Teste: Kawasaki Z1000 mais feroz e potente

Moto japonesa tem o visual reformulado com inspiração nos grandes felinos e ganhou potência e torque

Por Aladim Lopes Gonçalves

Roberto Brandão Filho

Desde 2009 no Brasil, a Kawasaki quer aumentar sua participação e sua importância no segmento – atualmente ocupa a sexta posição com 8.985 unidades emplacadas em 2013. E para isso, nada melhor que, além de oferecer mais opções para o consumidor, trazer novos modelos com pouco ou quase nenhum atraso comparado aos mercados estrangeiros. Desta forma, a Kawasaki apresentou a nova Z1000 para o mercado nacional poucos meses depois do lançamento mundial durante o Salão de Milão 2013, em novembro do ano passado, na Itália.

Desembarcando no Brasil como modelo 2015, a nova big naked da marca nipônica foi totalmente redesenhada e ganhou melhorias técnicas para entregar mais potência e maior torque em baixas e médias rotações. Disponível em quatro versões, duas sem e duas com o sistema de freios ABS, a nova Z 1000 chega às concessionárias da Kawasaki no final de abril, por um preço público sugerido a partir de R$ 48.990.

Corpo e alma renovados
Ao ver a moto ao vivo, sob a luz do sol, foi possível conferir a nova filosofia de design da Kawasaki, chamada de “Sugomi”, expressão japonesa que descreve uma energia emitida por objeto ou pessoa que inspira temor e impõe respeito. A nova Z1000 está bem diferente e sofreu grandes alterações em seu projeto visual. O design é marcante, mas não uma unanimidade. No entanto, os engenheiros conseguiram o que pretendiam. Deram à motocicleta uma cara “selvagem”. Se repararmos bem, encarando a moto de frente podemos ver que as linhas da Z1000 foram realmente inspiradas na posição de ataque dos felinos, com a cabeça mais baixa que o resto do corpo, um “olhar” penetrante e uma “cara de mal”.

O conjunto óptico, totalmente redesenhado, foi posicionado o mais baixo possível e é quase como uma extensão das linhas do tanque de combustível, que teve sua capacidade aumentada de 15 para 17 litros e seu novo design permite um melhor encaixe das pernas. A iluminação dianteira é feita por quatro luzes de LEDs que pela primeira vez equipam uma moto da Kawasaki. A parte traseira também sofreu alterações e, assim como o farol, a lanterna utiliza LEDs. O novo assento conta com diversas gravuras da letra “Z” em relevo e o banco do passageiro imita a capa de um assento monoposto.

Nova estrutura
O chassi da nova Z1000, remodelado, é construído em dupla viga de alumínio e seu design se assemelha ao da superesportiva ZX-10R da marca. O propulsor da máquina faz parte do chassi e é parafusado em três pontos. Um novo subquadro, em alumínio fundido, foi acoplado ao conjunto para acomodar a nova traseira da motocicleta.

A big naked nipônica ganhou um conjunto de suspensões inédito. Na dianteira, a Kawasaki equipou a Z1000 com garfos invertidos Showa Big Piston Forks com a tecnologia SFF (separated function forks – garfos de função separada). Um lado da suspensão lida com o amortecimento (esquerdo) e o outro com a compressão e o retorno (direito). O mono-amortecedor traseiro é montado quase horizontalmente acima da balança, o que melhora a centralização de massa e aumenta a resistência ao calor. Ambas são totalmente ajustáveis.

Para lidar com o ganho de potência, quatro cavalos a mais comparada com a versão anterior, a Kawasaki equipou a nova Z1000 com um conjunto de freios mais eficaz. Na dianteira, os dois discos de 310 mm (10 mm a mais que no modelo antigo) em formato de pétalas são mordidos por pinças Nissin monobloco montadas radialmente, de quatro pistões opostos. Atrás, o disco simples de 250 mm é acionado por pinça de um único pistão. Há a versão com freios ABS, cujo sistema novo da Bosch é mais compacto e leve – dois quilos a menos, segundo a Kawasaki. Sublinhando seu lado agressivo e esportivo, a nova Z1000 traz rodas de seis pontas calçadas com pneus radiais.

Painel de instrumentos totalmente novo e digital traz informações como velocímetro, tacômetro, hodômetro e marcador de combustível, mostradas no visor de LCD. Há uma característica única neste painel. Até as 4.000 rotações por minuto, o conta-giros (tacômetro) é mostrado na parte inferior do painel. Depois dessa marca, o condutor deve olhar para a parte superior do painel para saber a quantas o motor anda. Um pouco confuso, mas depois de algum tempo o piloto se acostuma.

Mesma arquitetura, maior fôlego
Apesar de ter a mesma arquitetura do propulsor do modelo anterior – um quatro cilindros em linha, DOHC (duplo comando de válvula), de 16 válvulas e 1.043 cm³ de capacidade cúbica – alterações na ECU e em componentes internos deixaram o motor mais potente e com mais “pegada” em baixos e médios regimes.
Com a nova configuração o motor da Z1000 é capaz de produzir 142 cavalos de potência a 10.000 rpm e torque máximo de 11,3 kgf.m a 7.300 rpm. Isso significa que, comparado à versão anterior, o novo modelo tem quatro cavalos a mais e alcança o pico de torque em giros mais baixos.

O que mudou? As válvulas têm menor tempo de abertura, aumentando assim o desempenho do motor em médias rotações. O comprimento do coletor de admissão foi diminuído, o que resulta em um maior torque inicial. Houve alterações nas saias dos pistões para a moto ganhar ainda mais rendimento. Os cilindros, agora, são conectados para uma menor perda de bombeamento e alguns outros pequenos aprimoramentos resultam no ganho de potência e numa faixa de torque mais abrangente.

Primeiras impressões
Foram apenas poucas voltas a bordo da nova Z1000 ao redor da pista de testes da Pirelli, em Sumaré (SP), mas que serviram para sentir as primeiras impressões do modelo. Ao montar na moto, logo se percebe que a nova geração da Z1000 ficou mais esguia, com um encaixe perfeito das pernas do condutor ao redor do tanque. O largo guidão em alumínio, o desenho do tanque e a posição das pedaleiras projetam o corpo do piloto para frente, ficando inclinado, numa posição de “ataque”, pronto para devorar as curvas.

O ronco do motor, expelido por um sistema de escapamento diferente, com duas ponteiras duplas, uma de cada lado da motocicleta, é “lindo” e faz lembrar o rugido dos felinos. No entanto, fica um pouco abafado por conta de uma válvula “borboleta” no silenciador do lado direito que, além de ajudar a reduzir o ruído (para se encaixar nas normas brasileiras), melhora a resposta do motor em baixas rotações.

Com a nova configuração da ECU e as mudanças internas feitas, o motor ficou realmente mais vivo em baixas e médias rotações que a versão anterior. As arrancadas são rápidas e precisas e os giros crescem de maneira linear e sem buracos. A tocada agressiva, ou não, depende da atitude do piloto. Enrole o cabo com gosto, e veja a dianteira da moto levantar nas primeiras trocas de marcha sem a necessidade de utilizar a embreagem. Acelere progressivamente e sinta a suavidade do motor quatro cilindros trabalhando com quase toda sua força a medias rotações. A ampla faixa de potência e seu torque abundante eliminam a necessidade de trocas excessivas de marcha. A caixa de câmbio é macia, com trocas precisas e silenciosas.

A configuração de fábrica, um tanto esportiva, do conjunto de suspensão a deixa perfeita para as condições de pista. Só sentimos a necessidade de ajustes nas entradas das curvas mais fechadas. Quando os freios eram requisitados ao extremo, a frente mergulhava um pouco, mas nada que alguns “cliques” no ajuste não melhorariam. Como demos apenas poucas voltas, não foi possível testar outras configurações.

Com um peso em ordem de marcha de 220 kg e 221 kg com ABS, e uma grande dedicação dos engenheiros da Kawasaki para centralizar o peso da máquina, a Z1000 2015 entra e sai das curvas com rapidez, mas nas mudanças rápidas de direção não é tão ágil. Os freios, dignos das superesportivas da marca, são excelentes. Se o condutor não tomar cuidado no acionamento do manete de freio, é fácil “perder” a frente pelo excesso de força aplicada na frenagem. A unidade que testamos contava com o auxílio de freios ABS, que mostrou progressividade, eficiência e um bom tato.

Mercado
A big naked da Kawasaki chega em boa hora no mercado nacional, já que marcas como Ducati e KTM preparam lançamentos da categoria no país. Em quatro versões – versão standard em laranja por R$ 48.990, versão standard em laranja com ABS por R$ 49.990 e as versões “Special Edition” (na cor verde com cinza) sem ABS por R$ 51.990 e com ABS por R$ 52.990 – a Z1000 2015 estará disponível nas concessionárias Kawasaki no final de abril. Atualmente, a naked de 1.000cc da marca nipônica encontra diversas concorrentes no mercado, mas a mais direta por conta de preço e tecnologia é a Honda CB 1000R, que sai por R$ 39.990 e R$ 43.490 na versão com ABS.

FICHA TÉCNICA
Motor Arrefecimento líquido, 16 válvulas, DOHC, quatro cilindros em linha
Capacidade cúbica 1.043 cm³
Potência máxima (declarada) 142 cv a 10.000 rpm
Torque máximo (declarado) 11,3 kgf.m a 7.300 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Dupla viga de alumínio
Suspensão dianteira Garfos Showa Big Piston Forks SFF totalmente ajustáveis
Suspensão traseira Amortecedor a gás regulagem em duas vias
Freio dianteiro Disco duplo de 310 mm de diâmetro mordido por pinças monobloco Nissin de quatro pistões (ABS)
Freio traseiro Disco simples de 250 mm de diâmetro mordido por pinça de um pistão (ABS)
Pneus 120/70-17 (diant.)/ 190/50-17 (tras.)
Comprimento 2.045 mm
Largura 790 mm
Altura 1.055 mm
Distância entre-eixos 1.435 mm
Distância do solo 125 mm
Altura do assento 815 mm
Peso em ordem de marcha 220 kg / 221 kg (ABS)
Peso a seco Não disponível
Tanque de combustível 17 litros
Cores Laranja, Verde e Prata


Fonte:
Agência Infomoto

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br