Honda CB 1000R é fera domada pela eletrônica embarcada
Novidade da fabricante japonesa conta com avanços tecnológicos para ser amigável em qualquer condição de uso
Por Gabriel Carvalho
Por Gabriel Carvalho
Um dos lançamentos mais aguardados desde o anúncio de uma série de novidades para 2019 no fim do ano passado, a Honda CB 1000R chega ao mercado neste mês por R$ 58.690. O primeiro lote, com 140 unidades, já foi vendido e há fila de espera para uma nova fornada do modelo, pois mais de 260 motos foram reservadas durante a pré-venda.
A fabricante ainda vai entender como o consumidor vai reagir à novidade, mas pelos números até o momento a produção provavelmente terá de ser acelerada - a marca diz que, com a estrutura atual em Manaus, pode produzir até 2.000 unidades da Honda CB 1000R em um ano.
Nesta senama, a marca promove a apresentação do modelo para a imprensa especializada e o MOTO.com.br teve o primeiro contato com a nova naked, que traz para o Brasil o conceito Neo Sports Café.
Ao ver a Honda CB 1000R, o primeiro elemento que chama a atenção é o design. O Neo Sports Café pretende unir o estilo clássico das motos Café Racer com linhas modernas. Aos olhos, o resultado é bastante agradável e o conjunto é equilibrado e imponente. Alguns toques de modernidade ficam bem visíveis, como a iluminação toda em LED - o farol dianteiro é um caso à parte, com um desenho que se destaca imediatamente.
Outros não são visíveis a olho nu, como o escapamento de duas câmaras, que permite ao propulsor de quatro cilindros em linha e 998,4 cm³ de cilindrada ter dois picos de torque. O valor máximo de 10,19 kgf.m é atingido a 8.000 giros, quando as duas câmaras estão cheias. Quando só a primeira está cheia de gases, o espaço preenchido permite que o motor entregue força em baixas rotações, dando ao piloto agilidade nas saídas.
No primeiro dia de contato com a CB 1000R, saímos de São Paulo rumo a Porto Feliz, distante cerca de 120 quilômetros da capital paulista. Entretanto, não fizemos a rota mais rápida e desviamos pela Estrada dos Romeiros, estrada famosa por ser sinuosa - o que faz a alegria dos motociclistas.
Se o clima não colaborou com o nosso passeio, já que choveu torrencialmente praticamente o tempo todo, o lado positivo é que foi possível avaliar o modo "Rain" - um dos quatro modos de pilotagem disponíveis para a nova naked da Honda. Nele, o nível de potência é o mais baixo possível, enquanto o controle de tração e o freio-motor estão no máximo.
Na sequência de curvas da Estrada dos Romeiros, a moto se mostrou bastante firme e segura. Mesmo em momentos que o acelerador foi exigido de modo um pouco mais agressivo, a moto respondeu sem patinar e só um piloto com muita sensibilidade vai notar a ação do controle de tração. Já o freio-motor no nível mais elevado foi muito útil para evitar o uso em excesso dos freios na aproximação para as curvas.
Ao sair da Estrada dos Romeiros, voltamos para a Rodovia Castelo Branco e mesmo seguindo com o modo para piso molhado, já que ainda chovia, a motocicleta da Honda tinha força e potência suficientes para retomadas vigorosas sem a necessidade de reduzir uma marcha.
Para retornar a São Paulo, porém, o trajeto escolhido pela Honda foi a Castelo Branco, o que tornou o caminho praticamente uma linha reta. O clima ajudou e foi possível experimentar os outros dois modos pré-estabelecidos pela fabricante, "Standard" e "Sport" - o quarto modo é o "User", que permite ao piloto ajustar os níveis de potência, controle de tração e freio-motor manualmente.
O primeiro modo do dia foi o "Standard", que entrega um pouco mais de potência e reduz os níveis de controle de tração e de freio-motor. Na saída já é possível notar uma motocicleta um pouco mais forte e respostas mais rápidas aos comandos do piloto no acelerador eletrônico. Após alguns quilômetros rodados no "Standard", era hora de partir para o modo "Sport", no qual os 141,4 cv podem ser explorados sem restrições.
Isso na teoria, pois somente em um circuito poderíamos levar a Honda CB 1000R além dos limites estabelecidos pela lei brasileira nas rodovias. Manter a velocidade na casa dos 120 km/h e não ceder aos encantos da naked para acelerar mais era tentador. Ao sair do zero, a aceleração da CB 1000R no modo "Sport" impressiona - não custa lembrar que, segundo a fabricante, a naked vai de 0 a 130 km/h mais rápido do que uma CBR 1000RR Fireblade, a superesportiva da marca.
Para variar entre os modos de pilotagem disponíveis, basta acessar os comandos no punho esquerdo, semelhantes ao da Fireblade. O painel, totalmente digital, é novo e possui conta-giros, velocímetro, indicador de marchas, consumo médio e instantâneo, marcador de combustível e exibe o modo de pilotagem ativo, assim como os níveis de controle de tração, potência e freio-motor.
Os freios da Tokico, com discos duplos de 310 mm na dianteira e simples de 256 mm na traseira, com ABS de dois canais, são mais do que suficientes para conter os avanços da moto com segurança. Outro avanço tecnológico é o ESS (Emergency Stop Signal), que consiste em acionar automaticamente o pisca alerta em frenagens mais fortes para alertar veículos ao redor sobre uma eventual situação de emergência.
Nas curvas, as suspensões da Showa deram conta do recado. O conjunto, formado por garfo invertido de ajustes separados por bengala na dianteira - compressão e retorno no lado esquerdo, pré-carga no lado direito - e balança monoamortecida na traseira ajustável em dez níveis de pré-carga é firme e mantém a motocicleta estável com tranquilidade dentro da velocidade máxima permitida.
Variando entre os três modos, o consumo médio da CB 1000R apresentado no painel na unidade que avaliamos foi de 16,1 km/l. Independentemente do modo utilizado, a Honda CB 1000R esteve sempre na mão, sempre sob controle. A primeira impressão passada pela moto é de que se trata de uma fera que pode entregar muita selvageria, mas que é domada facilmente através da tecnologia embarcada que possui.
Tipo: DOHC, Quatro cilindros, 4 tempos, refrigeração líquida.
Cilindrada: 998,4 cc
Potência Máxima: 141,4 CV a 10500 rpm
Torque Máximo: 10,19 kgf.m a 8000 rpm
Transmissão: 6 velocidades.
Sistema de Partida: Elétrico
Diâmetro x Curso: 75,0 x 56,5 mm
Relação de Compressão: 11.6 : 1
Sistema Alimentação: Injeção Eletrônica, PGM FI
Combustível: Gasolina
Ignição: Eletrônica
Bateria: 12V - 8.6 Ah (10H)
Farol: LED
Tanque de Combustível: 16,1 litros
Óleo do Motor: 3,6 l. (2,7 litro p/ troca)
Comprimento x Largura x Altura: 2117 x 789 x 1094 mm
Distância entre eixos: 1452 mm
Distância mínima do solo: 138 mm
Altura do assento: 830 mm
Tipo: Diamond Frame
Suspensão Dianteira/Curso: Garfo telescópico / 120 mm
Suspensão Traseira/Curso: Mono-Shock / 131 mm
Freio Dianteiro/Diâmetro: A disco/ 310 mm
Freio Traseiro/Diâmetro: A disco / 256 mm
Pneu Dianteiro: 120/70ZR 17M/C (58W)
Pneu Traseiro: 190/55ZR 17M/C (75W)
Peso Seco: 199 kg
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