Teste: Menor e agressiva, assim é a MV Agusta Brutale 800

Naked da fabricante italiana conta com motor de três cilindros e vem recheada de eletrônica por R$ 47 mil

Por Aladim Lopes Gonçalves

Roberto Brandão Filho

Montada por sistema CKD na fábrica da Dafra, em Manaus (AM), a MV Agusta Brutale 800 faz a estreia da linha 800 e a chegada dos modelos de três cilindros da marca italiana no Brasil. O desenho da nova máquina segue as linhas da Brutale 1090, já conhecida do público brasileiro: o design do tanque com entradas de ar, as aletas que protegem o radiador e o farol excêntrico, por exemplo, são itens herdados de sua irmã maior, assim como o monobraço que segura a roda traseira.

Já o escape abre mão dos dois canos longos para adotar uma ponteira tripla mais curta, próxima ao quadro. São duas opções de cores: vermelho metálico com prata e branco perolizado com vermelho. Cheia de recursos eletrônicos e tecnologias avançadas, a Brutale 800 já está à venda nas concessionárias da marca por um preço público sugerido de R$ 47.000.

Três cilindros
Diferente dos outros modelos MV Agusta já presentes no País, a nova Brutale 800 traz um motor de três cilindros em linha de 798 cm³ capaz de gerar 125 cv de potência a 11.600 rpm e 8,25 kgfm de torque aos 8.600 rpm. Na prática, durante teste no campo de Provas da Pirelli, em Sumaré (SP), o sistema de acelerador eletrônico ride-by-wire entrega toda essa potência de maneira rápida, mas um tanto agressiva. Se o piloto não tomar cuidado, a moto o deixa para trás.

Por isso, a MV Agusta equipou o modelo com controle de tração de oito níveis, freios ABS e o MVICS (Motor & Vehicle Integrated Control System) – sistema integrado do veículo, que abrange controle de tração, acelerador eletrônico e quatro modos de pilotagem. De acordo com a marca, o propulsor traz ainda um avanço tecnológico visto pela primeira vez em uma motocicleta de série, o virabrequim contra-rotativo, que reduz a vibração em desacelerações.

A Brutale 800 é uma naked agressiva, cujo projeto teve como foco principal a velocidade e a agilidade. E, se esse foi o intuito, e os engenheiros atingiram seu objetivo. Na hora de “largar”, ou seja, arrancar de primeira marcha, essa moto “puro sangue” italiano faz jus à herança da família Brutale.

Sem o controle de tração e freios ABS, a tarefa de controlar essa máquina seria exclusiva para pilotos profissionais. Com relação de marchas curta até a terceira, a potência cresce de maneira agressiva conforme o piloto enrola o cabo do acelerador. E, ao subir as marchas “de mão colada” utilizando o recurso MV EAS (quick shift eletrônico – sem necessidade de acionar a embreagem), a “Brutalina” insiste em manter a roda dianteira longe do solo até chegarmos à terceira marcha.

E nessa situação que surge o primeiro (e talvez único) ponto negativo dessa moto. A falta de um amortecedor de direção faz o guidão oscilar de um lado para o outro dificultando o controle do piloto. No entanto, vale lembrar que o ambiente que testamos a 800 era em um circuito fechado, dessa forma, ela foi levada ao limite. Nas ruas e rodovias do Brasil, isso talvez não será um problema.

Ágil e agressiva
Por conta de seu chassi de estrutura mista, quase marca registrada da MV Agusta, a Brutale 800 mostrou-se muito ágil nas mudanças rápidas de direção. Construído em treliça de tubos de aço combinada com duas placas de liga de alumínio, o chassi conta com suspensão traseira Sachs monobraço e garfos invertidos dianteiros da marca Marzocchi. Tanto na dianteira, quanto na traseira, a MV Agusta Brutale 800 permite ajustes na compressão, no retorno e na pré-carga de mola, tornando a moto ajustável para qualquer tipo de piloto e pista.

Ao “jogá-la” de um lado para o outro numa espécie de sessão de curvas em “S”, o conjunto de suspensão (no ajuste padrão) fez um bom trabalho. Para onde a frente apontava, a traseira seguia a mesma linha, contornando a curva em alta velocidade. E suas dimensões reduzidas facilitam a maneabilidade e fazem dela uma moto ágil. Seu comprimento é de 2.085 mm, a largura, de 725 mm e, principalmente, a curta distância entre-eixos de 1.380 mm.

O assento, com altura de 810 mm, é um forte aliado para pilotos de menor estatura e para a vida dentro dos grandes centros urbanos. Seu peso a seco de somente 167 kg também ajuda. Porém, o banco tem uma camada de espuma de baixa espessura. A posição de pilotagem, assim como a personalidade do seu motor, está bem esportiva. Pois, apesar do guidão largo e recuado, as pedaleiras são altas e o piloto vai com o tronco inclinado à frente.

O sistema de freios, com auxílio de ABS de série, é próximo do utilizado em superesportivas. Na dianteira, dois discos flutuantes de 320 mm são mordidos por pinças radiais monobloco Brembo com quatro pistões. Na traseira, disco único de 220 mm de diâmetro acionado por pinça Brembo de duplo pistão.

Fora do papel, isso significa segurança e muita precisão. Durante exercício de frenagem no campo de provas, vindo a 150 km/h, ao pressionar com força o manete de freio dianteiro e, ao mesmo tempo, acionar o pedal de freio traseiro, a motocicleta se estabilizou rapidamente e freou com muita precisão, antes mesmo do limite de espaço esperado. Ao utilizar somente o freio dianteiro, com agressividade, a traseira levantou um pouco do solo, mas a frenagem também foi segura e eficiente.

Mercado
Por conta de toda sua tecnologia embarcada – freios ABS, controle de tração, mapas de motor, acelerador eletrônico ride-by-wire – a Brutale 800 se diferencia em relação às suas principais concorrentes. Divergem, também, no preço, já que os R$ 47.000 pedidos pela MV Agusta são bem superiores aos valores das rivais de capacidade cúbica semelhante. Como exemplo, Suzuki GSR 750 (R$ 36.900), Kawasaki Z 800 ABS (R$ 39.390), BMW F 800R (36.900) e a também italiana Ducati Monster 796 (R$ 33.900).

FICHA TÉCNICA
Motor DOHC tricilíndrico em linha, arrefecimento líquido, 12 válvulas
Capacidade cúbica 798 cm³
Potência máxima 125 cv a 11.600 rpm
Torque máximo (declarado) 8,25 kgf.m a 8.600 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Treliça de aço ALS
Suspensão dianteira Garfo invertido Marzocchi com 125 mm de curso, totalmente ajustável
Suspensão traseira Monobraço Sachs de 125 mm de curso, totalmente ajustável
Freio dianteiro Discos duplos de 320 mm de diâmetro, pinças radiais monobloco Brembo com quatro pistões e ABS
Freio traseiro Disco simples de 220 mm de diâmetro, pinça Brembo de duplo pistão
Pneus 120/70-17 58W (dianteira) /180/55-17 73W (traseira)
Comprimento 2.085 mm
Largura 725 mm
Altura do assento 810 mm
Distância entre-eixos 1.380 mm
Distância do solo 160 mm
Peso em ordem de marcha Não disponível
Peso a seco 167 kg
Tanque de combustível 16,6 litros
Cores Branca e vermelha, Prata e vermelho
Preço sugerido R$ 47 mil


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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