Tracer 900 GT evolui em eletrônica e conforto e mantém alma esportiva

Nova geração da Sport Touring ganhou melhorias e quer disputar as vendas do segmento com Triumph Tiger 800 e BMW F 850 GS

Por Gabriel Carvalho

O que era MT-09 Tracer mudou para Tracer 900 GT. A nova geração da Sport Touring da Yamaha evoluiu na eletrônica e recebeu uma série de modificações para alçar voos mais altos: a fabricante quer brigar com Triumph Tiger 800 e BMW F 850 GS nas vendas.

Será que tantas novidades fariam da Yamaha Tracer 900 GT uma moto melhor e mais competitiva frente às rivais? Para descobrir isso, fomos convidados pela Yamaha para testar a nova geração da Sport Touring em um trajeto por estradas que levam ao litoral norte de São Paulo, com trechos sinuosos de serra e longas retas.


Foto: Stephan Solon

Mais conforto

A primeira parte do trajeto rumo ao litoral era o menos sinuoso, o que permitiu avaliar o novo assento – que segue bipartido, mas a fabricante diz que fez mudanças para torná-lo mais confortável.

Há duas opções de altura do assento: na mais baixa, a altura em relação ao solo é de 850 mm e, na mais alta, de 865 mm. Como o autor deste texto mede 1,69m, a configuração ficou nos 850 mm, o que permitia colocar os pés no chão (não totalmente, claro) sem dificuldade.

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Ao rodar por longos períodos, percebe-se a melhora no assento, que está realmente mais confortável. A Yamaha diz que o assento do garupa também está mais confortável e ampliou as alças traseiras, além de colocar as pedaleiras do garupa em uma posição mais baixa, o que não conseguimos testar no dia.

O guidão também sofreu alterações e foi encurtado – o que, teoricamente, deixaria a moto mais ‘pesada’. Na prática, isso não acontece e a vida no trânsito fica melhor para passar em espaços apertados.


Foto: Divulgação

Mais eletrônica e painel moderno

Para a Yamaha Tracer 900 GT, a fabricante incluiu o controle de tração, que tem três níveis. Os mapas de abertura das borboletas são os mesmos da MT-09 apresentada recentemente por aqui.

No ‘B’, a potência é entregue de forma mais suave; no Standard (STD), há um pouco mais de velocidade na abertura das borboletas; no ‘A’, tudo liberado e a potência é entregue sem cerimônias, como na naked da fabricante japonesa.

O controle de tração tem dois níveis: o modo 1 intervém para evitar a perda de aderência em qualquer tipo de piso e situação, enquanto o modo 2 dá um pouco mais de liberdade ao piloto antes de entrar em ação. Para os mais experientes, há ainda a opção de desligar o recurso.

Em condições normais de rodagem, quase não se nota a atuação do controle de tração, mesmo quando se exige um pouco mais do acelerador. Como o dia foi de tempo firme e caminho pelo asfalto, não foi possível avaliar o controle de tração em situações de baixa aderência.

Outro recurso da Tracer 900 GT é o quickshifter para aumento de marchas. Passando dos 3 mil giros já é possível pressionar o pedal para cima sem precisar fechar o acelerador ou acionar a embreagem. A eletrônica dá conta do recado e tudo acontece sem sustos e sem solavancos.

Para reduzir, no entanto, é necessário usar a embreagem, que agora é deslizante e auxilia nas reduções mais bruscas, além de tornar o acionamento do manete mais leve – 20% quando comparado com o da geração anterior, segundo a fabricante. Na prática, o acionamento é realmente mais leve.

O controle e a regulagem das ajudas eletrônicas é feito através de botões no punho esquerdo e visualizado no painel TFT – que é inspirado na R1, a superesportiva da fabricante. São duas as opções de visualização, com fundo claro ou escuro – a adaptação é automática, já que há um detector de luminosidade. Durante a pilotagem é fácil encontrar todas as informações no painel e modificar o parâmetro desejado.

Além disso, a nova geração da Sport Touring ainda conta com piloto automático e aquecedor de manopla, itens de conforto que são bem-vindos, especialmente levando em consideração as rivais de segmento com quem a Tracer 900 GT quer brigar.


Foto: Stephan Solon

Alma esportiva

Não se deixe enganar pela aparência touring da Tracer 900 GT . Os números do motor são os mesmos vistos na MT-09 – afinal, trata-se do mesmo propulsor: um tricilíndrico de 847 cm³, com 115 cv de potência a 10 mil giros e torque de 8,92 kgf.m a 8.500 giros.

Ao exigir mais do acelerador, a Tracer 900 GT mostra o lado esportivo com gosto: há potência de sobra para retomadas e ultrapassagens seguras, mesmo com o peso em ordem de marcha ligeiramente maior do que o da MT-09 - na naked, são 193 quilos, contra 215 quilos na Sport Touring.

A moto sobra a 120 km/h, a maior velocidade que se pode atingir de acordo com a legislação de trânsito brasileira. Se quiser superar os 120 km/h, o proprietário de uma Tracer 900 GT pode levar tranquilamente a motocicleta a um track day e se divertir bastante com o modelo, que tem fôlego para superar a casa dos 200 km/h sem dificuldades.

Além da força, há a ciclística, outra parte modificada na nova geração da Sport Touring. Na dianteira, a suspensão de garfo invertido e totalmente ajustável passa confiança mesmo na configuração padrão. Na traseira, a balança monoamortecida é nova e está mais longa, o que ampliou o entre-eixos da moto. Para ajustar a pré-carga na traseira, nada de ferramentas: basta girar o comando que fica do lado esquerdo da moto, logo abaixo do assento.

No trecho mais sinuoso do passeio, esse conjunto foi um pouco mais exigido e respondeu bem, mantendo-se na mão do piloto e atendendo prontamente aos comandos de mudança de direção. Ficou no ar a curiosidade sobre o quanto seria divertido levar a Tracer 900 GT para a pista, já que além do conjunto motor e suspensão funcionarem bem, os freios - com dois discos de 298 mm na dianteira e um de 245 na traseira - dão conta do recado.


Foto: Stephan Solon

Considerações finais

Após 336 quilômetros rodados em um dia, a impressão que fica é de que a Yamaha acertou na Tracer 900 GT e trabalhou em pontos que eram alvo de críticas e que a deixavam para trás em relação às concorrentes – como o assento e a eletrônica.

Andando majoritariamente em trechos de rodovia e variando entre os mapas de abertura das borboletas, terminamos o test ride da moto com o painel exibindo média de consumo de 21 km/l. Ao rodar na cidade tal marca deve ser inferior e ficar na mesma faixa da Tiger 800, fazendo aproximadamente 17,5 km/l.

Em termos de mercado, a Yamaha optou por trazer apenas a versão Tracer 900 GT, que é a topo de linha, para o Brasil – lá fora, há também a versão Tracer 900, que não possui o painel TFT, por exemplo.

No exterior, entretanto, a Tracer 900 GT conta com malas laterais de série. A justificativa da fabricante ao não trazer as malas foi a de tornar o preço da moto mais competitivo. Pelo menos por enquanto, as malas não serão trazidas nem como opcionais – algo que a Yamaha poderia rever levando em consideração que uma moto como a Tracer 900 GT geralmente é colocada na estrada para viagens.

Em versão única, portanto, a nova geração da Sport Touring da Yamaha, agora Tracer 900 GT, tem preço sugerido de R$ 49.390 (sem frete). A fabricante oferece um ano de garantia para o modelo, sem limite de quilometragem.

No papel, as rivais da moto da Yamaha são a Triumph Tiger 800 XRx, que parte de R$ 49.390, e a BMW F 850 GS Premium+ TFT, com preço que varia entre R$ 49 mil e 52 mil, dependendo da concessionária.

As rivais são menos potentes – 80 cv na BMW F 850 GS e 95 cv para a Triumph Tiger 800 – mas trazem um pouco mais de tecnologia embarcada, especialmente na variedade de modos de pilotagem.

De qualquer forma, a Tracer 900 GT se reforçou e agora pode se colocar como mais uma das boas opções no segmento dentro dessa faixa de cilindrada. A Yamaha quer o topo e, pelo preço e desempenho que oferece, a nova geração da Sport Touring da fabricante tem tudo para entrar com força nessa briga.

Confira a ficha técnica da Yamaha Tracer 900 GT:

MOTOR Motor DOHC, 12 válvulas, Arrefecimento a líquido, 4 Tempos
Cilindrada 847
Quantidade de Cilindros 3
Potência Máxima 115 cv/10.000 rpm
Torque Máximo 8,92 kgf.m/8.500 rpm
Alimentação Injeção Eletrônica
Sistema de Partida Elétrica
Peso em ordem de marcha 215 kg
Câmbio 6 velocidades
SUSPENSÃO Dianteira Garfo telescópico Invertido (Upside Down)
Curso da Suspensão Dianteira 137 mm
Traseira Balança traseira tipo Monochoque com link
Curso da Suspensão Traseira 130 mm
FREIOS Dianteiro Dois discos ventilados e flutuantes de 298 mm, duas pinças de 4 pistões cada e sistema anti bloqueio (ABS)
Traseiro Disco simples de 245 mm e pinças simples de um pistão
DIMENSÕES Altura do assento 850 / 865 mm
Comprimento total 2160 mm
Largura Total 850 mm
Altura Total 1.375 mm
Altura mínima do solo 135 mm
Distância entre eixos 1500 mm
Tanque de Combustível 18 L (3,4 L reserva)

Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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