Teste: Triumph Bonneville, a verdadeira moto clássica
Custom da marca inglesa produzida no Brasil tem preço sugerido de R$ 29.900 e oferece uma viagem ao passado
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Aladim Lopes Gonçalves
Os fãs de motos clássicas do Brasil tem desde o final de 2012 a possibilidade de levar para a garagem de sua casa uma moto que carrega uma bagagem de mais de 50 anos. A lendária Bonneville T100 é o maior expoente do estilo Cafe Racer da centenária marca inglesa Triumph. Produzida no Brasil, na fábrica da Triumph, no Polo Industrial de Manaus (AM), essa custom inglesa pode ser encontrada com preço sugerido de R$ 29.900 nas concessionárias da marca no país, que devem somar 12 lojas até o final de 2013.
Com um conjunto visual retrô, farol redondo, pintura clássica em dois tons na lateral, rodas raiadas, a Bonneville é um convite para reviver o passado. Mas não se engane, apesar das dimensões compactas e do disfarce do duplo carburador, que na verdade abriga o sistema de injeção de combustível, essa custom esconde o seu espírito selvagem. O botão do afogador é um charme a mais.
O motor que desponta na Bonneville T100 é um moderno dois cilindros paralelos de 865 cm³, duplo comando, com sistema de refrigeração a ar com o auxílio de radiador de óleo, que desenvolve uma potência de 67 cavalos a 7.500 rpm e torque de 6,8 kgfm a 5.800 rpm. A receita do propulsor bicilíndrico é a mesma do modelo original, mas a cilindrada foi ampliada. O sistema de transmissão é de cinco marchas.
O painel de instrumentos também é nostálgico, apesar de esconder dispositivos modernos. Com dois mostradores analógicos (velocímetro e conta-giros) e um display digital no centro, oferece uma boa visualização para o motociclista. O detalhe curioso são os números da marcação da velocidade principal em milhas por hora, uma praxe na Inglaterra, e em menor escala o de quilômetros por hora, indicação mais utilizada no Brasil.
Quem imagina que a moto de entrada da Triumph poderia passar despercebida no trânsito da cidade de São Paulo, em meio à multidão de motocicletas de todos os portes e tipos, até com algumas bem mais chamativas, vai estranhar a popularidade da Bonneville. Para cada parada em semáforo é preciso responder pelos menos duas ou três curiosidades dos motociclistas em volta.
“Puxa quase 900cc para uma moto desse tamanho. É impressionante!”, afirmou espantado o dono de uma custom japonesa. “O motor é três cilindros também?”, questionou o proprietário de uma trail alemã. “Queria trabalhar com uma moto dessas”, ressaltou um mensageiro de moto 150cc. A curiosidade alheia era impressionante e cada parada no farol demorava mais que o tempo normal.
Fora as conversas e as curiosidades sobre a moto, a Bonneville se mostra bem adequada e com uma proposta bem versátil para o uso urbano. A posição de pilotagem é bastante confortável no melhor estilo das custom dos anos 1980 com assento ultramacio e o guidão mais aproximado do piloto, permitindo uma posição ereta e ergonômica para o motociclista. A sensação que fica é de andar com uma moto compacta, só que equipada com “motorzão”.
O conjunto de suspensões, com garfos telescópicos (com nostálgicas coifas de borracha) na dianteira e sistema bichoque com regulagem na pré-carga da mola na traseira se mostrou bem acertado para absorver os impactos dos pisos mais irregulares e boa estabilidade nas curvas e manobras. As partidas têm boa vitalidade e o câmbio mostra força, não exigindo muitas trocas de marchas na cidade.
Já no ambiente rodoviário o desempenho da Bonneville T100 aparenta ser mais modesto. Rodando em uma faixa de velocidade na faixa de 120 km/h o motor apresenta um pouco de vibração, o que pode aumentar o cansaço do motociclista. Outro aspecto que pode tornar as viagens mais cansativas é a ausência de para-brisa. De fato, essa custom da Triumph parece mais familiarizada com cenários nostálgicos, como percebemos durante nossa passagem pela Vila de Paranapiacaba, que fica na região de Santo André (SP).
A média de consumo da Bonneville durante o teste oscilou entre 19 e 23 km/litro na cidade e na estrada. Levando em conta a capacidade de 16 litros do tanque de combustível é possível alcançar uma autonomia na faixa entre 320 km e 350 km, permitindo fazer viagens curtas e médias sem grandes preocupações com abastecimentos no percurso.
Em relação aos freios, apesar da sua mecânica moderna, a Bonneville T100 não vem equipada com o reforço de ABS (antitravamento), mas o sistema adotado no modelo mostra grande eficiência na hora de parar seus 225 kg (peso em ordem de marcha). O conjunto é composto de disco simples de 310 mm na frente e disco simples de 255 mm na traseira.
Com uma proposta visual clássica e uma mecânica moderna, a Bonneville T100 tem qualidades de sobra para encantar tanto os motociclistas mais experientes quantos os mais jovens que buscam iniciar uma jornada entre as motos custom. Uma rara oportunidade de ter em casa uma moto antiga de 1959 (ano de seu lançamento), só que zero Km e com todas as facilidades das motos novas.
O jornalista utilizou no teste capacete Airoh, calça, jaqueta, botas e luvas Alpine Stars
COTAÇÃO DE SEGURO (*)
À vista: R$ 1.242,24
Franquia: R$ 1.903,25
(*) Perfil médio: Homem, 25 a 35 anos, casado, sem filhos, com garagem em casa e no trabalho, morador de São Paulo e com residência em região razoável (bairro da zona sul ou zona oeste, por exemplo).
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