira, um belo monobraço de alumínio com um único conjunto mola-amortecedor Sachs fixado por links. Ambos totalmente ajustáveis.

Mais um ponto positivo para a Ducati, que conseguiu projetar um conjunto de suspensões que absorvesse as imperfeições do solo e, ao mesmo tempo, grudasse a Multistrada no chão em curvas de alta velocidade.

Uma justificativa plausível para seu nome: trata-se de uma moto capaz de percorrer diversos tipos de estradas — sejam as serras sinuosas dos Alpes italianos, uma highway como a Rodovia dos Bandeirantes ou até mesmo uma estrada de terra.

Não que a Multistrada seja uma big-trail, mas consegue encarar sem grandes problemas um caminho de terra batida e até superar alguns (pequenos) buracos sem transmitir insegurança ao piloto. Mérito também dos pneus Pirelli Scorpion Sync, radiais de uso misto, mas com boa aderência também em uma tocada mais esportiva no asfalto.

Depois de muitos quilômetros, constatei que o slogan da Ducati não é apenas uma jogada de marketing. Afinal, a Multistrada é esportiva e versátil ao mesmo tempo. O adjetivo “completa” talvez seja exagero dos italianos, característica, aliás, inerente a esse povo latino da “Vecchia Bota”. Mas que essa italiana é uma moto troppo versatile, muito versátil, para se rodar em qualquer estrada é fato.

Ficha Técnica

Motor: 4 tempos, dois cilindros em “L” a 90°, 4 válvulas, comando Desmodrômico, refrigeração a ar
Capacidade: 1.078 cm³
Diâmetro x curso: 98,0 mm x 71,5 mm
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência máxima: 95 cv a 7.750 rpm
Torque máximo: 10,5 kgf.m a 4.750 rpm
Câmbio: 6 marchas
Transmissão final: por corrente
Alimentação: Injeção eletrônica Marelli
Comprimento total: não informado
Largura total: não informada
Altura: não informada
Distância entre eixos: 1.462 mm
Altura do assento: 850 mm
Peso a seco: 196 kg
Suspensão dianteira: Garfo Telescópic invertido (upside-down) Showa totalmente ajustável
Suspensão traseira: Monobraço em alumínio com um único conjunto mola-amortecedor Sachs totalmente ajustável
Freio dianteiro: Disco duplo semi-flutuante de 320 mm de diâmetro, com pinças de quatro pistões Brembo
Freio traseiro: Disco simples de 245 mm de diâmetro com pinça de dois pistões
Pneu dianteiro: 120/70-ZR17
Pneu traseiro: 180/55-ZR17
Tanque de combustível: 20 litros
Cor: Vermelha
Preço: R$ 62.900

Fotos: Mario Villaescusa.


Fonte:
Agência Infomoto

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