Duelo radical entre nakeds: XJ6 e CB 600F
Com motor de quatro cilindros, modelos Yamaha e Honda têm desempenho e ciclística diferentes.
Por André Jordão
Por André Jordão
Aldo Tizzani e Arthur Caldeira
A emocionante luta entre os brasileiros Lyoto Machida e Mauricio Shogun, realizada em 8 de maio nos Estados Unidos e válida pela categoria meio pesado do Ultimate Fighting Champioship (UFC), ficou marcada pela extrema técnica e força física. Considerada uma das melhores revanches do UFC, a luta durou apenas 3 minutos e 35 segundos. Shogun nocauteou Lyoto conquistando assim o cinturão dos meio-pesados. Enquanto isso no mercado de duas rodas outra bela disputa está sendo travada entre os modelos nakeds de 600 cm³ de capacidade cúbica. De um lado a Honda CB 600F Hornet, que chegou ao país em 2004 e que foi reestilizada em 2008. De outro, a Yamaha XJ6, recém lançada pela marca dos três diapasões. Apesar de os modelos estarem equipados com motores de quatro cilindros em linha, a semelhança entre eles pára por aí.
A Honda Hornet tem comportamento mais esportivo e especificações mais topo de linha entre as 600cc. Do outro lado do ringue, a Yamaha XJ6 tem configuração mais básica, e aparece como opção de entrada no mundo das motos de quatro cilindros.
No exterior, onde há mais opções entre as nakeds de 600cc, Hornet e XJ6 não chegam a disputar mercado. Mas no Brasil, há menos modelos do segmento à disposição do consumidor, e ambas representam as marcas líderes do segmento de duas rodas. Forçando uma luta até certo ponto desigual. Afinal, suas características ciclísticas – suspensão e freios – são bastante diferentes, assim como o preço. O modelo da Honda com sistema de freios ABS custa cerca de R$ 8.000 a mais que o modelo da Yamaha (R$ 36.680, 00 contra R$ 28.500).
Round 1: Desempenho e consumo
Os propulsores de quatro cilindros em linha que pulsam em cada uma das motos, apesar do mesmo tipo de arquitetura – duplo comando no cabeçote, 600 cm³, 16 válvulas e arrefecimento líquido –, não oferecem o mesmo rendimento. A Hornet oferece 102 cv de potência máxima a 12.000 rpm e atinge mais de 200 km/h com facilidade. É claramente um motor que gira alto e tem desempenho mais radical, quase esportivo.
Já o propulsor da XJ6 não tem o mesmo vigor e nem foi projetado para isso. Os engenheiros da Yamaha privilegiaram a entrega de potência mais suave e o torque em baixas rotações. A potência máxima declarada é de 77,5 cv 10.000 rpm, portanto 24,5 cv a menos que a Hornet, mas que chegam 2.000 giros antes. Ou seja, a XJ6 oferece um comportamento mais “civilizado”, que se mostrou ideal para o uso urbano. Assim como o torque máximo de 6,1 kgf.m já nas 8.000 rpm. Ligeiramente menor que o torque da Hornet (6,53 kgf.m a 10.000 rpm), a “força” da XJ6 entretanto aparece antes.
Demonstrando claramente sua proposta de ser uma moto mais fácil de pilotar e com um comportamento mais “light”. Voltado para motociclistas novatos, ou até mesmo experientes, que terão nesta naked sua primeira grande moto.
Mas não interprete os números de forma absoluta. Apesar de girar mais, o motor da Hornet tem torque para rodar na “boa” em vias urbanas. Também seria uma opção para o uso diário. Ao mesmo tempo em que a XJ6 oferece doses de emoção quando seu propulsor trabalha em altas rotações, mas sem tanta esportividade. Subir uma serra sinuosa com a XJ6 não é menos divertido que com a Hornet.
Já diz o ditado que “cavalo anda, cavalo bebe” e a Hornet anda mais e bebe mais. Na cidade, rodou 17,8 km com um litro de gasolina, enquanto a XJ6 percorreu 19,4 km/l. Na estrada, vantagem novamente para a Yamaha que teve consumo de 21,3 km/l, enquanto a Honda consumiu 18,6 km/l.
Round 2: Ciclística e ergonomia
Na parte ciclística, as diferenças começam pelo chassi. A Hornet foi construída sobre um quadro monotrave superior fundido em alumínio. Já a XJ6 conta com uma arquitetura mais simples: tubular em aço do tipo diamante. Em ambos os casos, a estrutura é estreita e compacta, privilegiando a rigidez e, ao mesmo tempo, a boa maneabilidade do conjunto.
É no trem dianteiro que as diferenças são mais gritantes. A naked da Yamaha conta com tradicional garfo telescópico e freio de duplo disco de 298 mm de diâmetro. Já o modelo Honda traz suspensão invertida (upside-down) e discos duplos flutuantes de 296 mm e pinça de três pistões. Outro diferencial é que a Hornet oferece o sistema de freios ABS.
Apesar da maior eficiência e tecnologia embarcada do sistema de freios da Honda, a XJ6 não ficou devendo. Transmite boa dose de segurança, mesmo em situações extremas.
Na traseira, o “trivial”: balança monoamortecida com regulagens na pré-carga da mola, além de freios a disco. Para ajudar nos trabalhos de absorção de impactos, frenagem e estabilidade, tanto a XJ6 quanto a Hornet estão calçadas com pneus radiais. A diferença fica por conta da dimensão do pneu traseiro da 600cc da Honda, mais largo: 180/55 - ZR17 contra 160/60 ZR17 da naked da Yamaha. Na dianteira, as duas motos receberam pneus com a mesma medida: 120/70 ZR17.
Mas o pneu traseiro mais estreito faz da XJ6 uma moto mais ágil na cidade – com menos massa é mais fácil mudar de direção e, por exemplo, fazer um slalom. Por outro lado, a Hornet exige mais do piloto. No item conforto, leve vantagem para a Hornet, já que a moto parece feita para você.
Na XJ6, o banco é bastante confortável, mas o motociclista precisa se adaptar às curvas do novo modelo – vale dizer que o guidão da Yamaha pode ser ajustado em duas posições.
Round 3: Gosto e bolso
Para o último e decisivo round do duelo, as nakeds apresentam seus golpes mais eficientes: o design e o preço. A Yamaha XJ6, além de ser uma novidade, tem um desenho mais moderno que parece agradar a todos. Seu farol multifacetado, seu escapamento escondido sob o motor e a cor branca da unidade avaliada recebeu elogios por onde passou. Por outro lado, a Hornet já está a dois anos no mercado e a cor preta do exemplar testado não chama tanta atenção. Além disso, não são todos que gostam do conjunto óptico e do painel da naked Honda. Mas gosto é gosto e cada um tem o seu.
Briga boa mesmo está na relação custo-benefício das motocicletas. Neste quesito larga vantagem para a Yamaha XJ6. Apesar de ser mais “pacata” e com uma construção mais simples, a naked da Yamaha custa R$ 28.500 contra R$ 36.680 da Honda Hornet com ABS (preço médio praticado em seis concessionárias de São Paulo). Com a diferença de R$ 8.000, o motociclista que optar pelo modelo Yamaha pode pagar a documentação e, dependendo de seu perfil, garantir o primeiro ano de seguro da motocicleta.
Por outro lado, a CB 600F Hornet tem um comportamento muito próximo das motos esportivas e, neste caso específico, conta com a eficiência dos freios ABS. O piloto mais arrojado vai investir em adrenalina, com um pouco mais de segurança.
A conclusão é que se você quer uma moto de quatro cilindros e 600cc, com um preço mais acessível, a Yamaha XJ6 é uma excelente opção. Mas se você é um motociclista mais experiente, tem uma conta bancária mais recheada e quer esportividade, a CB 600F Hornet foi feita para você. Nessa disputa, não houve nocaute e nem decisão unânime.
FICHA TÉCNICA - Honda CB 600F Hornet
MOTOR: Quatro cilindros em linha, 599,3 cm³, 16 válvulas, DOHC, arrefecimento líquido
POTÊNCIA MÁXIMA: 102 cv a 12.000 rpm
TORQUE MÁXIMO: 6,53 kgf.m a 10.500 rpm
ALIMENTAÇÃO: Injeção eletrônica de combustível
CAPACIDADE DO TANQUE: 19 litros
CÂMBIO: 6 marchas
TRANSMISSÃO FINAL: Corrente
SUSPENSÃO DIANTEIRA: Telescópica invertida (41 mm de diâmetro e 120 mm de curso) SUSPENSÃO TRASEIRA: Balança monoamortecida (128 mm de curso e sete regulagens na pré-carga da mola)
FREIO DIANTEIRO: Discos duplos flutuantes de 296 mm e pinça de três pistões
FREIO TRASEIRO: Disco de 240 mm com pinça de pistão simples
PNEUS DIANTEIRO: 120/70 - ZR17 M/C [58W]
PNEU TRASEIRO: 180/55 - ZR17 M/C [73W]
CHASSI: mono trave superior fundido em alumínio
ALTURA DO ASSENTO: 804 mm
ALTURA MÍNIMA DO SOLO: 135 mm
DIMENSÕES (C X L X A): 2.085 mm x 760 mm x 1.090 mm
ENTRE-EIXOS: 1.435 mm
PESO: 177 kg
CORES: preta e vermelha metálica
PREÇO PÚBLICO SUGERIDO: R$ R$ 36.680,00
FICHA TÉCNICA - Yamaha XJ6F
MOTOR: Quatro cilindros em linha, 600 cm³, DOHC, 16 válvulas, quatro tempos, arrefecimento líquido
POTÊNCIA MÁXIMA: 77,5 cv a 10.000 rpm
TORQUE MÁXIMO: 6,1 kgf.m a 8,500 rpm
ALIMENTAÇÃO: Injeção eletrônica de combustível
CAPACIDADE DO TANQUE: 17,3 litros (3,4 de reserva)
CÂMBIO: 6 marchas
TRANSMISSÃO FINAL: Corrente
SUSPENSÃO DIANTEIRA: Garfo telescópico convencional, com 130 mm de curso
SUSPENSÃO TRASEIRA: Balança monoamortecida com 130 mm de curso
FREIO DIANTEIRO: Disco duplo de 298 mm de diâmetro
FREIO TRASEIRO: Disco de 245 mm de diâmetro
PNEU DIANTEIRO: 120/70 ZR17M/C (58W)
PNEU TRASEIRO: 160/60 ZR17M/C (69W)
CHASSI: Tubular em aço do tipo diamante
ALTURA DO ASSENTO: 785 mm
ALTURA MÍNIMA DO SOLO: 140 mm
DIMENSÕES (C X L X A): 2.120 mm x 770 mm x 1.185 mm
ENTRE-EIXOS: 1.440 mm
PESO: 186 kg
CORES: preta e branca
PREÇO PÚBLICO SUGERIDO: (sem frete e seguro) R$ 28.500
Fotos: Gustavo Epifanio
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