Facilidade na pilotagem, sem esportividade
Com design moderno, nova Yamaha XJ6 tem motor de quatro cilindros, 600cc e preço atrativo.
Por André Jordão
Por André Jordão
Arthur Caldeira
O segmento de motocicletas de 600 cc oferece diversas opções ao motociclista, já que é uma fatia de mercado bastante disputada em todo o mundo e também no Brasil. Há vários modelos como opção: Honda CB600F Hornet, Suzuki Bandit 650, Ducati Monster 696, Kawasaki Er-6n... e agora a nova naked Yamaha XJ6, que acaba de ser lançada por aqui.
O sucesso dos 600 cm³ vem principalmente do seu preço mais acessível que as 1.000 cc, além de serem mais amigáveis e figurarem como a primeira moto grande na vida de um motociclista. Pensando justamente nesses pilotos “emergentes”, a XJ6 foi apresentada no Salão de Colônia, Alemanha, em 2008 com a proposta de ser uma 600 cc com motor quatro cilindros, fácil de pilotar e confortável. Acima de tudo, o modelo Yamaha foi projetado para ser mais acessível que outras motos do segmento. Seu preço público sugerido de R$ 27.500 (sem frete e seguro), a posiciona como a 600cc de quatro cilindros mais em conta à venda no País.
Claro que para isso, a Yamaha teve de dotar a XJ6 de especificações mais modestas que a FZ6N, modelo também com motor tetracilíndrico de 600cc que não será mais comercializado no Brasil (leia box). Apesar do design moderno e agressivo, caracterizado pelo farol assimétrico e pontiagudo, a XJ6 não traz a esportividade de sua antecessora.
O novo motor de quatro cilindros em linha, duplo comando no cabeçote (DOHC), 16 válvulas, e arrefecimento líquido, é apenas externamente similar ao da Yamaha FZ6N. Tem a mesma capacidade e manteve o diâmetro e curso dos pistões (65.5 x 44.5 mm), mas ganhou novo cabeçote, virabrequim e dutos de admissão retrabalhados.
O projeto privilegiou a força em baixas e médias rotações. Tanto que o torque máximo de 6,1 kgf.m já aparece nas 8.500 rpm, 1.500 rotações mais cedo do que na aposentada FZ6N.
O resultado foi um motor mais manso que produz cerca de 20 cavalos a menos: 77,5 cv de potência máxima a 10.000 rpm. Os aficionados por números de desempenho podem torcer o nariz para a novidade. E com razão. Ao experimentar a XJ6 na pista, percebe-se que seu motor demora mais para crescer de giro e seu desempenho não pode ser comparado ao da FZ6. Mas também nota-se que o novo motor tem uma faixa de utilização mais ampla e o torque em giros mais baixos faz da XJ6 um modelo interessante para os mais inexperientes ou para aqueles que procuram uma naked de 600cc para o uso diário.
Filosofia
Concorde ou não, a filosofia da XJ6 é justamente essa: por que pagar mais por pinças de freio radiais, suspensão invertida, quadro em alumínio e um motor que gira 13.000 rpm se você roda muito na cidade e as estradas estão cheias de radares?
Tanto que sua ciclística espartana não se mostrou adequada para uma pilotagem mais radical na pista, porém devem funcionar muito bem nas ruas e rodovias.
Seu quadro tubular em aço é um dos principais responsáveis pelo peso a seco de 205 kg – a aposentada FZ6N pesava 180 kg e usava liga de alumínio. Na dianteira, a XJ6 traz garfo telescópico convencional e, na traseira, uma balança monoamortecida (com ajuste na pré carga da mola).
O conjunto de suspensões está de acordo com a proposta da moto. Ou seja, bastante equilibrado para pilotar de forma comportada, porém “mole” para suportar uma dose maior de esportividade. Assim como os freios – disco duplo, na frente, e simples, atrás – que proporcionam frenagens eficientes, mas sem aquela mordida e o “susto” de modelos mais esportivos.
Por outro lado, a XJ6 oferece bastante conforto. O desenho do banco e o encaixe das pernas no tanque garantem uma posição de pilotagem bastante natural e o assento a apenas 78,5 cm do solo passa segurança para os iniciantes em manobras e também em passeios pela cidade. O guidão, além de plano e bastante ergonômico, oferece duas posições de ajuste.
Também pensando na agilidade do novo modelo em uso urbano, a fábrica adotou um pneu traseiro mais estreito – 160/60 – para calçar a roda de liga aro 17. Com isso, a XJ6 fica mais ágil em mudanças de direção e bastante rápida para entrar nas curvas. Aos críticos de plantão, nem sempre um pneu largo na traseira é a melhor opção.
Design imponente
Mas se os engenheiros “economizaram” na ciclística, os designers não pouparam esforços na hora de traçar as linhas dessa nova naked. Apesar de sua proposta mais econômica, o visual da XJ6 é de muito bom gosto. Além do característico conjunto óptico, o design é marcado pela ausência do escapamento na traseira minimalista. A saída fica quase que “escondida” sob a moto, o que esteticamente cria uma solução diferenciada e contribui para centralizar as massas e fazer da XJ6 uma moto bastante equilibrada.
Entre as duas opções de cores, a versão branca da XJ6 é certamente mais atraente – há ainda a cor preta como opção. Outro ponto forte é o elevado nível de acabamento, com as tampas do motor pintadas e belas rodas de liga leve. Em breve também deve começar a ser vendida a versão F, com uma carenagem integral. Disponível somente na cor preta, a XJ6F terá cavalete central como item de série e preço de sugerido de R$ 30.500.
Em resumo, com preço mais acessível, a nova naked da Yamaha tem um bom custo x benefício quando se pensa que é uma 600cc de quatro cilindros. Com um design imponente, é uma boa opção para ser sua primeira moto grande. Os menos entendidos nem vão saber que a nova XJ6 tem quadro em aço e “somente” 77,5 cv. Mas se você já estiver acostumado com motos maiores, certamente vai querer 20 cavalos a mais, o quadro em alumínio... e a esportividade.
FZ6N para de ser vendida no Brasil
Com a chegada da XJ6, a naked Yamaha FZ6N deixa de ser comercializada no Brasil. Assim como acontece na Europa, ainda há algumas unidades da FZ6N nas concessionárias brasileiras por um preço bem atrativo, porém o modelo deixará de ser fabricado em todo o mundo.
Com base em suas especificações não se pode dizer que a XJ6 veio substituir a antiga FZ6, já que tem outra proposta. Além disso, a Yamaha já mostrou na Europa fotos da nova FZ8. Essa sim uma naked apimentada com motor maior e projetada para quem gosta de esportividade. Entretanto, não há previsão de comercialização da FZ8 no Brasil.
FICHA TÉCNICA:
MOTOR: Quatro cilindros em linha, DOHC, 16 válvulas, quatro tempos, arrefecimento líquido
POTÊNCIA MÁXIMA: 77,5 cv a 10.000 rpm
TORQUE MÁXIMO: 6,1 kgf.m a 8,500 rpm
ALIMENTAÇÃO: Injeção eletrônica de combustível
CAPACIDADE DO TANQUE: 17,3 litros (3,4 de reserva)
CÂMBIO: 6 marchas
TRANSMISSÃO FINAL: Corrente
SUSPENSÃO DIANTEIRA: Garfo telescópico convencional, com 130 mm de curso
SUSPENSÃO TRASEIRA: Balança monoamortecida com 130 mm de curso
FREIO DIANTEIRO: Disco duplo de 298 mm de diâmetro
FREIO TRASEIRO: Disco de 245 mm de diâmetro
CHASSI: Tubular em aço do tipo diamante
ALTURA DO ASSENTO: 785 mm
ALTURA MÍNIMA DO SOLO: 140 mm
DIMENSÕES (C X L X A): 2.120 mm x 770 mm x 1.085 mm
ENTRE-EIXOS: 1.440 mm
PESO SECO: 205 kg
CORES: preta e branca
PREÇO PÚBLICO SUGERIDO: (sem frete e seguro) R$ 27.500
Fotos: Gustavo Epifanio
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