Teste: Honda CB 650F quer retomar a liderança no segmento

Ocupando lugar deixado pela Hornet, novo modelo tetracilíndrico de média cilindrada busca atingir mesmo sucesso de sua antecessora, mas com outra proposta

Por André Jordão

André Jordão

É a nova Hornet? Essa pergunta se repetiu por todos os lugares que passei com a nova Honda CB 650F. No entanto, a Honda fez questão de sublinhar, quando lançou as novas versões em outubro passado, que se tratava de uma motocicleta completamente nova, e em nada lembraria sua antecessora – sucesso absoluto de vendas e um ícone em seu segmento. “A Hornet nasceu uma geração à frente. Ela morreu com honra e agora sai de cena. A Nova CB 650F tem proposta bem diferente”, frisou Marcos Paulo Monteiro, gerente de planejamento de produtos da Honda.
 
E embora seja complicado o processo de transição, ainda mais quando um produto atinge o patamar alcançado pela Hornet, é preciso seguir em frente. Basta dar a partida na CB 650F para o piloto perceber que se trata de outra motocicleta, com nova proposta. A começar no ronco liberado pelo escapamento, mais tímido, assim como sua aceleração.

A intenção da Honda é bem clara: disponibilizar um modelo mais acessível, tanto no preço, a nova naked tem preço público sugerido a partir de R$ 28.990 (R$ 31.190 com ABS), quanto no “braço”, ela atende os anseios do motociclista que busca um upgrade de potência, mas que encontrava na extinta Hornet mais potência do que podia controlar. Até porque há no line-up da marca japonesa a CB 1000R, agora a representante naked oficial dos apaixonados por aquele soco no estômago causado pelas trocas de marcha com o punho aberto.

Cidade VS Estrada

Se no ronco o motociclista já notará a discrepância de proposta da CB 650F para a Hornet, quando rodar os primeiros quilômetros na cidade ficará claro essa diferença. O motor é capaz de gerar 87 cv de potência máxima a 11.000 rpm com torque máximo de 6,4 kgf.m já a 8.000 rpm – sendo cerca de 80% do torque disponível a 4.000 rpm. Comparada à Hornet (de 102 cv), a nova moto têm menos potência, mas o torque chega mais cedo, o que comprova a proposta de criar uma moto mais acessível ao iniciante e mais econômica no dia-a-dia, já que oferece mais força em giros mais baixos.

Esses números refletem em menos troca de marchas na cidade e, aquele ímpeto esportivo de andar sempre com o “peito” cheio, praticamente desapareceu. Agora, a bordo da CB 650F, o motociclista menos experiente está apto a vestir o equipamento e acelerar sem receio.

O resultado desse processo, além de uma moto mais dócil, é uma economia de consumo. A CB 650F chegou a fazer 20 km/l na cidade e atingiu a expressiva marca de 23.7 km/l na estrada. A contra partida é a perda de potência nas estradas. Os viúvos da Hornet com certeza sentirão esse reflexo nos regimes mais altos, quando a nova CB 650F se mostra bem mais racional – algo comparado ao que Yamaha fez com a FZ6 ao lançar à espartana XJ6.

Resumindo, a CB 650F faz quase tudo que sua irmã mais nova (CB 300R) faz na cidade. Mudanças de direção e slalom entre os carros ficaram mais fáceis, além do piloto não realizar muitas trocas de marcha: é possível passar uma valeta a 30km/h em quinta marcha – a CB 650F tem câmbio de seis velocidades. Já na estrada sente-se menos emoção, mas nada que atrapalhe uma viagem no limite de nossas vias.

Visual agressivo e ciclística

Se na motorização a CB 650F está mais mansa, no visual ela ficou mais agressiva. Moderna, a nova motocicleta traz farol alongado e um tanque (de 17,3 litros) com duas grandes aletas, perfeitas para o visual robusto e responsável por um excelente encaixe das pernas. Na parte traseira, a rabeta com linhas simples são incrementadas por uma lanterna com LEDs.

As pedaleiras, posicionadas para uma legítima “tocada” street, também contribuem para o encaixe das pernas e a ágil troca de marchas. No quesito suspensão, nota-se, novamente, a mudança de público alvo da marca japonesa. Os garfos invertidos (upside-down), presentes na Hornet, deram lugar ao tradicional garfo telescópico na dianteira, com curso de 120 mm e sem ajustes. Na traseira, o monoamortecedor é fixado direto à balança, feita em alumínio. Já o quadro de dupla trave tipo Diamond é feito em aço, material mais pesado do que o alumínio – a CB 650F ABS, versão testada, pesa 194 kg, 6 kg a mais que a aposentada Hornet.

Os freios não trazem nenhuma novidade: dois discos de 320 mm de diâmetro com pistão duplo na roda dianteira e disco único com 240 mm de diâmetro e pinça de pistão simples na traseira. Entretanto, combinados com sistema ABS são mais do que suficientes para frear a CB 650F sem sustos.

A Honda ainda caprichou na saída de escape 4 em 1 com uma bela ponteira curta no centro da moto, o que ajuda a reduzir o centro de gravidade e centralizar a massa. Todavia, o banco em dois níveis, se comparado a sua antecessora, deixa a desejar. Uma hora e meia de estrada e o piloto começa a sentir-se incomodado e o garupa fadigado.

O modelo ainda traz um painel completo e totalmente digital. De fácil leitura, traz velocímetro, tacômetro, relógio, medidor gráfico de combustível, hodômetros parcial e total. No entanto, falta um indicador de marcha.  

Conclusão

Após uma semana com a motocicleta, entre cidade e estrada, a conclusão é um tanto óbvia. Se o motociclista busca esportividade, vale investir mais e montar na CB 1000R – ou quem sabe espera por um modelo de 800 cc, que vale dizer não é discutido nos bastidores da Honda. Mas se a intenção é ter um motor de quatro cilindros, com fôlego de sobra na cidade e um visual de chamar a atenção, a CB 650F vai com certeza atender a expectativa.

Vale salientar que a previsão anual de vendas da Honda para a CB 650F é de 4.000 unidades. Ousada, considerando que a Hornet emplacou 2.574 unidades em 2014, ficando abaixo da Yamaha XJ6 com 3.335 emplacamentos, segundo dados da Fenabrave. Esses números esclarecem a intenção da Honda com a nova CB 650F: retomar a liderança do segmento!

COTAÇÃO DE SEGURO
Cobertura total
À vista: R$ 4.501,75
Franquia: R$ 2.492,70
Cobertura somente roubo/furto
À vista: R$ 2.714,86

Perfil médio: Homem, 25 a 35 anos, casado, sem filhos, com garagem em casa e no trabalho, morador de São Paulo e com residência em região razoável (bairro da zona sul ou zona oeste, por exemplo).

Cycle Assessoria e Corretora de Seguros
Tel.: (11) 3159-0733 Site: cycleseguros.com.br
 
FICHA TÉCNICA
HONDA CB 650F        
Alimentação Sistema de injeção eletrônica (PGM-FI)       
Altura do assento (mm) 810                       
Bateria (V / Ah) 12 / 8,6                              
Capacidade do tanque (litros) 17,3                        
Chassi Aço, tipo Diamond
Combustível Gasolina                                  
Diâmetro x curso (mm) 67,0 x 46,0                        
Dimensões (C x L x A) (mm) 2.110 x 775 x 1.120                          
Distância entre eixos (mm) 1.450                          
Distância mínima do solo (mm) 150                                  
Embreagem Multidisco em banho de óleo                         
Farol (alto/baixo) (W) 60/55                                   
Freio dianteiro / diâmetro mm A disco / 320 / 2 cálipers                        
Freio traseiro / diâmetro mm A disco / 240 / 1 cáliper                            
Ignição Eletrônica
Motor DOHC, quatro cilindros, 4 tempos, arrefecimento a líquido, 649 cc.                   
Óleo do motor (litros) 3,2                           
Peso seco (kg) 192 (STD) 194 (ABS)
Pneu dianteiro 120/70 ZR17M/C                            
Pneu traseiro 180/55 ZR17M/C                             
Potência máxima (CV/rpm) 87 CV a 11.000 rpm                          
Relação de compressão 11.4 : 1                             
Sistema de lubrificação Forçada, por bomba trocoidal                            
Sistema de partida Elétrica
Suspensão dianteira / curso mm Garfo telescópico / 120                        
Suspensão traseira / curso mm Mono-Shock / 128                       
Torque máximo 6,4 kgf.m a 8.000 rpm                             
Transmissão 6 velocidades 

Fonte:
Equipe MOTO.com.br

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br