Teste: Yamaha Ténéré 250 encara Honda XRE 300

Para descobrir qual é a melhor pequenas aventureira japonesa, rodamos na estrada, na cidade e na terra

Por Aladim Lopes Gonçalves

Cícero Lima

Elas já são veteranas em nossas ruas e estradas. A Honda XRE 300 chegou às lojas em 2010, enquanto a Yamaha XTZ 250 Ténéré estreou no ano seguinte. Imediatamente, os modelos caíram no gosto dos amantes dos modelos de uso misto (on/off-road) que procuram uma motocicleta robusta para viajar por um preço acessível. Após quase cinco anos de disputa, muitos ainda têm dúvida sobre qual delas merece ocupar um espaço na sua garagem. Por isso, colocamos os dois modelos frente a frente em uma viagem de 350 km e também no uso diário para descobrir as vantagens e desvantagens de cada uma.

A XRE 300 carrega aquela característica típica das motos Honda: consegue uma intimidade imediata com o piloto. Em algumas voltas no quarteirão, a moto já parece ser uma velha companheira de estrada. Câmbio com engates leves, freios extremamente eficientes, motor silencioso e bom acabamento.

Já a Yamaha tem a proposta de “tocar o coração” e convida o motociclista para uma longa viagem com seu tanque grande, farol duplo e para-brisa. Além disso, carrega o nome Ténéré que povoa o imaginário dos motociclistas aventureiros.

Mais diferenças
Uma das grandes diferenças entre os modelos está no motor. A XRE 300 tem um monocilíndrico bicombustível, DOHC, com 291,6 cm³ de capacidade cúbica, que produz 26,3 cv de potência máxima a 7.500 rpm e torque de 2,85 kgf.m a 6.500 rpm (abastecido com etanol). Já a Yamaha Ténéré é empurrada por um motor de um cilindro, 249 cm³, SOHC, que roda apenas com gasolina. O propulsor atinge a potência máxima de 21 cv a 8.000 rpm e o torque máximo de 2,10 kgf.m a 6.500 rpm.

Para além dos números, os motores mostram outras diferenças na prática. Na estrada, por exemplo, a Ténéré precisou acelerar muito para acompanhar a XRE 300, que se mostrou superior tanto em velocidade máxima como também em retomadas. Não há dúvida de que a Honda tem melhor desempenho. Porém não é perceptível em todas as situações, exceto quando é preciso enrolar o cabo e “esgoelar” a moto. Rodando em ritmo normal, a diferença de motorização e desempenho praticamente não é percebida.

Claro que o melhor desempenho da Honda cobra um preço na hora de abastecer e gasta mais que a Yamaha. Rodando a 120 km/h na estrada, a Ténéré percorreu 24 km/litro. Quando reduzimos a velocidade para 100 km/h, essa média chegou a quase 28 km/litro. As medições de consumo na Honda XRE 300 seguiram os mesmos parâmetros, pois as motos viajaram juntas para Campos do Jordão (SP). No primeiro trecho, a 120 km/h, o consumo foi de 22,6 km/litro; enquanto que a 100 Km/h o consumo melhorou para 24,5 km/litro.

No circuito misto cidade/estrada as motos foram mais econômicas. A Yamaha conseguiu superar a média de 30 km/litro, enquanto a XRE 300 se aproximou dos 28 km/litro, porém tudo depende da forma como o piloto usa o acelerador.

Com isso, a XTZ 250 Ténéré sai na frente no quesito autonomia, pois seu tanque é maior e seu consumo, menor. A Yamaha comporta 16 litros no reservatório, enquanto no modelo Honda cabem 13,6 litros. Em uma conta aproximada, a Ténéré tem cerca de 400 km de autonomia, contra menos de 300 km da XRE 300.

Conforto na estrada
Outro fator que diferencia as motos é o conforto. Enquanto a XRE 300 praticamente não oferece proteção frontal contra o vento, a Yamaha permite que o piloto viaje com mais conforto, graças ao para-brisa que desvia o ar. Reforçando sua vocação de pequena aventureira. Outro ponto positivo foi seu banco com desenho mais anatômico que, após 300 km de estrada, mostrou-se mais confortável.

Embora o banco da XRE 300 tenha espuma de boa densidade e ofereça conforto para piloto e garupa, é menos confortável se comparado ao modelo da Yamaha. Na Honda, o piloto parece pronto a atacar uma curva (como se estivesse no motocross), enquanto na Ténéré o motociclista vai mais relaxado.

Outro incômodo para quem pilotou a XRE 300 foi a manopla. Sua borracha é muito dura e incomoda após muitos quilômetros, principalmente se o piloto usar luvas finas. Um detalhe fácil de resolver, mas ainda é um problema do modelo.

Robustez na cidade
As duas motos enfrentaram também o trânsito pesado de São Paulo e conseguiram passar bem pelos corredores estreitos e motoristas estressados. Suas suspensões de longo curso absorvem bem os inúmeros buracos das ruas e avenidas paulistanas – e as rodas de 21 polegadas de ambas também ajudam nessa tarefa.

Por ter mais torque, a XRE 300 se sai melhor em manobras de baixa velocidade e ainda conta com a praticidade do bagageiro de série, que permite fixar itens com mais facilidade e também a instalação de um baú. O item está ausente na Ténéré 250 – embora haja rumores que estará entre as mudanças do modelo 2016.

No off-road
Sem dúvida o fora de estrada é “mais a praia” da XRE 300. O maior curso das suspensões e os freios mais eficientes da XRE 300 – até mesmo o ABS projetado para isso – permitem incursões com mais desenvoltura em estradas sem asfalto na busca de diversão. A posição de pilotagem mais agressiva também colabora para isso. Já na Ténéré o piloto terá um pouco mais de trabalho para controlar a moto, mas dependendo de sua habilidade não ficará para trás.

Alguns detalhes devem ser levados em conta na hora da escolha. Rodas de alumínio e a possibilidade de ser abastecida com etanol ou gasolina são fatores positivos da XRE 300, mas essa moto deveria ter uma tampa de combustível mais moderna. Enquanto isso, a Yamaha Ténéré traz lampejador de farol alto e a prática tampa de combustível estilo aeronáutico, que não necessita ser retirada do tanque.

O sistema de freios nos dois modelos tem a mesma configuração com disco nas duas rodas. Porém a XRE 300 apresenta uma frenagem mais eficiente e que transmite mais confiança. Na versão avaliada, dotada de ABS, o modelo Honda torna-se praticamente imbatível, até mesmo no off-road, pena que é tão cara. Já o conjunto de freios da Yamaha Ténéré cumpre seu papel com eficiência, mas deixa a desejar se comparado ao da XRE 300.

Conclusão
Destinadas ao mesmo público, as motos exigem uma análise mais apurada da utilidade que será dada a cada uma delas. A Honda XRE 300 até aparenta ser uma moto de cilindrada maior do que realmente é. Mais “requintado”, o modelo Honda roda com facilidade na cidade, nas estradas de terra e em viagens curtas.

Outro fator a ser levado em consideração é o preço. Ambas estão caras, mas pesquisando o preço praticado nas concessionárias da cidade de São Paulo encontramos a versão standard da Honda XRE 300 por R$ 15.100 - com freios ABS chega a incríveis R$ 17.900. Já a Yamaha Ténéré pode ser encontrada por R$ 14.200. Outro ponto para a aventureira de 250cc.

Portanto, após a viagem até Campos do Jordão e tantos outros quilômetros em trechos urbanos, a Ténéré 250 foi nossa escolhida por ser mais econômica e confortável para viajar – características favoráveis para quem quer viajar e também para quem usa a moto diariamente. Mas o que pesou mais a favor da caçula da família Ténéré foi a diferença de preço. Embora o desempenho da XRE 300 seja melhor e o modelo Honda tenha rodas de alumínio e motor flex, a nosso ver, a Yamaha XTZ 250 Ténéré cumpre as mesmas tarefas por um preço menor.

FICHA TÉCNICA

Yamaha XTZ 250 Ténéré
Motor monocilíndrico, quatro tempos, duas válvulas, comando simples no cabeçote (SOHC) e arrefecido a ar com radiador de óleo
Capacidade cúbica 249 cm³
Potência máxima 21 cv a 8.000 rpm
Torque máximo 2,10 kgf.m a 6.500 rpm
Diâmetro x curso 74 x 58 mm
Alimentação Injeção eletrônica de combustível
Relação de compressão 9,8: 1
Sistema de ignição Eletrônica
Partida Elétrica
Câmbio Cinco velocidades
Embreagem Multidisco em banho de óleo
Suspensão Dianteira Garfo telescópico com 220 mm de curso
Suspensão Traseira Monoamortecida com 240 mm de curso
Freio Dianteiro Disco simples de 245 mm de diâmetro e pinça de dois pistões
Freio Traseiro Disco simples de 203 mm de diâmetro e pinça de pistão simples
Pneu Dianteiro 80/90 – 21
Pneu Traseiro 120/80 – 18
Chassi Berço semiduplo
Dimensões (C x L x A) 2.120 mm x 830 mm x 1.370 mm
Altura do assento 865 mm
Altura mínima do solo 270 mm
Entre-eixos 1.385 mm
Capacidade do tanque 16 litros (4,8 l de reserva)
Peso seco 137 kg
Cores Azul, branca, cinza e vermelha
Preço praticado R$ 14.200 (preço médio base São Paulo - SP)

Honda XRE 300 C-ABS
Motor Um cilindro, DOHC, arrefecimento a ar
Capacidade cúbica 291,6 cm³
Potência máxima (declarada) 26,1 cv a 7.500 rpm (gasolina) / 26,3 cv a 7.500 rpm (etanol)
Torque máximo (declarado) 2,81 kgf.m a 6.500 rpm (gasolina) 2,85 kgf.m a 6.500 rpm (etanol)
Câmbio Cinco marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Berço semiduplo em aço
Suspensão dianteira Garfos telescópicos com 245 mm de curso
Suspensão traseira Amortecedor Pro-link com 225 mm de curso
Freio dianteiro Disco simples de 256 mm de diâmetro (C-ABS)
Freio traseiro Disco simples de 220 mm de diâmetro (C-ABS)
Pneus Metzeler Enduro 3 - 90/90-21 (D)/ 120/80-18 (T)
Comprimento 2.171 mm
Largura 830 mm
Altura 1.181 mm
Distância entre-eixos 1.417 mm
Distância do solo 259 mm
Altura do assento 860 mm
Peso em ordem de marcha Não disponível
Peso a seco 151 kg
Tanque de combustível 13,6 litros
Cores Vermelha, preta/branca e Rally
Preço sugerido R$ 17.900 (preço médio base São Paulo - SP)


Fonte:
Agência Infomoto

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