Teste: Triumph Commander é uma cruiser com molho inglês

Modelo da Triumph tem visual clássico, ciclística equilibrada, muito conforto e motor dois cilindros

Por Aladim Lopes Gonçalves

Arthur Caldeira

Desenho longo e baixo, muitos cromados, visual clássico e um enorme motor V2 costumam ser os ingredientes para se fazer uma cruiser. Mas, para criar a Thunderbird Commander a Triumph acrescentou uma boa dose de molho inglês à clássica receita. Ao invés de dois cilindros dispostos em “V”, como os que equipam todas as motos da Harley-Davidson, a fábrica de Hinckley adotou um bicilíndrico paralelo de grande capacidade cúbica para tentar conquistar os fãs do segmento custom. 

Além do “motorzão” de 1.699 cm³, a Triumph caprichou no estilo clássico e no visual imponente. O design da Thunderbird é marcado pelo grande tanque com capacidade para 22 litros, um guidão largo, duas grandes ponteiras de escapamento cromadas e um conjunto óptico formado por dois eficientes faróis.

O excelente acabamento é outro aspecto digno de nota: cromados reluzentes, pintura de alta qualidade e muito cuidado nos detalhes, como a fiação bem organizada no guidão e as tampas do motor com o nome da moto. Tudo bem ao gosto do consumidor das motos “americanas”. Importada da Inglaterra, ao contrário de outros modelos Triumph montados aqui, a Commander também carrega uma bela etiqueta de preço: R$ 53.990.

Grande!
Ao montar na Commander a primeira coisa que vem à cabeça é: “como essa moto é grande”. Afinal, são 348 kg de aço em ordem de marcha espalhados por mais de 2,4 metros de comprimento. Mas o banco a apenas 70 cm do solo e o guidão – no formato popularmente chamado de “chifre de touro” – passam a sensação de bom controle da moto.

Como em toda Triumph, é preciso apertar o manete de embreagem para dar partida no bicilíndrico paralelo, DOHC, de 1.699 cm³ de capacidade com refrigeração líquida, que acorda rapidamente e emite um barulho ritmado, característico dessa arquitetura de motor. Com uma embreagem surpreendentemente leve, engato a primeira marcha facilmente sem muitos trancos ou barulhos.

O propulsor tem torque de sobra: o par máximo de 15,4 kgf.m já está disponível a 3.550 rpm. Em conjunto com o câmbio de engates suaves, logo já chega a sexta e última marcha, rodando com pouca vibração e bastante “força” para ultrapassagens. A potência máxima de 93,8 cv aparece a 5.400 rpm – mas esqueça as rotações, o grande painel da Commander, localizado sobre o tanque, não traz conta-giros. Apenas um grande velocímetro e um marcador de combustível, ambos analógicos, com uma pequena tela digital que conta com relógio, autonomia e dois hodômetros parciais.

O desempenho é suficiente para manter uma boa velocidade de cruzeiro, sem muito esforço e vibração. Qualidades para quem pensa em viajar.

Molho saboroso
A Triumph insiste que a Commander não é simplesmente uma cruiser americana feita por uma fábrica inglesa. A marca afirma que o modelo carrega qualidades marcantes de outras motos de Hinckley, como a boa dirigibilidade. Depois de rodar com a Commander no trânsito e nas estradas, temos de concordar.

Montada sobre um quadro tubular de aço com o motor de dois cilindros paralelos fazendo parte da estrutura, a Commander tem uma boa distribuição de peso. Manobrá-la mesmo em baixas velocidades não chega a ser uma tarefa fácil, porém é bem mais simples do que se imagina.

O conjunto de suspensões traz garfo telescópico convencional Showa com tubos de 47 mm de diâmetro e 120 mm de curso; na traseira, balança com dois amortecedores com ajuste na pré-carga da mola e curso de 108,5 mm. Bem acertadas para o conforto do piloto, as suspensões também fazem um bom trabalho para absorver as imperfeições do piso: asfalto ondulado e até mesmo algumas lombadas não fizeram o conjunto chegar ao “fim de curso”. Um diferencial entre outros modelos do mesmo segmento.

Ajudam nessa tarefa de absorção de impactos os altos e largos pneus Metzeler nas medidas 140/75, na dianteira; e 200/50, na traseira. Ambos montados em rodas de liga-leve de 17 polegadas.

E o saboroso molho inglês aparece também na desenvoltura da Commander em estradas sinuosas. Não chega a ser uma esportiva, óbvio. Mas é possível atacar curvas com boa velocidade e bastante confiança. Embora as pedaleiras raspem no chão com certa facilidade, não se preocupe: a Triumph previu isso e adotou placas sob as plataformas que podem ser substituídas.

Para completar a boa ciclística da Commander, estão os freios. Discos duplos dianteiros flutuantes de 310 mm de diâmetro mordidos por pinças Nissin de quatro pistões e disco único traseiro de mesmo tamanho, mas com pinça Brembo de pistão duplo. O ABS é de série e atua nas duas rodas. Mostrou-se eficaz para parar essa “grande” moto e o sistema antitravamento funcionou bem nesses dias chuvosos de verão.

Confortável
Além da boa ciclística e do suave conjunto motor e câmbio, a Commander é extremamente confortável. O banco tem uma generosa espuma e um útil apoio lombar para o piloto, o guidão curvado para trás deixa os braços e tronco em uma posição natural e as pedaleiras fornecem o apoio necessário para os pés. Enfim, aquele tipo de moto para rodar muitos e muitos quilômetros o dia inteiro. E o tanque de 22 litros vai lhe ajudar nessa tarefa, afinal com consumo médio de 19,9 km/l, seria possível rodar mais de 400 km sem abastecer.

Claro que falta proteção aerodinâmica em velocidades mais altas e, caso você viaje com garupa, irá faltar também espaço para a bagagem. Nada que a extensa lista de acessórios – vendidos à parte – não possa resolver, porém com um investimento alto.

Conclusão
Com a Thunderbird Commander a Triumph amplia seu variado line-up no Brasil, que já conta com nakeds, esportivas, modelos retrô, big-trails e touring. E entra ainda mais na briga por uma fatia do segmento dominado amplamente pela Harley-Davidson. Já que a fábrica inglesa conta também com a Thunderbird Storm, modelo com visual de moto personalizada.

Fatores mercadológicos à parte, a Commander cumpre bem a proposta de ser uma cruiser com toque inglês e tem suas próprias qualidades. Seu preço, de R$ 53.990, equivale ao de uma H-D Fat Boy, por exemplo, que tem mais fama, além de “alma” segundo os fãs. Mas se você não está entre os harleiros de carteirinha, mas busca uma cruiser imponente, bem acabada e confortável para viajar, a Commander deve ser considerada entre as suas opções.

FICHA TÉCNICA
Motor: Dois cilindros paralelos, DOHC e refrigeração líquida
Potência: 93,8 cv a 5.400 rpm
Torque: 15,4 kgf.m a 3.550 rpm
Diâmetro x curso: 107,1 x 94,3 mm
Capacidade cúbica: 1.699 cm³
Alimentação: Injeção eletrônica
Partida elétrica
Câmbio: Seis velocidades com transmissão final por correia dentada
Chassi: Tubular em aço
Suspensão dianteira: Garfo telescópico, com 47 mm de diâmetro e 120 mm de curso
Suspensão traseira: Balança com sistema bichoque e cinco ajustes na pré-carga da mola com 108,5 mm de curso
Freio dianteiro: Disco duplo flutuante de 310 mm com pinça de quatro pistões Nissin e ABS
Freio traseiro: Disco simples de 310 mm com pinça flutuante Brembo de dois pistões e ABS
Pneus: 140/75 ZR17 (dianteiro); 200/50 ZR17 (traseiro).
Dimensões: 2.442 mm (comprimento), 990 mm (largura) x 1.125 mm (altura); 1.665 mm (entre-eixos); 700 mm (altura do assento ao solo)
Tanque: 22 litros
Peso: 348 kg (em ordem de marcha)
Preço: R$ 53.990


Fonte:
Agência Infomoto

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