No dia-a-dia, qual é melhor: Street ou trail?
Para sanar esta dúvida avaliamos dois modelos da Honda, a CG 150 Titan EX e a NRX 150 Bros ESD.
Por André Jordão
Por André Jordão
Aldo Tizzani
Qual a melhor moto para encarar o trânsito carregado dos grandes centros. Uma street ou uma trail de baixa cilindrada? Para responder esta pergunta analisamos o comportamento das Honda CG 150 Titan EX e NXR 150 Bros ESD, ambas com sistema bicombustível (álcool e gasolina). Com estilos e propostas completamente diferentes, as motos apresentam algumas particularidades – usam o mesmo motor –, mas com desenhos e conjuntos ciclísticos completamente distintos. Outros fatores também são levados em consideração na hora da compra: histórico, valor das peças de reposição e liquidez. Além disso, há uma diferença de R$ 1.200,00 no preço sugerido pela montadora de entre os modelos. A CG EX custa R$ 7.490,00 e a Bros ESD sai por R$ 8.690,00.
Então vamos tirar a prova dos nove. No quesito motorização, as aparências podem enganar. Apesar das mesmas características de construção – OHC (comando simples no cabeçote), monocilíndrico, quatro tempos, arrefecimento a ar e 149,2 cm³ de capacidade cúbica –, o motor trabalha em distintas faixas úteis de utilização (diferença entre as rotações de potência e torque máximos). Rodando apenas com álcool, a CG 150 Titan EX tem potência máxima declarada de 14,3 cv a 8500 rpm e torque máximo de 1,45 kgf.m a 6500 rpm.
Enquanto a NXR 150 Bros ESD oferece 14 cv a 8000 rpm de potência máxima e 1,53 Kgf.m a 6000 rpm de torque máximo. A micro diferença de potência se dá exclusivamente pela posição do filtro de ar. A CG 150 “respira” mais, já que o filtro fica mais exposto na lateral da moto. Na Bros o filtro fica mais escondido e protegido de detritos e sujeira. Apesar de a faixa útil ser a mesma (2000 rpm), a street tem mais potência em altos giros, enquanto a trail mais torque em médias rotações.
Para auxiliar no desempenho, a Bros conta ainda com uma coroa maior, o que oferece respostas mais rápidas em rotações mais baixas. Já a CG tem coroa menor e uma relação mais alongada, principalmente nas últimas marchas (4ª e 5ª), garantindo uma maior velocidade final.
Ciclística
Na parte ciclística, a diferença começa no desenho e na geometria do chassi. Na CG 150 EX, quadro tipo diamante, no qual o motor faz parte da estrutura. Esta configuração é mais suscetível à torção, porém garante maior maneabilidade ao piloto. A Bros ESD conta com o tradicional berço semiduplo, que abraça e protege o motor na parte inferior. O chassi da trail é praticamente o mesmo da CRF 230 (modelo de competição off-road), o que lhe garante maior rigidez e robustez. Na prática, isso significa mais controle da moto no fora-de-estrada.
No árduo trabalho de transpor buracos, ondulações, piso irregulares ou trechos de terra, as motos contam com propostas completamente diferentes. Na dianteira vantagem para a Bros. Isso em função dos 180 mm de curso do garfo telescópico da Bros, contra 130 mm na CG 150 Titan EX. Na trail o poder de absorção e retorno é mais rápido, como nas motos de competição.
Na traseira, a CG conta com sistema bichoque, com 101 mm de curso (bichoque), contra 150 mm de curso do modelo trail (monoamortecida). Essa diferença se dá pela proposta de trabalho incorporado na linha CG há mais de 30 anos, já que os amortecedores são fixados lateralmente no eixo da roda. Detalhe: rodando em um piso muito ondulado o pneu traseiro da CG pode até quicar. No caso da Bros, o alinhamento do amortecedor com a roda força o pneu para baixo, oferecendo maior aderência em pisos irregulares. Outros fatores que colaboram para uma maior poder de absorção são as rodas raiadas e os pneus de uso misto.
No item frenagem, o comportamento das motos foi muito semelhante, já que ambos os modelos estão equipados com disco simples de 240 mm de diâmetro, com pinça de dois pistões, na dianteira. Na traseira, o tradicional freio a tambor. O conjunto oferece respostas rápidas e eficientes.
Conforto e ergonomia
Em função de seu estilo, a NXR 150 Bros ESD oferece uma melhor postura e, consequentemente, maior conforto para o piloto. Reflexo do guidão aberto e mais alto, que passa com facilidade por cima dos retrovisores da maioria dos carros de passeio. Além disso, a trail da Honda tem uma maior distância do solo (244 mm), que pode fazer a diferença na hora de cruzar uma área alagada.
Já a CG 150 Titan EX é mais ágil nas mudanças de direção em função de um entre-eixos mais curto (1.315 mm, conta 1.353 mm da Bros). A CG também é mais fácil de pilotar, pois é mais baixa, o que ajuda bastante na realização de manobras. Ambos os modelos contam com assentos em dois níveis e com espuma de boa densidade.
Para quem não gosta de rodar com mochila nas costas, a Bros oferece ainda um generoso bagageiro no qual é possível instalar um bauleto. Na CG EX não há bagageiro como item de série. Para se colocar o baú é necessário a retirada das alças do garupa e a instalação de um bagageiro. A versão mais esportiva da CG conta ainda com rodas de liga leve e a polêmica moldura do farol com piscas embutidos.
Conclusão
Ambas as motos são muito equilibradas e ágeis no dia-a-dia. A CG leva vantagem na tradição, versatilidade, robustez, autonomia, peças de reposição mais baratas e alto valor de revenda. Além disso, a CG 150 EX é um modelo verdadeiramente “urbanóide”, lapidado por mais de 35 anos para ser uma trabalhadora nata, mesmo na sua versão topo de linha. O preço sugerido pela Honda é de R$ 7.265,00.
Já a Bros é mais robusta e tem a capacidade de enfrentar estradas de terra, oferecer maior nível de conforto, além de responder melhor em rotações mais baixas. O que pesa contra é a altura do assento (830 mm, contra 792 mm da CG), o estilo “cross” e o preço sugerido - R$ 8.690,00. Ou seja, no trânsito urbano dos grandes centros quem “manda” ainda é a CG 150. Um best-seller que evoluiu com o tempo.
Ficha Técnica:
NXR 150 Bros ESD Mix (versão bicombustível)
Motor: OHC, monocilíndrico, 4 tempos, arrefecido a ar
Cilindrada: 149,2 cc
Potência Máxima: 14,0 cv a 8.000 rpm
Torque Máximo: 1,53 kgf.m a 6.000 rpm
Diâmetro x Curso: 57,3 X 57,84 mm
Sistema de Alimentação: Injeção Eletrônica PGM-FI
Taxa de Compressão: 9,5 : 1
Ignição: Eletrônica
Partida: Elétrica
Transmissão: 5 velocidades
Embreagem: Multidisco em banho de óleo
Sistema de Lubrificação: Forçada, por bomba trocoidal
Suspensão:
Dianteira: Garfo telescópico com 180 mm de curso
Traseira: Duplo amortecedor com 150 mm de curso
Freios:
Dianteiro: Disco de 240 mm de diâmetro e cáliper de dois pistões
Traseiro: Tambor com 110 mm de diâmetro
Pneus:
Dianteiro: 90/90-19M/C 52P
Traseiro: 110/90-17M/C 60P
Chassi: Berço semiduplo
Altura do Assento: 830 mm
Distância Mínima do Solo: 244 mm
Dimensões (C x L x A): 2.036 X 810 X 1.138 mm
Distância entre-eixos: 1.353 mm
Tanque de Combustível: 12 litros
Peso Seco: 119,1 kg
Cores: Preta, vermelha e laranja
Preço: R$ 8.690,00
Ficha Técnica:
CG 150 Titan Mix EX (versão bicombustível)
Motor: OHC, monocilíndrico, 4 tempos, arrefecido a ar
Cilindrada: 149,2 cc
Potência Máxima: 14,3 cv a 8.500 rpm
Torque Máximo: 1,45 kgf.m a 6.500 rpm (álcool)
Diâmetro x Curso: 57,3 X 57,84 mm
Sistema de Alimentação: Injeção Eletrônica PGM-FI
Taxa de Compressão: 9,5 : 1
Ignição: Eletrônica
Partida: Elétrica
Transmissão: 5 velocidades
Embreagem: Multidisco em banho de óleo
Sistema de Lubrificação: Forçada, por bomba trocoidal
Suspensão:
Dianteira: Garfo telescópico com 130 mm de curso
Traseira: Duplo amortecedor com 101 mm de curso
Freios:
Dianteiro: Disco de 240 mm de diâmetro e cáliper de dois pistões
Traseiro: Tambor com 130 mm de diâmetro
Pneus:
Dianteiro: 80/100-18M/C 47P
Traseiro: 90/90-18M/C 57P
Chassi: Diamond
Altura do Assento: 792 mm
Distância Mínima do Solo: 165 mm
Dimensões (C x L x A): 1.988 X 730 X 1.098 mm
Distância entre-eixos: 1.315 mm
Tanque de Combustível: 16,1 litros
Peso Seco: 116,9 kg
Cores: Vermelha, preta, cinza metálica e laranja metálica
Preço: R$ 7.265,00
Fotos: Caio Mattos e Renato Durães
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