Correndo por fora: Dafra Riva vs Yamaha Factor YBR 125

Factor YBR vê Dafra Riva chegar, no ano de seu lançamento, entre os dez veículos mais vendidos deste segmento

Por Leandro Lodo

André Jordão/Agência Infomoto

O mercado de motocicletas está mudando. Antes, amplamente dominado pelas marcas japonesas, agora, praticamente todos os segmentos do setor de duas rodas abrigam marcas européias e chinesas. Não é diferente com o segmento mais competitivo deste mercado: o street até 150 cc. Representando quase 90% de todas as vendas, este nicho há anos é liderado pela Honda CG (150 cc e 125 cc) e a Yamaha Factor YBR 125. No entanto, as demais motos deste setor têm brigado por seu lugar ao sol.

A Suzuki EN 125 Yes já foi ultrapassada pela Dafra Riva, segundo fruto da parceria com a Haojue e que começou a ser comercializada no início do ano com preço para lá de agressivo: R$ 4.990. Hoje, a moto da Dafra custa R$ 5.150. Com essa reviravolta neste segmento, resolvemos colocar frente a frente duas motocicletas que hoje correm atrás da líder CG.

Econômicas e ideais para o dia-a-dia de muitos trabalhadores brasileiros, que as utilizam para fugir do ineficiente transporte público, Yamaha Factor YBR 125 e Dafra Riva 150 foram nossos veículos de uso diário. Na locomoção para o trabalho, na curta viagem no final de semana, enfim, durante duas semanas tentamos simular o uso que o consumidor faria destas duas motos. 

125 cc ou 150 cc?

Embora tenham propulsores de diferentes capacidades, 125 cc na Factor e 150 cc na Riva, o desempenho das motocicletas é bastante semelhante. Até mesmo nos números de desempenho: a Dafra declara 12,1 cv a 8.250 rpm de potência máxima e 1,11 kgfm a 6.600 rpm de torque máximo; um pouco abaixo dos números oficiais da Yamaha Factor, 12,5 cv de potência máxima a 8.000 rpm e 1,19 kgfm a 6.500 rpm de torque.

Porém, na prática, o comportamento do conjunto motor-transmissão de ambas é bastante distinto. A bordo da street da Yamaha, o piloto realiza menos trocas de marcha. A sensação é que as relações de marcha da Factor são mais longas, privilegiando a tocada urbana e também favorecendo a pilotagem rodoviária, com o motor girando menos para atingir a mesma velocidade. 

Na Riva, o motor parece encher muito mais rápido, fazendo com que o piloto troque de marchas o tempo todo. Há situações em que, mesmo dentro da cidade, a quinta marcha precisa ser engatada. Em geral, o motor da Riva parece necessitar de giros mais altos para atingir o mesmo desempenho da Factor, o que resulta em mais vibrações e um consumo maior.

Entretanto, mais importante que o desempenho numa motocicleta de pequeno porte como nossas duas concorrentes, é a economia na manutenção (veja box) e nos postos de combustível. Com arquitetura mecânica muito parecida – comando simples no cabeçote (OHC), quatro tempos e arrefecimento a ar – ambas mostraram ser companheiras econômicas para o dia a dia, mas com boa vantagem para a Yamaha. 

A Riva registrou média de consumo de 31,15 km/l na cidade e 27,44 km/l na estrada. A YBR Factor, por sua vez, marcou 33,21 km/l na cidade e 39,46 km/l em trechos rodoviários. Vale dizer que a Riva se mostrou muito mais prática ao abastecer, já que o bocal estilo competição não precisa ser tirado, ao contrário da YBR. No caso da Yamaha, além de antiquado, o sistema exige maior cuidado para não deixar a tampa cair.

Ergonomia e ciclística

Ao mesmo tempo em que as fabricantes precisam entregar um projeto barato aos consumidores do segmento street até 150 cc, a questão do conforto precisa ser bem resolvida. Pois a grande maioria dos proprietários destas motos fica horas montados sobre elas.

Após rodar muitos quilômetros com a Factor e com a Riva, concluímos que a representante da Yamaha garante mais conforto ao piloto. Não é uma questão do banco em dois níveis, muitos parecidos, mas sim da ergonomia. A Riva faz com que o piloto fique quase em cima do tanque de combustível, uma posição que cansa com o passar do tempo. Na Factor, não sentimos o mesmo cansaço.

Já o conjunto ciclístico dos modelos, suspensões e freios, traz soluções iguais. Garfo telescópico com 105 mm de curso, na dianteira, e sistema bichoque, na traseira, com curso de 77 mm na Riva, montados num quadro tubular em aço. A Factor conta também com garfo telescópico, mas com 120 mm de curso e balança com sistema bichoque com 105 mm de curso – sobre um chassi tipo diamante (com o motor fazendo parte da estrutura). Embora tragam cursos diferentes, ambas as motocicletas encaram os problemas do asfalto, sem abusar claro. 

Entretanto, outro quesito importante, os freios, mostrou uma disparidade maior. O disco simples com 240 mm de diâmetro e pinça de dois pistões da Riva passou mais segurança que o disco de 245 mm e pinça simples da YBR Factor. Ambas contam com sistema a tambor na traseira.

Visual e mercado

Como já vimos a Riva foi lançada este ano e já faz parte dos dez veículos amis vendidos do seu segmento, de acordo com o ranking de emplacamentos da Fenabrave. Foram 4.385 unidades emplacadas até junho deste ano, ante 44.999 unidades da YBR Factor. A diferença ainda é grande, mas a Riva parece conquistar aos poucos o consumidor brasileiro – como os próprios números mostram, ela já passou a Suzuki EN e a própria Dafra RTR Apache.

E se na motorização e na parte ciclística a Riva não se destaca das demais concorrentes, inclusive da sua oponente direta Factor, que se mostrou ser ainda uma moto mais preparada, seu visual pode ser seu grande trunfo no mercado.

A Riva traz um visual mais atual que a street da Yamaha, além de um painel digital completo e até um spoiler sob o motor, peça que contribui para seu ar mais moderno. Em compensação, a Yamaha não faz muita questão de renovar a Factor, que está desde o fim de 2008 com a mesma cara.

Conclusão

Quando desembarcou no Brasil a Riva precisava desbancar algumas motocicletas do segmento antes de disputar diretamente com as líderes. Isso ela conseguiu. Agora a “guerra” começa a ficar um pouco mais complicada. A Factor é um modelo consagrado e seu motor, no mercado desde 2000, é testado diariamente por milhares de motociclistas. Por outro lado, a Riva chega com ar de novidade e as credenciais da HaoJue, fabricante líder de vendas na China e parceira da Suzuki naquele país.

A versão da Yamaha testada neste comparativo foi a ED Black Edition, moto que tem preço sugerido de R$ 6.920. Já a Riva oferece os mesmos atributos que a Factor – freio a disco na dianteira e partida elétrica – com um visual e painel mais atual por R$ 5.150.

Esta pode ser a grande cartada da Dafra para consolidar a Riva como a terceira motocicleta mais vendida do segmento street até 150 cc. Mas por enquanto ainda corre por fora para alcançar a Yamaha YBR Factor e a líder Honda CG. A Riva ainda vai ter que conquistar seu espaço e a confiança do consumidor.

 

Cesta de manutenção 

Consultamos três concessionárias Yamaha e três Dafra, em diferentes regiões do País, para fazer uma média do preço da manutenção praticado de alguns itens básicos da Factor YBR e na Riva 150. Ressaltando que a Dafra está oferecendo a manutenção garantida Dafra para a Riva como promoção. Confira abaixo:

Factor YBR 125:

Kit de relação secundária – R$ 111,60

Pastilha de freio dianteira – R$ 75,00

Lona traseira – R$ 85,00

Troca de óleo – R$ 18,50

 

Riva 150:

Kit de relação secundária – R$ 66,50

Pastilha de freio dianteira – R$ 21,00

Lona traseira – R$ 23,30

Troca de óleo – R$ 18,60

 

Ficha técnica:

Yamaha Factor YBR 125 ED

Motor: Monocilíndrico, SOHC, duas válvulas, refrigerado a ar, 124 cm³

Potência máxima: 11,2 cv (8.000 rpm) 

Torque máximo: 1,13 kgfm (6.000 rpm)

Diâmetro e curso: 54,0 mm x 54,0 mm

Alimentação: Carburador Mikuni BS 25

Taxa de compressão: 10,0 : 1

Partida: Elétrica 

Câmbio: 5 velocidades

Transmissão final: Corrente

Tanque: 13 litros

Quadro: Diamond em aço

Suspensão dianteira: Garfo telescópico, com 120 mm de curso

Suspensão traseira: Balança com sistema bichoque com 105 mm de curso

Freio dianteiro: A disco com 245 mm

Freio traseiro: Tambor de 130 mm de diâmetro

Pneu dianteiro: 2.75-18 42 P 

Pneu traseiro: 90/90 - 18 42 P

Comprimento: 1.980 mm

Largura: 760 mm

Altura: 1.080 mm

Entre-eixos: 1.290 mm

Altura mínima do solo: 175 mm

Altura do assento: 780 mm

Peso: 112 kg a seco

Cores: Roxa , preta e vermelha

Preço: R$ 6.920

 

Dafra Riva 150

Motor: Monocilíndrico, quatro tempos, OHC, refrigerado a ar, 149,4 cm³

Potência: 12,1 cv a 8.250 rpm

Torque: 1,11 kgfm a 6.600 rpm

Câmbio: 5 velocidades

Alimentação: Carburador

Quadro: Tubular em aço

Suspensão dianteira: Garfo telescópico com 105 mm de curso

Suspensão traseira: Sistema Bichoque com curso de 77 mm

Comprimento: 1.995 mm

Altura: 1.095 mm

Largura: 760 mm

Entre-eixos: 1.280 mm

Altura mínima do solo: 178 mm

Altura do assento: 770 mm

Tanque: 13,3 litros

Peso (em ordem de marcha): 136 kg

Freio dianteiro: Disco simples com 240 mm de diâmetro

Freio traseiro: Tambor

Pneu dianteiro: 2.75-18

Pneu traseiro: 90/90-18

Cores: Pérola, vermelha e preta

Preço sugerido: R$ 5.150

 

Fotos: Agência Infomoto

 


Fonte:
Agência Infomoto

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br