Teste: Pega de Honda Bros 160 e Yamaha Crosser

Comparamos proposta, desempenho e custos dos modelos de inspiração Off Road das marcas japonesa no país

Por Aladim Lopes Gonçalves

Cícero Lima

Há buracos na sua rua? Você pega estrada de terra? Curte a natureza? Se você respondeu sim a uma das três perguntas já é um sério candidato a ter ou uma Honda NXR 160 Bros ou a Yamaha XTZ 150 Crosser. Para ajudar na decisão de qual vai para a sua garagem, confrontamos os dois modelos na cidade, na estrada e na concessionária, com os custos de aquisição e manutenção de cada uma. 

Apesar de indicadas para o mesmo tipo de consumidor, cada modelo tem um DNA próprio. No caso da Bros, a vocação para o fora de estrada é marcante, como prova seu para-lama dianteiro elevado e as linhas da carenagem, típicas de modelos que encaram a terra. Já o modelo da Yamaha segue uma proposta mais urbana, denunciada pelo para-lama rente a roda. O design moderno, com linhas agressivas e até um pequeno “bico de pato”, está mais para uma funbike descolada.


Os painéis também refletem um pouco da personalidade de cada uma das motos. Quem pilota de forma esportiva e curte acompanhar o trabalho do motor nas trocas de marcha será feliz com a Crosser, por conta do enorme conta-giros. Já a Bros mostrou ser mais ligada às obrigações da vida e traz um prático relógio de horas.

Motores de um cilindro
A semelhança de motorização é grande já que ambas usam propulsores flex, de um cilindro, duas válvulas e arrefecidos a ar. Equipada com motor maior, de 162,7 cm³, a Honda oferece mais potência. São 14,7 cv (a 8.500 giros) contra os 12,7 cv (a 7.500 giros) da Yamaha. Na prática, a Yamaha exige mais aceleração para manter a velocidade.

Outro fator que conta a favor da Honda é o torque máximo de 1,6 kgf.m a 5.500 giros contra 1,26 kgf.m a 6.000 rpm da Yamaha. Esses números justificam a diferença de desempenho na estrada, principalmente em aclives, ao transportar garupa ou enfrentar vento contrário. Na cidade o melhor torque da Honda é percebido pelo menor número de troca de marchas (câmbio de cinco marchas, assim como a Yamaha), o que é um conforto a mais para o piloto.

As duas também apresentam baixo consumo. Conduzidas em um ritmo moderado (90 km/h) e abastecidas apenas com gasolina, a Bros cravou 46 km/litro enquanto a Crosser ficou nos 40 km/litro. Isso, na estrada. Já na cidade o consumo aumentou para 35 km/litro na Bros e 32 km/litro na Crosser.

No tanque da Bros, cabem 12 litros o que permite uma autonomia superior aos 400 quilômetros. O tanque da Crosser, embora um pouco maior, com 12,5 litros tem autonomia semelhante. Ao abastecer surge outra diferença que o piloto sentirá no dia-a-dia: a trail da Honda conta com uma bela tampa no padrão aeronáutico, mais segura e também mais prática para abrir usando luvas. Na Crosser a tampa é convencional.

Diferenças de ciclística
Na Yamaha a pegada é mais agressiva graças ao banco em dois níveis com generosa camada de espuma. A postura, com o corpo jogado a frente, também é mais radical, o que instiga o piloto a atacar as curvas de forma mais inclinada. Isso faz da Crosser também mais ágil do que sua rival em mudanças de direção, como as exigidas no trânsito.

A Bros, por sua vez, é mais comportada ao pilotar, graças ao guidão mais largo e à posição relaxada dos braços. A suspensão macia também ajuda na sensação de conforto, enquanto absorve as irregularidades do solo de forma satisfatória.

No quesito freios, a Honda leve grande vantagem por contar com discos nas duas rodas, sendo 240 mm de diâmetro na dianteira e 220 na traseira. A Yamaha usa apenas um de 230 mm de diâmetro na roda dianteira, enquanto a frenagem da roda traseira é feita por um tambor de 190 mm. Essa diferença é sensível na pilotagem das duas, principalmente no espaço de frenagem.

Manutenção e garantia
Todo piloto sabe a importância do ajuste da corrente, na Bros ele é mais moderno e de fácil regulagem, já na Crosser é um velho conhecido, pois é idêntico aos usados na DT 180 (aquela dos anos de 1980). Por outro lado, a Yamaha mostrou ser mais cuidadosa na proteção do amortecedor traseiro. O fabricante instalou uma capa protetora para evitar que os detritos do pneu atinjam o amortecedor.

Na concessionária, o comprador da Honda conta com três anos de garantia e um programa que inclui sete trocas de óleo grátis – condicionado a fidelização da revisão. Quem optar pela Crosser terá direito a garantia de um ano, mas pode contar com o plano de revisões programadas, com preços fechados até os 30 mil quilômetros.

Conclusão
A Honda Bros mostrou ser uma moto mais racional. Mais potente, permite viagens com mais conforto e segurança para ultrapassagens. É a indicada para quem mora em uma cidade e trabalha (ou estuda) em outra, por exemplo, principalmente se for usá-la em auto-estradas com trânsito mais rápido.

Por outro lado, a Crosser é uma moto que se sente mais à vontade na cidade. Mais baixa que a Bros e com visual mais ousado, o modelo é ótimo para quem gosta de trocar de marcha, além de serpentear entre os carros no trânsito conturbado com maior desenvoltura.

Peças e Serviços (preços médios em R$)

Honda Bros - Yamaha Crosser
Pastilha dianteira 115,00 - 100,00
Pastilha Traseira 75,00 - 90,00 (lona)
Pisca (esq.) 32,00 - 48,90
Manete (esq.) 23,00 - 19,00
Retrovisor (esq.) 48,00 - 23,00
Guidão 86,00 - 100,00
Troca de óleo 23,80 - 47,30 (2 litros, filtro e mão de obra)
Garantia 3 anos - 1 ano

Pneus
As duas motos usam rodas raiadas com as mesmas medidas de pneu, 110/90 – 17 na traseira e 90/90 – 19 na dianteira. A Yamaha optou pelo pneu Metzeler Tourance enquanto a Honda usa o Pirelli MT 60. Os preços também são diferentes. Enquanto o Pirelli custa R$ 243,00 (traseiro) e 195,00 (dianteiro), o dono da Crosser vai gastar menos na hora da troca: R$ 209,00 o traseiro e R$ 162,00 o dianteiro.

FICHA TÉCNICA

Honda NXR 160 Bros ESDD
Motor Monocilíndrico, OHC, 4 tempos, arrefecido a ar
Cilindrada 162,7 cm³
Potência máxima 14,5 cv a 8.500 rpm (gasolina) ou 14,7 cv a 8.500 rpm (álcool)
Torque máximo 1,46 kgf.m a 5.500 rpm (gasolina) ou 1,6 kgf.m a 5.500 rpm (álcool)
Alimentação Injeção Eletrônica PGM-FI (Programmed Fuel Injection)
Capacidade do tanque 12 litros
Câmbio Cinco velocidades
Transmissão final Corrente
Suspensão dianteira Garfo telescópico com 180 mm de curso
Suspensão traseira Monochoque com 125 mm de curso
Freio dianteiro Disco de 240 mm de diâmetro
Freio traseiro Disco de 220 mm de diâmetro
Chassi Berço semiduplo
Dimensões (C x L x A) 2.060 X 810 X 1.158 mm
Altura do assento 842 mm
Altura mínima do solo Não Disponível
Entre-eixos 1.356 mm
Peso seco 121 kg (versão ESDD)
Cores preto, vermelho e branco
Preço público sugerido R$ 10.127,00 (ESDD)

Yamaha XTZ 150 Crosser
Motor Arrefecimento a ar, SOHC, monocilíndrico, quatro tempos, 2 válvulas
Capacidade cúbica 149,3 cm³
Potência máxima (declarada) 12,2 cv a 7.500 rpm (gasolina) e 12,4 cv a 7.500 rpm (etanol)
Torque máximo (declarado) 1,28 kgf.m a 6.000 rpm (gasolina) e 1,29 kgf.m a 6.000 rpm (etanol)
Câmbio Cinco marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Berço semi-duplo em aço
Suspensão dianteira Garfos telescópicos com 180 mm de curso
Suspensão traseira Monoamortecida com link e 56,5 mm de curso
Freio dianteiro Disco simples de 230 mm de diâmetro (versão ED)
Freio traseiro Tambor mecânico de 130 mm de curso
Pneus 90/90-19 (diant.) / 110/90-17 (tras.)
Comprimento 2.050 mm
Largura 830 mm
Altura 1.140 mm
Distância entre-eixos 1.350 mm
Distância do solo 235 mm
Altura do assento 836 mm
Peso a seco 120 kg
Tanque 12 litros
Cores Branco, Cinza fosco e Laranja
Preço sugerido R$ 10.515,00 (versão ED)


Fonte:
Agência Infomoto

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br