BMW K1600 GTL: 1ª classe em duas rodas

Touring alemã traz muito conforto com som, manoplas e bancos aquecidos e faróis direcionais

Por Aladim Lopes Gonçalves

Arthur Caldeira

Seria uma heresia com os engenheiros alemães, mas não estaria exagerando ao afirmar que a nova BMW K 1600 GTL oferece o conforto digno de um carro de luxo. Além do espaçoso banco, malas laterais e top case de série com capacidade para 115 litros, o modelo GTL tem completo sistema de navegação Garmim, banco e manoplas aquecidas e traz ainda o sistema de faróis direcionais, inéditos em motocicletas.

Feita para longas viagens com muito conforto, quase como a primeira classe de um avião, a GTL cobra (caro) por isso. O modelo deve chegar ao Brasil em junho em uma versão completa, ou seja, com todos os opcionais, acessórios e mimos, por R$ 108.500 (R$ 10.000 a mais que o modelo GT).

Além de mais equipada, a GTL diferencia-se do modelo GT principalmente pela posição de pilotagem. Com pedaleiras mais avançadas e baixas e um guidão mais largo, na GTL o motociclista vai mais ereto e ainda mais confortável. Senti-me como se estivesse sentado no sofá de casa. Outra diferença, bem de acordo com a proposta mais touring da GTL, é o tanque com maior capacidade: 26,5 litros.

Tecnologia embarcada
Mas as diferenças não param por aí. Apesar de equipada com o mesmo motor de seis cilindros em linha, 1649 cm³ de capacidade e 160 cavalos de potência, os três modos de gerenciamento do propulsor – Rain, Road e Dynamic – atuam de forma diferente do modelo GT. Segundo Gerhard Müller, gerente do projeto, as respostas na GTL são ainda mais suaves. “Fizemos de acordo com a proposta do modelo, mais suavidade e conforto para longas viagens”, explicou Müller.

As suspensões da GTL também têm acertos distintos. Tanto para suportar o maior peso – a GTL pesa 348 kg em ordem de marcha, enquanto a GT, 319 kg – como para oferecer mais conforto para piloto e garupa. Mas de qualquer forma, você não vai precisar se preocupar com isso: ela conta com a segunda geração do Electronic Suspension Adjustment (ESA II).

Um ajuste eletrônico da suspensão que, por meio de um clique, permite regular a pré-carga da mola, o retorno e a compressão do conjunto. Pode-se optar por nove acertos diferentes: os modos Normal, Sport, Comfort regulam a velocidade de retorno e compressão; já a pré carga da mola pode variar somente para piloto; piloto e bagagem e piloto e garupa.

A lista de apetrechos eletrônicos para tornarem a vida do piloto mais fácil é quase infinita: controle de tração para evitar derrapagens, freios com sistema ABS, controle da pressão dos pneus, Cruise Control (piloto automático)...

Isso sem falar no completo sistema de navegação integrado ao painel da moto. Um GPS Garmim, que pode ser acessado pela tela “touch screen” ou ainda pelo punho esquerdo. Sem esquecer, é claro, do computador de bordo, que só falta trazer a previsão do tempo! O restante está tudo lá: consumo instantâneo, consumo médio, e autonomia. Para se ter uma idéia da tecnologia da moto, o sistema de navegação acessa os dados do computador de bordo e já pode indicar no mapa onde abastecer para não ficar sem combustível.

A BMW ainda inovou na GTL com o inédito sistema de faróis direcionais em motocicletas. Além de regular a altura do facho de luz levando em conta a carga sobre a motocicleta, direciona o facho em curvas tornando a pilotagem noturna ainda mais segura. E pasmem, oferece ainda a opção de escolher se está rodando na mão direita, caso do Brasil, ou, na mão esquerda, como na Inglaterra, África do Sul ou Japão.

Conforto de sobra
Assim como a eletrônica embarcada, não faltam itens de conforto na BMW K 1600 GTL. A começar pelo para-brisa ajustável eletronicamente (item ausente em sua principal concorrente, a Honda Gold Wing). Basta tocar um botão e regular a altura do para-brisa de forma a desviar o vento. Simples assim.

Os aquecedores de manopla e bancos podem parecer inúteis para rodar no verão brasileiro. Mas experimente viajar para as serras gaúchas durante o inverno. Certamente sua garupa vai gostar da idéia de poder regular o aquecimento de seu banco de forma independente. Evitando invitáveis discussões com a esposa: “põe mais quente, estou com frio...”. Na GTL você não vai ter esse problema. E a tela de cristal líquido indica quais bancos estão aquecidos ou não.

A discussão com sua garupa talvez seja sobre quem vai ocupar os 115 litros de capacidade – 33l em cada mala lateral e mais 49l no top case, que tem até amortecedor, iluminação interna e brake-light. Realmente uma capacidade de carga digna de uma station wagon das motos (exagerando, é claro). Todos os três compartimentos podem ser facilmente removidos da moto e levados para o quarto de hotel. Ou se preferir deixá-los na moto, não há problema. A GTL conta com um sistema de travas elétricas: por meio de um botão no punho ou até mesmo pelo chaveiro de alarme, podem-se trancar todas as malas e o top case.

Completando o pacote conforto, a K 1600 GTL traz um sistema de som com entrada para MP3 e Ipod com alto-falantes independentes para a garupa. Um acessório opcional ainda permite a conversa entre os dois “tripulantes” da motocicleta por meio do sistema Bluetooth, totalmente sem fios.

Para enfrentar a Honda Gold Wing
Por mais que os engenheiros da BMW neguem é impossível não pensar que a K 1600 GTL veio para brigar de frente com a Honda GL 1800 Gold Wing, sucesso de vendas nos Estados Unidos. Afinal, ambas trazem motores de seis cilindros - em linha na moto alemã e opostos na japonesa. Já nesse quesito a BMW ganha de longe: são 160 cv contra 118 cv da Honda. E a Gold Wing é mais pesada: 381 kg a seco contra 348 kg em ordem de marcha na BMW.

Apesar de trazer air-bags, a Honda Gold Wing perde para a K 1600 GTL em diversos itens de conforto. Basta dizer que o modelo japonês traz um antiquado sistema manual de ajuste do para-brisa. Mas o preço da Gold Wing, atualmente à venda no Brasil, é inferior: R$ 92.000.

Ficha técnica
Motor
Seis cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e refrigeração líquida
Capacidade cúbica 1649 cm³
Diâmetro x curso 72 mm x 67,5 mm
Taxa de compressão 12,2: 1
Potência máxima 160 cv a 7.750 rpm
Torque máximo 17,85 kgf.m a 5.250 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final Eixo-cardã
Alimentação Injeção eletrônica BMS-X
Partida Elétrica
Quadro Do tipo ponte construído em liga-leve
Suspensão dianteira Duolever com dois braços longitudinais e um conjunto mola-amortecedor com 115 mm de curso – eletronicamente ajustável
Suspensão traseira Paralever com monobraço traseiro e mola-amortecedor central com 135 mm de curso – eletronicamente ajustável
Freio dianteiro Disco duplo de 320 mm de diâmetro com pinça de fixação radial de quatro pistões com sistema ABS
Freio traseiro Disco simples de 320 mm de diâmetro com pinça de dois pistões fixos e sistema ABS
Pneus Metzeler Roadtec Z8 120/70-ZR 17 (diant.)/ 190/55- ZR17 (tras.)
Comprimento 2.489 mm
Largura 1000 mm
Distância entre-eixos 1618 mm
Distância do solo não disponível
Altura do assento 750 mm
Peso em ordem de marcha (90% do combustível) 348 kg
Tanque de combustível 26,5 litros
Preço sugerido R$ 108.500

Infomoto usou luvas Dainese; jaqueta Dainese Racing D-Dry e capacete AGV Longway II
 
Fotos: Divulgação


Fonte:
Agência Infomoto

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