Teste: Honda CB 650F quer retomar a liderança no segmento
Ocupando lugar deixado pela Hornet, novo modelo tetracilíndrico de média cilindrada busca atingir mesmo sucesso de sua antecessora, mas com outra proposta
Por André Jordão
Por André Jordão
André Jordão
A intenção da Honda é bem clara: disponibilizar um modelo mais acessível, tanto no preço, a nova naked tem preço público sugerido a partir de R$ 28.990 (R$ 31.190 com ABS), quanto no “braço”, ela atende os anseios do motociclista que busca um upgrade de potência, mas que encontrava na extinta Hornet mais potência do que podia controlar. Até porque há no line-up da marca japonesa a CB 1000R, agora a representante naked oficial dos apaixonados por aquele soco no estômago causado pelas trocas de marcha com o punho aberto.
Cidade VS Estrada
Se no ronco o motociclista já notará a discrepância de proposta da CB 650F para a Hornet, quando rodar os primeiros quilômetros na cidade ficará claro essa diferença. O motor é capaz de gerar 87 cv de potência máxima a 11.000 rpm com torque máximo de 6,4 kgf.m já a 8.000 rpm – sendo cerca de 80% do torque disponível a 4.000 rpm. Comparada à Hornet (de 102 cv), a nova moto têm menos potência, mas o torque chega mais cedo, o que comprova a proposta de criar uma moto mais acessível ao iniciante e mais econômica no dia-a-dia, já que oferece mais força em giros mais baixos.
Esses números refletem em menos troca de marchas na cidade e, aquele ímpeto esportivo de andar sempre com o “peito” cheio, praticamente desapareceu. Agora, a bordo da CB 650F, o motociclista menos experiente está apto a vestir o equipamento e acelerar sem receio.
O resultado desse processo, além de uma moto mais dócil, é uma economia de consumo. A CB 650F chegou a fazer 20 km/l na cidade e atingiu a expressiva marca de 23.7 km/l na estrada. A contra partida é a perda de potência nas estradas. Os viúvos da Hornet com certeza sentirão esse reflexo nos regimes mais altos, quando a nova CB 650F se mostra bem mais racional – algo comparado ao que Yamaha fez com a FZ6 ao lançar à espartana XJ6.
Resumindo, a CB 650F faz quase tudo que sua irmã mais nova (CB 300R) faz na cidade. Mudanças de direção e slalom entre os carros ficaram mais fáceis, além do piloto não realizar muitas trocas de marcha: é possível passar uma valeta a 30km/h em quinta marcha – a CB 650F tem câmbio de seis velocidades. Já na estrada sente-se menos emoção, mas nada que atrapalhe uma viagem no limite de nossas vias.
Visual agressivo e ciclística
Se na motorização a CB 650F está mais mansa, no visual ela ficou mais agressiva. Moderna, a nova motocicleta traz farol alongado e um tanque (de 17,3 litros) com duas grandes aletas, perfeitas para o visual robusto e responsável por um excelente encaixe das pernas. Na parte traseira, a rabeta com linhas simples são incrementadas por uma lanterna com LEDs.
As pedaleiras, posicionadas para uma legítima “tocada” street, também contribuem para o encaixe das pernas e a ágil troca de marchas. No quesito suspensão, nota-se, novamente, a mudança de público alvo da marca japonesa. Os garfos invertidos (upside-down), presentes na Hornet, deram lugar ao tradicional garfo telescópico na dianteira, com curso de 120 mm e sem ajustes. Na traseira, o monoamortecedor é fixado direto à balança, feita em alumínio. Já o quadro de dupla trave tipo Diamond é feito em aço, material mais pesado do que o alumínio – a CB 650F ABS, versão testada, pesa 194 kg, 6 kg a mais que a aposentada Hornet.
Os freios não trazem nenhuma novidade: dois discos de 320 mm de diâmetro com pistão duplo na roda dianteira e disco único com 240 mm de diâmetro e pinça de pistão simples na traseira. Entretanto, combinados com sistema ABS são mais do que suficientes para frear a CB 650F sem sustos.
A Honda ainda caprichou na saída de escape 4 em 1 com uma bela ponteira curta no centro da moto, o que ajuda a reduzir o centro de gravidade e centralizar a massa. Todavia, o banco em dois níveis, se comparado a sua antecessora, deixa a desejar. Uma hora e meia de estrada e o piloto começa a sentir-se incomodado e o garupa fadigado.
O modelo ainda traz um painel completo e totalmente digital. De fácil leitura, traz velocímetro, tacômetro, relógio, medidor gráfico de combustível, hodômetros parcial e total. No entanto, falta um indicador de marcha.
Conclusão
Após uma semana com a motocicleta, entre cidade e estrada, a conclusão é um tanto óbvia. Se o motociclista busca esportividade, vale investir mais e montar na CB 1000R – ou quem sabe espera por um modelo de 800 cc, que vale dizer não é discutido nos bastidores da Honda. Mas se a intenção é ter um motor de quatro cilindros, com fôlego de sobra na cidade e um visual de chamar a atenção, a CB 650F vai com certeza atender a expectativa.
Vale salientar que a previsão anual de vendas da Honda para a CB 650F é de 4.000 unidades. Ousada, considerando que a Hornet emplacou 2.574 unidades em 2014, ficando abaixo da Yamaha XJ6 com 3.335 emplacamentos, segundo dados da Fenabrave. Esses números esclarecem a intenção da Honda com a nova CB 650F: retomar a liderança do segmento!
Perfil médio: Homem, 25 a 35 anos, casado, sem filhos, com garagem em casa e no trabalho, morador de São Paulo e com residência em região razoável (bairro da zona sul ou zona oeste, por exemplo).
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