Teste: Thruxton R acrescenta bom desempenho ao estilo café racer
Motor bicilíndrico de 97 cv, além de suspensões e freios de grife, fazem da nova clássica moderna da Triumph mais do que apenas uma moto bonita
Por Alexandre Ciszewski
Por Alexandre Ciszewski
Farol redondo, dois mostradores analógicos no painel, semi-guidões com espelhos retrovisores nas extremidades, banco único com uma capa sobre o assento da garupa, tanque com encaixe para os joelhos. Enfim, detalhes bem-acabados que fazem da nova Triumph Thruxton R uma cafe racer de cair o queixo. Mas se engana quem pensa se tratar apenas de uma versão esportiva da clássica Bonneville T 120. Ela é mais do que isso.
Lançada no Brasil em setembro, a Thruxton R acrescenta uma boa dose de desempenho ao seu visual de moto de corrida dos anos de 1950. Além de um motor retrabalhado para oferecer mais potência e torque, a moto mais cara da linha de clássicas modernas da Triumph tem freios, suspensões e pneus topo de linha para justificar o preço de R$ 55.500.
- Confira o vídeo da Triumph Thruxton R
Altos giros
Externamente, o bicilíndrico paralelo de 1.200 cc, refrigeração líquida e oito válvulas da Thruxton R é semelhante ao da Bonneville, mas tem mudanças internas que lhe renderam mais desempenho e a alcunha de “High Power”. Com uma engrenagem volante mais leve no virabrequim, o motor da Thruxton cresce de giros rapidamente e responde ao acelerador com um ímpeto surpreendente. A marca declara 97 cv de potência máxima a 6.750 rpm contra os 80 cv da Bonneville.
Se a cavalaria não impressiona, não deixe os números lhe enganarem. Afinal é a plana curva de torque, com mais de 80% já disponível a 2.500 giros, que fazem as acelerações da Thruxton R tão impressionantes. O par máximo, de 11,4 kgf.m a 4.950 rpm, também é maior do que os 10,7 kgf.m da sua irmã mais clássica.
O bom torque do motor economiza as trocas no câmbio de seis velocidades na cidade – pode-se rodar em quinta marcha a 2.000 giros sem engasgos. Já a embreagem deslizante e assistida contribui para um acionamento macio do manete e ajuda a evitar trancos, caso você queira acelerar de verdade ao invés de apenas desfilar com o modelo.
A “força” de sobra faz o vigoroso bicilíndrico superar facilmente a aderência dos bons pneus Pirelli Diablo Rosso Corsa nas saídas de curva. Nessa hora, pode-se entender a adoção de um controle de tração na Thruxton R. Há ainda o auxílio de freios ABS que, assim como o controle de tração, pode ser desligado. O acelerador eletrônico permite também escolher entre três modos de pilotagem: Road, Sport e Rain. Mas, acredite, ao menos que você encare uma tempestade de verão, não vai querer tirar do modo Sport.
Ciclística esportiva
Afinal, a Triumph não aprimorou apenas o motor da Thruxton. Nesta versão “R”, a única vendida no Brasil, a fábrica inglesa apostou em grifes famosas e especificações esportivas nas suspensões e freios. Na dianteira, o garfo telescópico invertido Showa com tubos de 43 mm permite múltiplos ajustes. Na traseira, uma dupla de amortecedores Öhlins com reservatório a gás em separado confere não apenas um visual esportivo, mas também ajuda a manter a roda traseira no chão mesmo em curvas de alta velocidade. Embora firme, o conjunto de suspensão não compromete a agilidade da Thruxton R no uso urbano e em velocidades mais baixas.
Com um ângulo de cáster menor (22,8°) e uma distância entre eixos reduzida em relação à Bonneville, o conjunto ciclístico da moderna cafe racer se iguala ao bom desempenho do motor. As rodas raiadas de alumínio contribuíram para diminuir a massa não suspensa. O resultado são rápidas mudanças de direção e estabilidade nas curvas.
A parte ciclística é completada pelos ariscos freios. Os dois discos dianteiros de 310 mm com pinças radiais monobloco da marca Brembo até assustam de início, mas depois se mostram necessários para conter a aceleração do motor e praticamente “estancam” os 203 kg a seco da Thruxton R. Na traseira, há um disco único de 220 mm com pinça Nissin de dois pistões.
Cuidado nos detalhes
O desempenho do motor e o comportamento do chassi da Triumph Thruxton R é mais do que qualquer fã de cafe racer pode desejar. Mas como o público alvo deste segmento de clássicas modernas quer uma moto com estilo e personalidade, a Triumph não economizou nos detalhes.
A mesa de direção polida e cromada é quase uma obra de arte. A faixa de metal sobre o tanque remete ao sistema utilizado para abastecer as motos de corrida no passado – na pressa, ao invés de encher, os mecânicos trocavam o tanque. Até mesmo a tampa do tanque de combustível com capacidade para 14,5 litros tem seu charme de época.
Os corpos de injeção ganharam uma cobertura que imita carburadores antigos. A caixa do filtro de ar traz “recortes” para imitar o que faziam os preparadores antigamente. As duas ponteiras de escapamento de aço escovado emitem um ronco instigante e são tão bem-acabadas que, certamente, vão povoar o sonho de todo customizador de motos. Mas muitos deles seriam capazes de criar um para-lama dianteiro mais atraente – o suporte de fixação da peça feito em plástico destoa do cuidado que a fábrica inglesa empregou em outros itens.
A nova Triumph Thruxton R tem algumas desvantagens, como toda cafe racer. O banco é alto (810 mm) e dificulta a tarefa de estacionar a moto, além de não ter espaço (e nem as pedaleiras) para a garupa. O cavalete lateral, difícil de ser alcançado, também merece crítica.
Mas nada disso é suficiente para desanimar quem queira ter uma dessas na garagem. Exceto pelo alto valor. Vendida a R$ 55.500, a Thruxton R concorre com modelos mais versáteis na mesma faixa de preço. Motos mais práticas e com melhor custo-benefício, mas dificilmente com tanto estilo como essa cafe racer inglesa.
Ficha Técnica
Triumph Thruxton R
Motor Dois cilindros paralelos, oito válvulas, SOHC e arrefecimento líquido
Diâmetro x Curso 97,6 mm x 80 mm
Taxa de compressão Não disponível
Capacidade 1200 cm³
Potência Máxima 97 cv a 6.750 rpm
Torque Máximo 11,4 kgf.m a 4.950 rpm
Sistema de Alimentação Injeção Eletrônica
Partida Elétrica
Câmbio 6 velocidades
Embreagem Multidisco banhada a óleo e assistida
Transmissão final Corrente
Suspensão
Dianteira Garfo telescópico invertido Showa com tubos de 43 mm e 120 mm de curso totalmente ajustável
Traseira Dois amortecedores Öhlins com reservatório de gás em separado, 120 mm de curso e totalmente ajustável
Freios
Dianteiro Discos duplos flutuante de 310 mm, com pinças monobloco Brembo de quatro pistões fixadas radialmente e sistema ABS
Traseiro Disco simples de 220 mm, com pinça Nissin de dois pistões e sistema ABS
Pneus
Dianteiro Pirelli Diablo Rosso Corsa 120/70-ZR 17
Traseiro Pirelli Diablo Rosso Corsa 160/60-ZR 17
Quadro Berço em aço tubular
Comprimento 2.105 mm
Altura do Assento 810 mm
Distância Mínima do Solo não disponível
Distância entre-eixos 1.415 mm
Tanque de Combustível 14,5 litros
Peso (a seco) 203 Kg
Cores: Cinza, Vermelha e Preta fosca
Preço: R$ 55.500
TEXTO: Arthur Caldeira /Agência INFOMOTO
FOTOS: Duda Bairros /Agência INFOMOTO
Receba notícias de moto.com.br
Envie está denúncia somente em caso de irregularidades no comentário