Teste: KTM Super Duke é fera, bela e obediente
Com 180 cavalos e apenas 189 quilos, essa ''fera'' surpreende pelo desempenho, mas conquista pelo conjunto
Por André Jordão
Por André Jordão
André Jordão
Havia um tempo, num passado não tão distante, em que nós – brasileiros e motociclistas – sonhávamos com motocicletas lançadas mundo a fora sem ter a previsão, ou mesmo a certeza, de quando (e se) poderíamos ter acesso a elas. Marcas como KTM, Ducati, Harley-Davidson e Triumph, por exemplo, chegavam ao Brasil por meio de importadores oficiais, transformando os modelos sonhos de consumo do brasileiro em verdadeiros pesadelos – seja no pós venda ou até mesmo para conseguir emplacar a sua conquista.
Hoje em dia a situação está diferente. A maioria das tradicionais marcas Premium se instalou no País e, se ainda cobram caro para vender os cobiçados modelos, pelo menos assistem mais de perto o sujeito que investiu um bom dinheiro em suas marcas.
Se você chegou até aqui tenho certeza que sabe do que estou falando. Também sei que a KTM Super Duke é um sonho de consumo para todos os que amam as duas rodas. Se não lhe interessa pagar os R$ 79.000 reais cobrados por essa “Streetfighter'', ao menos pilotar esta “Fera” você deseja! E pode: basta acessar o site da KTM Brasil e agendar um testride, simples assim.
Fera controlável
Entusiasmados com esse novo momento que vive o Brasil, recebemos a KTM Superduke 1290 R para teste um ano após a imprensa europeia. Empolgados, por se tratar da versão mais potente da história dos modelos Duke, rodamos pouco mais de 500 quilômetros com essa “Streetfighter'', impulsionados por uma relação peso/potência de 0,95 cv/kg: são 180 cavalos de potência e apenas 189 quilos.
Os números sem dúvida impressionam, mas não mais que o seu conjunto. Com o slogan de “Liberte a Fera”, a KTM faz questão de salientar o desempenho da Super Duke, por se tratar da naked mais potente do mundo. No entanto, o que mais chamou a atenção foi o fato desta “Fera” ser altamente controlável. Quem já pilotou um modelo “Streetfighter” italiano sabe do que estou falando. Temperamental, as motocicletas italianas parecem ter vontade própria, exigindo muita técnica do piloto.
Já a Super Duke, embora despeje 14,7 kgf.m de torque na roda traseira, vai pra onde o piloto deseja. Um dos “culpados” é o quadro leve, feito em aço cromo-molibdênio, e o subquadro de alumínio, ambos em treliça. A estrutura trabalha em conjunto com as suspensões WP totalmente (e facilmente) ajustáveis, sendo a traseira monoamortecida com 156 mm de curso e a dianteira invertida (upside-down) com curso de 125 mm. Vale a pena mencionar também que a nova versão está com assento de 835 mm de altura. Comparado com a antiga Super Duke de 990cc, o banco é 15 mm mais baixo e acomoda melhor pilotos de menor estatura.
Veja bem, não estou dizendo que qualquer pessoa sem a menor experiência possa levá-la ao limite. Apenas afirmando que o seu conjunto – ciclística mais eletrônica embarcada – permitem ao piloto se divertir (e muito) sem sustos.
Exclusividade que conquista
Depois de ser apresentado como protótipo, o modelo lançado oficialmente em 2013 coroou a lendária gama de motos naked da KTM com uma máquina que redefiniu o termo “Streetfighter''. Um olhar para os impressionantes dados de desempenho e o design agressivo já é o suficiente para confirmar que a 1290 R é a mais extrema Duke de todos os tempos.
A nova Super Duke R também mostra até que ponto a KTM é capaz de levar seu motor mais forte. Para isso, a moto foi equipada com uma versão ainda mais potente do LC8, o motor de dois cilindros em “V” a 75º refrigerado a líquido da superesportiva RC8 R. Porém, o mesmo teve o diâmetro e o curso dos pistões aumentados para 108 x 71 mm, respectivamente, para alcançar 1.301 cm³ de capacidade.
Com isso, a KTM passa a ser uma das raras fabricantes do mundo com uma naked e uma superbike no line-up, na qual a primeira é mais potente do que a segunda, ainda que partilhem o mesmo propulsor. Nos freios, discos duplos de 320 mm mordidos por pinças radiais Brembo de quatro pistões na roda dianteira, enquanto a traseira conta com disco único de 240 mm de diâmetro e pinça de pistão duplo também da grife italiana. Ambas as rodas contam ainda com o apoio do ABS que permitem ao piloto frear todo seu desempenho sem problemas.
Além do ABS, a 1290 Super Duke R conta com um pacote eletrônico de respeito. Acelerador eletrônico (ride-by-wire) e controle de tração também estão entre os itens de série e se comunicam entre si para oferecer a experiência perfeita de acordo com o modo de pilotagem escolhido. Divididos entre “Street”, “Sport” e “Rain”, os modos são escolhidos por meio dos controles no manete esquerdo e exibidos em um display de fácil visualização do lado esquerdo do conta-giros.
Mesmo com uma série de implementos eletrônicos, o espírito de “Pronta para Correr” da KTM flui pela nova Super Duke. Tanto o sistema ABS dos freios quanto o controle de tração podem ser desligados caso o piloto descida “segurar a fera no braço”. De preferência em uma pista fechada, onde, a exemplo de outras criações da fabricante austríaca, ela também deve fazer bonito.
As principais rivais da Super Duke são a BMW S 1000 R e a MV Agusta Brutale 1090 RR, que custam R$ 67.900 e R$ 64.000, respectivamente. Os valores são substancialmente inferiores ao da representante da marca austríaca, todavia a Super Duke é sem duvida mais exclusiva, o que pode justificar seu preço.
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