Kawasaki Z1000 é um monstro domável
Apesar do grande porte, naked de 1.000cc é bastante maneável e potente na medida certa.
Por André Jordão
Por André Jordão
Arthur Caldeira
Recém chegada ao Brasil, a nova versão da Kawasaki Z 1000 é praticamente um estandarte do segmento de muscle nakeds. Seu visual agressivo e porte musculoso impressionam. Chegam até a assustar. Mas só até montá-la. O assento fica a apenas 815 mm do solo e seu tanque, apesar de largo, proporciona bom encaixe para as pernas. O guidão aberto completa a boa ergonomia desse “monstro” japonês.
No painel compacto, montado sobre o guidão, chama atenção a lente amarela que cobre a tela de cristal líquido com velocímetro digital, conta-giros e as informações necessárias. Distrai o piloto antes de uma das grandes atrações do modelo despertar: o propulsor de quatro cilindros em linha e 1.043 cm³ que garante a Z1000 o desempenho digno de uma esportiva.
Motorzão
Os números, assim como toda a moto, são superlativos: 138 cv de potência máxima a a 9.600 rpm e absurdos 11,2 kgf.m de torque máximo a 7.800 rpm. Porém não se assuste. Toda essa cavalaria vem de uma forma bastante amigável e linear, sem sustos.
Não confunda essa docilidade, entretanto, com baixo desempenho. Em altos giros, passando das 8.000 rpm, essa naked se comporta como uma superesportiva. Afinal, o motorzão de 1.000cc foi herdado de versões anteriores da nervosa Ninja ZX-10R. Mas domesticado para garantir que seja possível desfilar o belo design dessa Kawa em um passeio pela cidade – sem o desconforto dos semi guidões e da pilotagem racing das esportivas.
O guidão aberto e a posição das pedaleiras garantem uma postura relaxada, típica das nakeds e ideal para o uso urbano. Sacrificando é claro a proteção aerodinâmica oferecida pelas carenagens integrais das superesportivas em alta velocidade. E a Z1000 passa com facilidade dos 200 km/h.
Ciclística precisa
Mas a vocação da Z1000 para uma pilotagem mais radical não fica restrita ao desempenho do motor. Os engenheiros da casa da Akashi projetaram um conjunto ciclístico preparado para velocidades bem acima dos três dígitos e curvas bastante inclinadas.
O quadro de dupla trave superior poderia equipar qualquer superesportiva de gerações anteriores. Mesmo em condições extremas, como esse teste feito em uma pista fechada, o conjunto demonstra rigidez na medida mantendo a Z1000 na trajetória em curvas de alta.
Elogios também vão para as suspensões. Na dianteira, escondido sobre os protetores que ajudam a dar o porte “musculoso” a essa naked, está um garfo telescópico invertido de 41 mm de diâmetro, ajustável. Aí se percebe que as diferenças entre a Z1000 e sua irmã menor, a Z 750, vão além da maior capacidade cúbica. As suspensões da “milzona” têm visivelmente especificações melhores que as da 750cc. Na traseira, o conjunto mola amortecedor, também ajustável, mantém a balança no solo com eficácia.
Os freios a disco em ambas as rodas possuem praticamente as mesmas especificações de uma moto esportiva: disco duplo de 300mm de diâmetro na dianteira com pinças Tokico de fixação radial e quatro pistões opostos. Deve ser ainda melhor na versão com ABS, que também está disponível por aqui.
Superlativa
Em poucas palavras, pode-se dizer que a muscle naked da Kawasaki faz tudo demais: acelera demais, freia demais, deita demais nas curvas... Pode não ser uma excelência e nem a melhor do mundo em cada um desses quesitos, mas não decepciona.
Não seria exagero dizer que a Kawasaki Z 1000 consegue reunir o melhor de dois mundos: o desempenho de uma esportiva com o conforto de uma naked. Já que para seu porte avantajado e seus 218 Kg (em ordem de marcha) tem uma maneabilidade que merece aplausos. Bem posicionado, o motociclista mais experiente se surpreende como uma 1.000 cc pode ser tão fácil de domar. Ideal para quem quer ter na garagem uma moto radical e potente, mas sabe que não é todo dia que se coloca o macacão para acelerar na pista.
Não é a toa que o segmento das nakeds de grande capacidade vem ganhando fãs nos últimos anos. Praticamente todas as fabricantes já têm um modelo em seu line-up. Até então, apenas a Suzuki B-King 1300 e a BMW K1300R estavam disponíveis no Brasil. Agora a Kawa Z 1000 chega com atributos para disputar essa briga. Além de suas qualidades técnicas, tem no preço de R$ 46.990, inferior às concorrentes, outro bom argumento de vendas.
Ficha Técnica:
Motor: 4 cilindros em linha, DOHC, 16 válvulas, com arrefecimento líquido
Capacidade cúbica: 1.043 cm³
Potência máxima: 138 cv a 9.600 rpm
Torque máximo: 11,2 kgfm a 7.800 rpm
Alimentação: Injeção eletrônica
Capacidade do tanque: 15 litros
Câmbio: 6 velocidades
Suspensão dianteira: Garfo invertido de 41 mm
Suspensão traseira: Back-link horizontal com amortecedor a gás
Freio dianteiro: Disco duplo de 300 mm e pinça com 4 pistões
Freio traseiro: Disco simples de 250 mm
Chassi: Tubular duplo em alumínio
Dimensões (C x L x A): 2.095 mm x 805 mm x 1.085 mm
Altura do assento: 815 mm
Altura mínima do solo: 140 mm
Entre-eixos: 1.440 mm
Peso em ordem de marcha: 218 kg / 221 kg (ABS)
Cores: Preta e prata
Preço público sugerido: R$ 46.990,00 / R$ 49.990,00 (ABS)
* O piloto usou capacete Nuvo Dragon e macacão Dainese Red Line Prof.
FOTOS: Gustavo Epifanio
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