Teste: Rivale 800 é uma verdadeira moto italiana

Supermoto da MV Agusta pode não ser a moto mais prática do mercado, mas certamente é uma das mais divertidas

Por Aladim Lopes Gonçalves

Arthur Caldeira

A MV Agusta Rivale 800 é a quintessência de uma motocicleta italiana. Feita para ser estilosa e divertida, o radical modelo deixa de lado a praticidade e reúne um design deslumbrante com o alto desempenho de seu motor tricilíndrico de 125 cv de potência máxima. Dotada de um conjunto ciclístico que garante boa maneabilidade, a Rivale incorpora itens exclusivos e tem preço superior que a maioria das motos com a mesma capacidade cúbica: R$ 56.900. 

A Rivale é essencialmente uma supermotard: traz elementos de uma moto sem carenagem com suspensões de longo curso e rodas de 17 polegadas. Que resulta em um conjunto mais atraente e inusitado do que a Brutale 800, com quem compartilha diversos itens, como o chassi e o motor de 798 cm³, porém com outro sistema de alimentação e exaustão. 

Ma che bella!
Desde quando foi lançada no Salão de Milão 2012, a Rivale 800 tem conquistado corações – tanto que foi eleita a moto mais bonita do evento naquele ano. Do farol ousado em forma de losango, passando pelas linhas orgânicas do tanque até a traseira arredondada que parece acabar abruptamente, tudo na Rivale atrai olhares admirados e curiosos. O desenho da supermoto da fábrica de Varese é, sem dúvida, um dos mais inovadores do mercado de motocicletas na última década.

Embora as luzes de iluminação diurna e os piscas em LED, fixados no espelho retrovisor (retrátil) que, por sua vez, também funciona como protetor de mão, sejam claramente inspirados na antiga versão da Ducati Hypermotard, a Rivale é carregada de inovações. O conjunto óptico traseiro é formado por duas colunas de luzes estrategicamente colocadas nas laterais da rabeta e que integram lanterna e luz de freio – os piscas traseiros são fixados no para-lama traseiro que fica próximo à roda e serve como suporte de placa. 

Ciclística e ergonomia
O quadro em treliça ressalta sua origem italiana e as três ponteiras de escapamento do lado direito denunciam sua motorização. O chassi usa a mesma solução da Brutale 800 com tubos de aço em treliça com seções de alumínio para a fixação do monobraço traseiro. Na dianteira, o garfo telescópico invertido Marzocchi é totalmente ajustável e oferece 150 mm de curso; na traseira, o monoamortecedor Sachs também é ajustável e proporciona 130 mm de curso. 

Isso resulta em um banco alto – a 881 mm do solo - e uma posição de pilotagem bem ao estilo supermoto: ao montar na Rivale o motociclista vai “jogado” à frente, com os braços abertos e com bom espaço para as pernas, já que as pedaleiras são baixas. Apesar do banco alto, o baixo centro de gravidade, aliado aos 178 kg de peso a seco, fazem com que a Rivale não seja tão difícil de “montar” para os pilotos mais baixos.

Completam a parte ciclística da Rivale 800 dois discos dianteiros de 320 mm de diâmetro, com pinças de quatro pistões e fixação radial da marca Brembo. Na traseira, disco simples de 220 mm de diâmetro, com cáliper de dois pistões. E finalizando o conjunto, as belas rodas de liga leve de 17 polegadas estão calçadas com pneus Pirelli Scorpion Trail, nas medidas 120/70 (dianteira) e 180/55 (traseira).

Motor e eletrônica embarcada
Não é apenas no visual que a MV Agusta Rivale 800 surpreende. Seu motor de três cilindros em linha, 798 cm³ de capacidade, 12 válvulas e DOHC tem um desempenho impressionante: produz 125 cv de potência máxima a incríveis 12.000 rpm e 8,6 kgf.m de torque máximo a 8.600 giros. 

Embora não sejam números superlativos, a forma com que são entregues é capaz de estampar um sorriso no rosto dos motociclistas que buscam uma moto para acelerar pra valer. O sistema de alimentação do tricilíndrico é completamente novo e está entre os melhores já feitos pela fábrica de Varese. Dotado de um acelerador eletrônico, parece não haver buracos de aceleração e há bastante torque disponível já a partir de 4.000 giros – o suficiente para tirar a roda dianteira do chão com facilidade seja em primeira, segunda ou até mesmo em terceira marcha. O câmbio de seis velocidades conta com assistência do quick-shift, que permite subir marchas sem o auxílio da embreagem. 

A Rivale traz também a tecnologia MVICS (Motor & Vehicle Integrated Control System), que integra três configurações dos mapas de gerenciamento do motor com resposta do acelerador, controle de tração e freios ABS. Além de completo, o sistema ainda é mais fácil de configurar do que em outros modelos da MV. Cada um dos modos de pilotagem – Normal, Rain, Sport e há ainda um customizável – ajusta a resposta do acelerador e também o nível do controle de tração. 

O modo Rain, por exemplo, faz com que o controle de tração mude para o nível “8”, o máximo, e evite derrapadas da roda traseira no piso molhado. Acredite em mim, com o comportamento esportivo do motor você vai precisar dele na chuva.

Pilotagem radical
Com uma ciclística excelente, um motor potente e um design pra lá de radical, só podíamos esperar que a Rivale 800 fosse bastante divertida de pilotar. E com razão. Esse propulsor de três cilindros da MV Agusta parece não ter fim. Cresce de giros de forma assustadora e emite um ronco, que parece mais um uivo nervoso. Daqueles que dá vontade de tirar a mão e enrolar o cabo novamente só para escutá-lo mais uma vez.

Mas convém dosar o ímpeto no acelerador: empinadas são frequentes e é preciso agarrar-se ao guidão. Em conjunto com o quick-shift, acelerar e subir marchas são tarefas fáceis que podem levar a Rivale rapidamente a 200 km/h – a MV Agusta declara 245 km/h como velocidade máxima.

O desempenho do conjunto ciclístico para atacar curvas é impecável. O trem dianteiro transmite confiança suficiente para aplicar o contra-esterço no largo guidão e contornar até mesmo cotovelos mais fechados. E com a vantagem do bom curso das suspensões que absorvem as imperfeições do piso sem desestabilizar o conjunto. 

Em uma estrada sinuosa, a diversão é garantida. De uma curva a outra é possível vivenciar o que há de mais prazeroso em pilotar uma moto: aceleração impressionante, depois uma frenagem eficaz e controlável e era só deitar para contornar a curva com um prazeroso ângulo de inclinação.

Pela diversão
Como o chefe de design, o inglês Adrian Morton, ressaltou à época de seu lançamento no exterior, a Rivale 800 não é uma moto para todo mundo. “Não foi um pedido do marketing ou para agradar um determinado perfil de consumidor. Na MV Agusta, ainda podemos fazer um rascunho e produzir algo exclusivo. A Rivale não é uma moto prática. Ela foi feita para se divertir”. 

Depois de rodar algumas centenas de quilômetros com a Rivale 800 não posso concordar mais com a afirmação de quem a criou. Afinal, não há espaço para bagagem; o banco da garupa não é dos mais confortáveis; a proteção aerodinâmica é praticamente nula, ainda mais nas velocidades que a Rivale pode atingir; e seu tanque de 12,9 litros de capacidade proporciona uma autonomia média de apenas 188 km – o consumo variou entre 13 e 15 km/l. Até mesmo seu preço de R$ 56.900 é elevado em comparação a Ducati Hypermotard, que tem a mesma proposta e é vendida a R$ 44.900.

Mas, na estrada adequada e com um piloto disposto, a MV Agusta Rivale é capaz de ser realmente um “brinquedão”, cheio de estilo e exclusivo. A grande maioria dos motociclistas sentiria-se melhor em uma moto mais versátil e prática. Mas certamente menos divertida de pilotar.

- Confira o vídeo de apresentação da MV Agusta Rivale 800

FICHA TÉCNICA
MV Agusta Rivale 800
Motor três cilindros em linha, arrefecimento líquido, DOHC, 12 válvulas 
Capacidade cúbica 798 cm³
Potência máxima 125 cv a 12.000 rpm
Torque máximo 8,6 kgf.m a 8.600 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Treliça de aço 
Suspensão dianteira Garfo invertido Marzocchi com tubos de 43 mm de diâmetro e 150 mm de curso, totalmente ajustável
Suspensão traseira Monoamortecedor Sachs de 130 mm de curso, totalmente ajustável
Freio dianteiro Discos duplos de 320 mm de diâmetro, pinças radiais monobloco Brembo com quatro pistões e ABS
Freio traseiro Disco simples de 220 mm de diâmetro, pinça Brembo de duplo pistão
Pneus 120/70-17 58W (dianteira) /180/55-17 73W (traseira) 
Comprimento 2.070 mm
Largura 885 mm
Altura do assento 881 mm
Distância entre-eixos 1.410 mm
Distância do solo 142 mm
Peso em ordem de marcha Não disponível
Peso a seco 178 kg
Tanque de combustível 12,9 litros
Cores Vermelha e prata, Preta e Prata 
Preço sugerido R$ 56.900


Fonte:
Agência Infomoto

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