Teste: BMW R nineT é naked com forte apelo emocional

Criado para celebrar os 90 anos da marca alemã, novo modelo combina herança clássica, desempenho divertido e ainda pode ser customizada

Por Aladim Lopes Gonçalves

Arthur Caldeira

A BMW R nineT (noventa em inglês) foi a maneira que a marca alemã encontrou para celebrar os 90 anos como fabricante de motocicletas. Lançado no final do ano passado, o modelo desembarca agora no Brasil, mesclando a herança clássica do motor Boxer com transmissão final por eixo-cardã com diversas possibilidades de customização por R$ 61.500.

Além do consagrado conjunto motriz, a R nineT resgata um design simples sem carenagem com a tradicional cor preta (única opção) das primeiras BMW. Deixando de lado até mesmo os aparatos tecnológicos de motos mais modernas da marca para trazer de volta a essência simplista do motociclismo.

Ao gosto do freguês
Embora lembre a R 1200R, naked moderna da BMW, a nineT traz um chassi completamente novo. No desenvolvimento da nineT, a principal preocupação da empresa foi criar um quadro que permitisse aos consumidores personalizarem a motocicleta de acordo com seu gosto. O quadro tubular em aço incorpora o motor Boxer como parte integrante e estrutural e é composto basicamente por duas peças: uma seção frontal com a coluna de direção e uma parte traseira para a fixação do monobraço. O subquadro que sustenta o assento da garupa é de fácil remoção, permitindo que se opte por uma configuração para somente o piloto – há como acessórios um novo suporte do escapamento duplo e uma tampa feita em alumínio para dar à nineT o visual das primeiras motos café racers.

O próprio escapamento de série desenvolvido pela marca Akrapovic também foi projetado em conjunto com outros dois de diferentes estilos, e vendidos à parte como acessório. Tudo para que o motociclista possa deixar a nineT com a sua cara. Uma filosofia de customização até então associada à Harley-Davidson e que faz sua estreia em motos da marca alemã. Esse conceito e a atenção aos detalhes aparecem no clássico farol redondo, que traz ao centro um pequeno emblema da BMW – um cuidado no acabamento comum em motos da Harley.

Moderna em roupa clássica
O novo quadro, além de ser modular, abandona a exótica suspensão dianteira Telelever (com apenas um amortecedor) das atuais motocicletas BMW para dar lugar a um garfo telescópico invertido com bengalas douradas, emprestado da naked S 1000R, mas sem os ajustes.

Na traseira, o monobraço com um amortecedor traz o eixo-cardã incorporado – o tal sistema Paralever com ajuste da pré-carga da mola. Nos freios, mais toques de modernidade. Os discos duplos flutuantes dianteiros de 320 mm são mordidos por pinças de quatro pistões com fixação radial e o disco simples – também flutuante – traseiro de 265 mm de diâmetro e pinça de pistão duplo.

O painel de estilo clássico deriva da naked R 1200R com dois mostradores redondos, o velocímetro e o conta-giros. No centro uma tela de cristal líquido, mas sem a grande quantidade de informações do computador de bordo – há apenas relógio, hodômetro, a média de consumo e velocidade, além da autonomia. A eletrônica embarcada de outras BMW com diversos modos de pilotagem e controle de tração dá lugar apenas ao sistema de freios ABS (obrigatório na Europa).

E, em vez de utilizar um motor de refrigeração líquida já presente nas R 1200 GS e RT, a fábrica optou pelo tradicional Boxer de dois cilindros opostos 1.170 cm³ e refrigeração a ar. Produz suficientes 110 cv de potência máxima a 7.550 rpm para ultrapassar os 200 km/h. Porém é o excelente torque máximo de 12,15 kgf.m já a 6.000 rpm que torna a pilotagem da nineT prazerosa. Sem a necessidade de muitas trocas no câmbio de seis marchas e com “soco” suficiente para arrancadas divertidas ou passeios descompromissados em quinta marcha.

Desempenho divertido
De nada adiantaria todo esse estilo clássico se a R nineT não fosse divertida de pilotar. Mas a BMW também acertou nesse quesito. A ergonomia é típica das nakeds. O banco a apenas 78,5 cm do solo e a posição de pilotagem bem ereta, graças ao largo guidão de alumínio, fazem com que o piloto se sinta bem à vontade ao montar na moto.

O ronco do motor, que sai das duas ponteiras, é grave e instiga a acelerar. E quem curte o motor Boxer, vai se divertir em girar a manopla com o câmbio no neutro. A R nineT balança de um lado para o outro como as antigas BMW.

Ao engatar primeira marcha e partir, logo se nota que há força de sobra para carregar os 222 kg (em ordem de marcha). Dotada de rodas raiadas de 17 polegadas, a nineT proporciona uma pilotagem mais ágil e esportiva do que sugere seu estilo clássico.

Mudanças de direção são fáceis de executar e curvas são contornadas com naturalidade. As suspensões – ambas com 120 mm de curso – se mostraram macias e com boa dose de amortecimento, principalmente depois que ajustei a précarga da mola traseira. As frenagens são bem eficazes e progressivas, sem sustos.

O propulsor pode não empolgar os fanáticos por cavalarias, mas o torque abundante faz com que a R nineT arranque rapidamente e deixe os carros para trás. Já os 110 cv são mais que suficientes para se manter no limite legal de velocidade, a 120 km/h. Até mesmo porque muito acima disso, como em toda naked, faz-se notar a ausência de carenagem.

Mas a BMW R nineT é prazerosa de pilotar em um ritmo mais tranqüilo, em médios giros, sem muitas trocas de marchas e curtindo o rugido grave do motor Boxer. E a diversão não para quando se desliga o motor. É possível admirar os detalhes e imaginar uma infinidade de transformações para deixá-la (ainda) mais cool.

Talvez a única crítica vá para o preço elevado, algo inevitável nas motos BMW. Vendida a R$ 61.500, a nineT é cara para os padrões naked – até mesmo dentro da própria marca. Há outras motos do segmento a preços menores e que ofereçam mais opcionais. Entretanto, não têm o mesmo estilo clássico que celebra o passado e nem as possibilidades de customização da BMW R nineT.

FICHA TÉCNICA
Motor Dois cilindros opostos (Boxer), 4 válvulas por cilindro e refrigeração ar/óleo
Capacidade cúbica 1.170 cm³
Potência máxima (declarada) 110 cv a 7.750 rpm
Torque máximo (declarado) 12,14 kgf.m a 6.000 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final eixo-cardã
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Tubular em aço
Suspensão dianteira Garfo telescópico invertido com 120 mm de curso
Suspensão traseira Monobraço com BMW Paralever e 120 mm de curso
Freio dianteiro Disco duplo flutuante de 320 mm de diâmetro com pinças radiais de quatro pistões (ABS)
Freio traseiro Disco simples de 265 mm de diâmetro com pinça flutuante de dois pistões (ABS)
Pneus 120/70-17 (diant.)/ 180/55-17 (tras.)
Comprimento 2.220 mm
Largura 890 mm
Altura não disponível 1.265 mm
Distância entre-eixos 1.476 mm
Distância do solo não disponível
Altura do assento 785 mm
Peso em ordem de marcha 222 kg
Tanque de combustível 18 litros
Cores Preta
Preço sugerido R$ 61.500


Fonte:
Agência Infomoto

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