Teste: Nova Honda CB Twister enfrenta a veterana Yamaha Fazer

Com dez anos de estrada, a repaginada Fazer 250 enfrenta a renascida Twister, mas sente o peso da idade

Por Alexandre Ciszewski

Se você começou a ler esse texto só para saber qual das duas 250 cc anda mais, pode parar por aqui! Saiba que em todas as situações durante a nossa avaliação, a nova Honda CB Twister saiu na frente da Yamaha Fazer 250. Até mesmo em retomadas de velocidade, a nova Honda deixou a veterana Yamaha para trás.

Dada esta informação, que não chega a ser fundamental, o fato é que a Fazer, com seus dez anos de estrada, finalmente encontrou uma concorrente à altura. Embora sinta o peso da idade, o projeto Yamaha ainda oferece características para se manter na briga por mais algum tempo.

Foi isso que mostrou nosso comparativo, quando rodamos com os modelos de 250cc na cidade e por mais de 200 km na estrada, alternado entre rodovias sinuosas de pista simples e largas auto-estradas para avaliar como Fazer e Twister se saíam em diversas situações. Os pilotos também se revezaram ao guidão das motos várias vezes.

Comparativo “estático”

Logo de cara, o modelo 2016 da Fazer Blueflex sai em desvantagem por não trazer a opção de freios ABS. Na “tabela”, a Fazer flexível sai por R$ 13.620, contra R$ 13.050 da nova Honda, também bicombustível, mas sem ABS. Entretanto a unidade da nova CB Twister, avaliada, tinha o sistema antitravamento e o preço sugerido de R$ 14.550.

A repaginada na Fazer para 2016 trouxe novas aletas no tanque e uma moldura no farol, além de um painel inédito. A unidade testada tinha uma bonita cor cinza fosca e grafismos elaborados – mesmo assim, o modelo Yamaha parece um velho conhecido. Já a Twister tem um desenho totalmente novo, inspirado na irmã maior, a CB 500F. O design agressivo é complementado por rodas e pneus mais largos.

Assim como a Twister, a Fazer adotou lanterna traseira com LED, em formato pontiagudo e de boa visibilidade. As duas usam tampas de abastecimento articuladas, tipo “aviação”, e têm bom acabamento, com comandos ergonômicos e simples nos punhos.

Porém, o painel da Honda se sobressai. Maior e escuro como as telas de smartphones, o mostrador da Twister é mais fácil de visualizar os dados. Na Fazer as informações aparecem em preto, com iluminação por LEDs, e a luz “Eco”, que indica pilotagem econômica ao rodar em giros mais baixos – e marchas mais altas. Porém, o painel da Yamaha carece de algum acabamento, e parece ter sido adaptado ali. O mostrador da Twister conta com molduras nas laterais.

Em cima das 250cc

Na Fazer o banco tem formato anatômico – bom para deslocar o corpo em curvas – e é confortável. Porém, a base do tanque mais larga faz com que o piloto rode com as pernas mais abertas. Na Twister, o chassi é mais esguio e os joelhos ficam colados ao tanque. O modelo Honda tem banco mais baixo e um pouco mais “duro”, com 78,4 cm do solo (contra 80,5 cm da Yamaha).

Na Fazer o guidão fica mais para frente; o da Honda, mais recuado, permite uma posição de pilotagem com as costas mais retas. Ambas são motos pouco indicadas para pessoas acima de 1,80 m, mas confortáveis, com uma vantagem para a Yamaha, em função do banco mais aconchegante.

Ciclística

Sistemas de suspensão são semelhantes: dianteira com bengalas telescópicas sem ajustes e balança traseira monoamortecida. Porém, muda bastante os ajustes dos sistemas e a ancoragem do amortecedor traseiro à balança. Enquanto a Yamaha usa um link, a Honda optou por usar duas molas no amortecedor que é fixado diretamente à balança: a mola menor amortece obstáculos menores, e outra mais comprida “segura” os maiores impactos.

Resultado é maior progressividade na Fazer, que pode se mostrar até macia demais. Na Honda, no entanto, se elimina manutenção posterior; tanto a de engraxar os rolamentos do sistema, como de trocá-los.

Nas diversas curvas de raio mais fechado, ambas se mostraram competentes. No entanto, com pneus mais largos (sem câmara e radial) e a suspensão mais rígida, a Honda transmite mais confiança. Porém, a Fazer absorveu desníveis de pista, com mais “maciez” do que na Honda.

Ambas adotam sistemas de freio a disco simples nos dois eixos. Bem modulados, garantem paradas seguras, mas com uma vantagem para a Twister, em função da segurança do ABS e de uma resposta mais instantânea.

Motor: duas ou quatro válvulas?

O comando de válvulas simples acionando quatro válvulas volta a ser usado pela Honda. Antes disso, tanto a antiga Twister de 250 cc como a CB 300, tinham como base o motor de duplo comando DOHC – que rendia melhor em altos giros. O novo motor SOHC da Twister gera potência maior (22,6 cv a 7.500), bem como torque superior, de 2,28 kgfm a 6.000 rpm - ambos usando etanol. Já o Yamaha de duas válvulas rende 20,9 cv a 8.000 rpm e 2,1 kgf.m a 6.500 rpm, também com o combustível vegetal.

Deixando números e medidas de lado, fato é que na prática, o tira-teima foi (em parte) decidido pelo câmbio de seis marchas da Twister, frente as cinco da transmissão da Fazer. Bem escalonada, a caixa da Honda permite acelerar e retomar velocidade de forma mais racional. Muito embora quem não goste de cambiar (e vai fazer uso sobretudo urbano), vai preferir a Fazer e sua boa dose de força nas cinco marchas.

Suave e elástico, o motor da Honda acaba conseguindo entregar a mesma força que a Yamaha. Ou seja, na faixa de uso mais comum na cidade, entre 3.000 e 5.000 rpm, consegue ser tão ou mais esperta que a Fazer, que se mostrou um pouco lenta para ganhar rotação. Ambas pesam 137 kg a seco e são ágeis nos desvios de trajetória e ao transitar em corredores urbanos.

Na estrada

Em rodovias rápidas, a diferença de desempenho chega a ser gritante: a 100 km/h em última marcha, a Fazer está perto de 6.600 rpm, contra 6.000 rpm da Honda. A vibração da Fazer acaba sendo maior, e a moto fica “esgoelada” pela quinta marcha: o corte eletrônico aparece a 147 km/h no velocímetro e 10.000 rpm, porém a velocidade real fica aquém disso. Na CB Tiwster, o corte acontece a 149 km/h e a 10.500 rpm, mas a impressão é de atingir 10 km/h a mais de máxima.

Com diversas trocas de pilotos (os quais tinham variação de 16 kg de peso), a Twister acabou levando a melhor: em diversas passagens feitas na rodovia, o conjunto motor/câmbio da Honda rendeu mais e se mostrou mais disposto em giros altos, deixando a Yamaha para trás.

Com tanques grandes o resultado de autonomia (e consumo) é animador. Na Twister cabem 16,5 litros enquanto a Yamaha tem capacidade para 18,5 litros. Com gasolina, a Twister rodou 33,97 km/litro, enquanto a Fazer chegou a 30 km/litro.

Conclusão

Ao final do comparativo, a nova CB Twister mostrou ser um projeto mais moderno e superior. Tanto visualmente, como pela mecânica mais esperta, acompanhada da caixa de seis marchas. Porém, a Yamaha oferece bastante conforto e excelente desempenho urbano, além de uma mecânica colocada à prova ao longo de uma década de estrada. Entretanto, a Fazer mostrou que já começa a sentir o peso da idade. 

Pneus: com ou sem câmara?

Durante o trajeto o pneu da Twister furou, mas conseguimos levar a moto rodando até um posto com borracharia. Lá notamos que havia um corte com cerca de 2 cm, bem entre as bandas de rodagem – e que esvaziava o pneu rapidamente. Como se trata de um pneu sem câmara (Pirelli Diablo Rosso II radial), o remendo com “macarrão” foi simples e rápido, permitindo seguir viagem sem problema algum. Porém, a Pirelli adverte: “Recomendamos o conserto de pneus sem câmara utilizando os reparos tradicionais (remendos ou plugs), desde que o furo esteja limpo e preenchido. O uso do macarrão é indicado para consertos temporários e emergenciais e deve, assim que possível, ser substituído pelo reparo tradicional.”

Se fosse um pneu com câmara, seria necessário tirar e desmontar a roda para verificar (e remendar ou trocar) a câmara. O borracheiro disse “adorar a solução”, e de quebra completou: “câmara é coisa de pobre, até mesmo bicicletas das boas já usam pneus sem câmara”. O conserto custou R$ 30, menos do que é cobrado por câmaras novas; muitas vezes difíceis de encontrar na beira da estrada.

 

Fichas Técnicas

Honda CB Twister ABS

Motor: Monocilíndrico, OHC, quatro válvulas, arrefecido a ar com 249,5, cm³

Diâmetro x curso: 71,0 x 63,0 mm

Taxa de compressão: 9.6: 1

Potência máxima: 22,4 cv a 7.500 rpm (gasolina) / 22,6 cv a 7.500 rpm (etanol)

Torque máximo: 2,24 kgf.m a 6.000 rpm (gasolina ou etanol)

Câmbio: seis marchas

Transmissão final: Corrente

Alimentação: Injeção eletrônica

Partida: Elétrica

Quadro: Tipo diamante em aço

Suspensão dianteira: Garfo telescópico (convencional) com 130 mm

Suspensão traseira: mono-amortecida com mola dupla e 108 mm de curso

Freio dianteiro: Disco de 276 mm de diâmetro

Freio traseiro: Disco de 220 mm de diâmetro

Pneus (radial/sem câmara): 110/70-17 (diant.) e 140/70-17 (tras.)

Comprimento: 2.065 mm

Largura: 753 mm

Altura: 1.072 mm

Distância entre-eixos: 1.386mm

Distância do solo: 192 mm

Altura do assento : 784 mm

Peso a seco: 137 kg

Tanque de combustível: 16,5 litros

Cores: Vermelha (única cor disponível para a versão ABS)

Preço : R$ 14.550

 

Yamaha Fazer 250 BlueFlex

Motor: Monocilíndrico, 249,45 cm³, OHC, duas válvulas, refrigerado a ar

Diâmetro x curso: 74,0 x 58,0 mm

Taxa de compressão: 9.8: 1

Potência máxima: 20,7 cv a 8.000 rpm (gasolina) / 20,9 cv a 8.000 rpm (etanol)

Torque máximo: 2,09 kgf.m a 6.500 rpm (gasolina) / 2,10 kgf.m a 6.500 rpm

Câmbio: Cinco marchas

Transmissão final: Corrente

Alimentação: Injeção eletrônica.

Quadro: Berço duplo em aço

Suspensão: dianteira Garfo telescópico com 120 mm de curso

Suspensão traseira: Balança monoamortecida com 120 mm de curso

Freio dianteiro: Disco de 282 mm de diâmetro

Freio traseiro: Disco de 220 mm de diâmetro

Pneus (diagonal sem câmara): 100/80-17 (diant.)/130/70-17 (tras.)

Comprimento: 2.065 mm

Largura: 745 mm

Altura: 1.065 mm

Entre Eixos: 1.360 mm

Altura Mínima do Solo: 190 mm

Altura do assento: 805 mm

Tanque: 18,5 litros (4,0 l na reserva).

Peso a seco: 137 kg

Preço: R$ 13.620

 

Texto: Guilherme Silveira e Arthur Caldeira / Agência INFOMOTO

Fotos: Mario Villaescusa / Agência INFOMOTO


Fonte:
Agência Infomoto

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