Teste: Ducati Panigale Senna é mais que uma homenagem

Esportiva da marca italiana tem peças de carbono e pintura especial com produção de apenas 161 unidades

Por Aladim Lopes Gonçalves

Roberto Brandão Filho

Durante o Salão Duas Rodas 2013, a Ducati apresentou a edição especial 1199 Panigale S Senna em homenagem ao piloto de Formula 1, Ayrton Senna, que faleceu em 1º de maio de 1994, na curva Tamburello, no circuito de Ímola, na Itália. Segundo a montadora, o projeto, feito em parceria com o Instituto Ayrton Senna, foi desenvolvido para celebrar a vida e a paixão do ídolo brasileiro pelas duas rodas.

Exclusiva para o mercado nacional, a série especial da superesportiva italiana é limitada a 161 unidades (mesmo número de GPs que o brasileiro disputou na F1) e tem preço público sugerido de R$ 100 mil. As vendas e reservas já foram iniciadas, mas a produção das motos na planta da Ducati em Manaus (AM) começará somente em agosto.

A fim de oferecer uma experiência única à imprensa especializada, foram convidados apenas cinco jornalistas para desfrutar de toda exclusividade da 1199 Panigale S Senna no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Não por acaso. Quando o circuito passou por reformas para se adequar às exigências da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Senna participou ativamente do projeto e ajudou a idealizar o trecho final da reta dos boxes, a curva mais tarde chamada de “S do Senna”. Então, nada mais nostálgico e emocionante que encarar o “S do Senna” com a Ducati S Senna.

Antes de entrar na pista, os representantes da Ducati e do Instituto Ayrton Senna conversaram com os jornalistas e exibiram um vídeo com imagens das mais marcantes corridas e frases de Senna. Com os pelos do corpo arrepiados e a emoção à flor da pele, era hora de montar na Ducati 1199 Panigale S Senna e “rabiscar” o asfalto de Interlagos.

Ao apertar o botão de ignição da edição especial, nota-se a primeira grande mudança. A Ducati 1199 Panigale S Senna é dotada de um novo sistema de exaustão. São duas ponteiras de escape da marca Termignoni, localizadas sob a motocicleta, que deixa o ronco do motor Superquadro de dois cilindros em “L” e 1.198 cm³, mais grave e agressivo, acelerando ou não. Em marcha lenta, passando pelos boxes, o grave rugir do propulsor era uma sinfonia para os ouvidos.

Logo na saída, na reta oposta de Interlagos, a vontade era de girar o acelerador de forma insana e chegar ao limite desta Panigale Senna. No entanto, antes era necessário aquecer os pneus Pirelli Diablo Supercorsa SP, de medidas 120/70 ZR17 na frente e 200/55 ZR17 atrás – que calçam rodas Marchesini em liga leve de três pontas na cor escolhida por Ayrton Senna, o vermelho abóbora. Ao atingir a temperatura ideal, os calçados da marca italiana “grudam” no chão feito chiclete, com desempenho muito próximo dos pneus utilizados em competições, chamados de “slick”.

Apesar de a vontade ser grande, abusar e chegar ao limite da moto não estava no cronograma do teste. Afinal, a motocicleta que pilotamos era “filha única, de mãe estéril” – algo lembrado pelos representantes da Ducati a cada saída dos boxes. Se “destruíssemos” o modelo, alguém entre os 161 felizardos ficaria sem sua motocicleta. No entanto, impossível ser “são” sobre uma esportiva como essa. Ainda mais com a relação peso/potência de 195 cv para 190,5 kg em ordem de marcha (166,5 kg a seco). Mais de um cavalo por quilo. Graças à tecnologia, há um bom remédio para controlar essa força fenomenal e manter a pilotagem segura, mesmo sobre grande exigência.

São oito níveis de controle de tração, três modos de pilotagem (“Road”, “Wet” e “Race”), acelerador eletrônico (ride-by-wire), controle de freio motor e sistema de freios ABS com ajuste de níveis. Portanto, para manter a única Ducati 1199 Panigale intacta, utilizamos o controle de tração no nível médio e deixamos o ABS ligado. No entanto, o mapa de motor escolhido foi o “Race”, que libera toda a força da motocicleta. E que força! São 13,4 kgf.m de torque máximo, sempre presentes.

Quando pilotamos a Panigale standard em outra ocasião, não acreditávamos ser possível que uma nova versão da superesportiva da marca fosse mais agressiva. Até acelerarmos a 1199 S Senna. Por conta das muitas peças de fibra de carbono recebidas – paralamas frontal e traseiro, proteção do monobraço, proteção do calcanhar e o revestimento do compartimento interno da mesa inferior – e do novo sistema de escapamento, a versão especial ficou mais leve e ainda mais “nervosa”.

Girar o cabo do acelerador por completo exige certa coragem, pois a todo instante o pneu dianteiro insiste em sair do solo. Com o sistema ride-by-wire a aceleração fica mais suave e progressiva, conforme o nível de controle de tração e mapas de motor escolhidos. No modo “Race”, a aceleração cresce de maneira rápida, mas linear e sempre constante, sem apresentar “buracos”.

Graças ao Ducati Quick Shift (DQS), sistema rápido de trocas de marcha, fazer a junção e a curva do café fica mais fácil e divertido. É só girar o cabo do acelerador e subir as marchas sem a necessidade de tirar a mão ou acionar o manete de embreagem. Ao final da reta principal, antes do “S do Senna”, a marca registrada pelo velocímetro era próxima dos 300 km/h.

Para garantir que a curva mais difícil do circuito fosse feita com segurança, nada melhor que contar com freios muito poderosos. Nas primeiras frenagens, o conjunto mostrou-se violento até demais. No entanto, após algum tempo sobre a moto, o piloto acostuma-se com a sensibilidade do manete e pedal. A agressividade some e dá lugar à confiança e progressividade.

A estabilidade e precisão nas mudanças rápidas de direção são admiráveis. Por sua leveza e pelo poder de seu motor, há de se esperar que a mudança de direção seja um tanto brusca e agressiva. No entanto, não é isso que encontramos na 1199 Panigale S Senna. Seu conjunto de suspensões de ajuste eletrônico – garfo dianteiro invertido (upside-down) Öhlins NIX30 com 120 mm de curso e balança traseira TTX36 com 130 mm de curso – tem atuação irrepreensível. Para onde a frente aponta, a moto vai. Impressionante como ficou mais fácil pilotar a Panigale na versão Senna, em comparação com a versão Standard.

Apesar de ser baseada na versão S Tricolore e carregar muitos de seus componentes, a nova Ducati 1199 Panigale S Senna é mais exclusiva, mais barata (R$ 2.900,00) e é muito mais que apenas uma homenagem. É uma superesportiva topo de linha, uma máquina nostálgica, que traz a paixão pela velocidade marcadas em “sua pele”. Ter o logo e o sobrenome do maior piloto da F1 de todos os tempos estampados nas carenagens de sua moto não tem preço. Serão apenas 161 felizardos que poderão encher a boca ao falar, “eu tenho uma Panigale S Senna”.

Confira o vídeo com a Panigale Senna

 

FICHA TÉCNICA
Motor Bicilíndrico em “L”, arrefecimento líquido, 8 válvulas, sistema desmodrômico de válvulas
Capacidade cúbica 1.198 cm³
Potência máxima (declarada) 195 cv a 10.750 rpm
Torque máximo (declarado) 13,4 kgf.m a 9.000 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Monocoque em alumínio
Suspensão dianteira Garfos invertidos Öhlins NIX30 com 120 mm de curso totalmente ajustáveis eletronicamente
Suspensão traseira Balança traseira Öhlins TTX36 com 130 mm de curso, totalmente ajustável eletronicamente
Freio dianteiro Disco duplo de 330 mm de diâmetro mordido por pinças monobloco radiais Brembo de quatro pistões (ABS)
Freio traseiro Disco simples de 245 mm de diâmetro mordido por pinça de dois pistões (ABS)
Pneus 120/70-17 (diant.)/ 200/55-17 (tras.) Pirelli Diablo Supercorsa SP
Comprimento 2.075 mm
Largura 810 mm
Altura 1.110 mm
Distância entre-eixos 1.437 mm
Distância do solo Não Disponível
Altura do assento 825 mm
Peso em ordem de marcha 190,5 kg
Peso a seco 166,5
Tanque de combustível 17 litros
Cor Cinza Senna
Preço R$ 100 mil


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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