Teste: Kawasaki dá banho de pista na nova Ninja ZX-10R

Fábrica japonesa traz para o modelo de série as melhorias que fizeram de sua superesportiva de 1.000cc e 200cv a atual campeã Mundial de Superbike. Modelo 2017

Por Alexandre Ciszewski

Sinônimo de moto esportiva, a Kawasaki Ninja tem na versão de 1.000cc a sua representante mais emblemática e vencedora nas pistas. Nos últimos três anos, a Ninja ZX-10R conquistou um vice-campeonato (2014) e dois títulos mundiais (2013-15) da categoria Superbike, na qual participam motos produzidas em série. Apesar do sucesso nas corridas, a ZX-10R, lançada em 2011, vinha sendo ofuscada por suas rivais mais novas no segmento de superesportivas. 


Para buscar o pódio também nas vendas, a marca japonesa trouxe para as ruas as mudanças que fizeram da Ninja ZX-10R a moto mais rápida no grid da Superbike. Renovado, o modelo 2017 chega ao Brasil em julho somente na cor verde e com preço sugerido de R$ 78.990. 


Ajuste fino
Isoladamente, chega a ser difícil diferenciar a nova Ninja ZX-10R da antiga. Mas a carenagem com linhas angulosas foi redesenhada para oferecer mais proteção aerodinâmica e o novo escapamento de titânio já deixa a superesportiva adequada às novas regras de emissão do Promot 4. Mas a principal característica é o novo virabrequim mais leve que reduz em cerca de 20% a força inercial, melhorando assim a aceleração do motor e também a agilidade da nova ZX-10R – um dos muitos ajustes finos desenvolvidos pela Kawasaki nas pistas do Mundial de Superbike.


Há muitas outras alterações no motor de quatro cilindros, DOHC e refrigeração líquida de 998 cm³, incluindo novos comandos das 16 válvulas, pistões mais leves e melhorias nos sistemas de alimentação e lubrificação. O valor de 200 cv a 13.000 rpm não foi alterado, mas na prática o propulsor cresce de giros mais rapidamente até a sua potência máxima. 


O resultado é uma moto que acelera como um soco no estômago até a faixa vermelha do conta-giros de 14.000 rpm, ajudada pelo motor mais “leve”, mas também por uma caixa de marchas de seis velocidades equipada com um preciso e suave quick-shifter – diferentemente de algumas rivais, o sistema funciona apenas para subir as marchas, mas a Kawasaki irá comercializar também um kit racing para as reduções. Embora a empresa afirme que o desempenho em médios regimes também foi melhorado, a Ninja ZX-10R ainda tem uma entrega modesta de força abaixo dos 7.000 rpm, ou seja, continua sendo uma esportiva puro-sangue que gosta de girar alto. 


Mais ágil e precisa
A maneabilidade da nova Kawasaki Ninja ZX-10R também se beneficia da menor inércia do motor, mas a principal vantagem do novo modelo é sua ciclística aprimorada, novamente, nas pistas. O quadro em alumínio foi redesenhado e a balança traseira, alongada, mudanças que “colocam” mais peso sobre o eixo dianteiro. Com isso, as mudanças de direção são mais rápidas e as entradas de curvas mais precisas – se na antiga Ninja de 1.000cc era preciso certo esforço para deitá-la nas curvas, o novo modelo se mostrou mais “leve” e ágil. 


A maior agilidade da nova ZX-10R era facilmente perceptível no miolo travado do Autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP), onde é preciso mudanças rápidas de direção. E para minha surpresa, apesar da ficha técnica indicar 206 kg o peso em ordem de marcha – 5 kg a mais que a versão anterior -, o modelo 2017 mostrou-se mais ágil e estável, também ajudado pelo novo amortecedor de direção eletrônico Öhlins.


Outra parte importante do bom desempenho da nova Ninja passa, obviamente, pela eletrônica mais refinada. O controle de tração, desenvolvido pela Kawasaki, agora incorpora a unidade inercial da Bosch (IMU), assim como sua moderna rival, a Yamaha R1. O novo Sport Kawasaki Traction Control oferece cinco níveis de ajuste – antes eram três – e propicia um controle mais preciso, deixando o pneu traseiro chegar bem perto do limite de aderência nas saídas de curvas, além de evitar que a roda dianteira levante em acelerações mais fortes.

Particularmente, pude testá-lo na saída da curva da Junção, onde uma rugosidade no asfalto de Interlagos, fez com que o controle de tração no nível “2” trabalhasse com mais eficiência. 


Claro que o conjunto de suspensões e os freios não ficaram de fora do “banho de pista” que a Kawasaki deu em sua ZX-10R. O garfo dianteiro invertido, desenvolvido nas pistas em parceria com a Showa, traz uma câmara de compressão externa para um amortecimento mais preciso e livre de interferências. Batizado de “Balance Free”, o conjunto faz sua estreia em uma moto de série, justamente na nova Ninja. O monoamortecedor traseiro da mesma marca japonesa é outra novidade. Ao contrário de outras rivais, como a Yamaha R1M e a BMW S 1000RR, a Kawasaki não adotou suspensões eletrônicas semi-ativas, mas os conjuntos de alta qualidade na ZX-10R 2017 oferecem múltiplos ajustes. 


A frenagem foi aprimorada, pois a atual campeã Mundial de Superbike ganhou discos maiores de 330 mm na dianteira e também as pinças monobloco Brembo M50. Juntamente com um sofisticado sistema ABS oferece frenagens ferozes e controláveis, claramente superiores à versão anterior. 


Pronta para um trackday
Com tantos aprimoramentos mecânicos e ciclísticos, além de uma eletrônica mais refinada, é fácil concordar com o mote da Kawasaki de que a nova Ninja ZX-10R é mais rápida na pista do que sua antecessora. Entretanto, a marca japonesa não fez nenhum esforço para tornar sua superesportiva mais amigável, embora controle de tração, freios ABS e modos de pilotagem sejam capazes de “domar” a ZX-10R nas ruas e estradas. O painel, eficiente na pista, não é lá dos mais atrativos entre as motos de rua.


Entretanto, se no antigo modelo o motociclista precisaria investir uma boa quantia para poder acelerar em um trackday, com a nova Ninja ZX-10R, o gasto será menor. Calçada com os pneus Bridgestone RS10R (120/70-17 diant./190/55-17 tras.), equipada com freios melhores e amortecedor de direção de série, basta tirar o suporte de placa, espelhos retrovisores e vestir o macacão para se divertir na pista.


Com o preço de R$ 78.990, a Kawasaki Ninja ZX-10R volta a ser uma atrativa opção para quem busca uma superesportiva radical. O valor é próximo ao cobrado pela BMW S 1000RR (R$ 75.900), mas inferior ao da Ducati 1299 Panigale S (R$ 89.900). E muitas vezes menor do que o irreal preço da Yamaha R1 (R$ 125.990). Ou seja, pista livre para a nova superesportiva Kawasaki brigar pela liderança também nas vendas.

Ficha Técnica 
Kawasaki ZX-10R 2017
Motor Quatro cilindros em linha, DOCH, 16 válvulas e arrefecimento líquido
Capacidade cúbica 998 cm³
Diâmetro x curso 76,0 x 55,0 mm
Taxa de compressão 13,0:1
Potência máxima 200 cv a 13.000 rpm
Torque máximo 11,6 kgf.m a 11.500 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final Corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Dupla trave superior em alumínio 
Suspensão dianteira Garfo telescópico invertido de 43 mm de diâmetro com 120 mm de curso e totalmente ajustável
Suspensão traseira Balança de alumínio monoamortecida com 114 mm de curso e totalmente ajustável
Freio dianteiro Disco duplo de 330 mm de diâmetro com pinças radiais Brembo M50 e ABS 
Freio traseiro Disco de 220 mm de diâmetro com pinça simples e ABS 
Pneus 120/70-ZR17 (diant.)/ 190/55-ZR17 (tras.)
Comprimento 2.090 mm
Largura 740 mm
Altura 1.145 mm
Distância entre-eixos 1.405 mm
Distância do solo 145 mm
Altura do assento 835 mm
Peso em ordem de marcha 206 kg 
Tanque de combustível 17,0 litros
Cores Lime Green - Kawasaki Racing Team Edition 
Preço sugerido R$ 78.990

 

TEXTO: Arthur Caldeira/ Agência INFOMOTO
FOTOS: Mario Villaescusa / Agência INFOMOTO

Fonte:
Agência Infomoto

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br