Teste: Harley-Davidson Ultra Limited é prazer no turismo
Modelo da marca americana oferece conforto, tecnologia e novo motor com refrigeração líquida por R$ 81.900
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Aldo Tizzani
À primeira vista, a Harley-Davidson Ultra Limited 2014 é um grande “trambolho”. Escudo frontal, malas laterais, top case, 2,6 metros de comprimento e 414 quilos em ordem de marcha. Reformulada pelo Projeto Rushmore – que ouviu centenas de motociclistas ao redor do mundo –, o estandarte da família Touring da Harley ganhou novo design, assento da garupa mais largo, central multimídia, suspensão dianteira recalibrada, freios combinados, além do novo motor de dois cilindros em “V” com refrigeração líquida. A Ultra Limited já começou a ser vendida e tem preço sugerido a partir de R$ 81.900.
Mas a sensação de estar dirigindo um velho Ford Landau dos anos 70 desaparece quando a moto começou a rodar em seu habitat natural: a estrada, de preferência com algumas curvas. Justamente por isso a Harley-Davidson fez o lançamento de sua nova linha Touring no Brasil na Serra Gaúcha. Ocupada por imigrantes italianos, a região oferece comida farta, várias vinícolas e boas estradas. Neste clima europeu, a Ultra Limited rodou com muita desenvoltura por cerca de 200 quilômetros. Parece pouco, mas já foi possível ter as primeiras impressões desta H-D.
Com um motor mais “fresco” e vigoroso, o motociclista roda com mais segurança, já que terá mais torque à disposição nas retomadas. Depois dos quatro mil giros - e a sexta marcha over-drive engatada -, o modelo se torna dócil e fácil de pilotar. Nesta configuração, o propulsor parece pedir menos trocas de marchas, já que uma das principais características de pilotar H-D é saber usar bem freio/motor. O gostoso é fazer a curva mais aberta e deitar a moto, deixando o peso da Harley te levar, abrindo o acelerador aos poucos.
O câmbio, de acionamento hidráulico, continua não sendo dos mais precisos e, às vezes, é necessário força para engatar as marchas. Claro que para muitos é uma característica das H-Ds. Mas para outros pode ser um incômodo.
Ciclística
É sensível a mudança na parte ciclística, principalmente com relação aos freios e ao conjunto de suspensão. Na dianteira a versão 2014 ganhou mudanças no diâmetro dos tudo dos garfos - passou de 42 mm para 49 mm. Recalibrado, melhorou o amortecimento (compressão e retorno). A suspensão traseira tem “calibragem” a ar, que pode ser uma boa aliada quando se roda com carga. Resumindo: o conjunto está mais firme e estável.
Outro porto positivo foi a adoção do sistema de freios Reflex com ABS conectado eletronicamente. Este sistema deve facilitar a vida de muito motociclista que sente dificuldade em distribuir a frenagem entre as rodas dianteira e traseira. Parece que você está pilotando um grande scooter.
Na verdade não existe uma distribuição exata no sistema Reflex. E, segundo a Harley, esta é a grande vantagem que o dispositivo oferece para a linha 2014. De acordo com o peso da moto, velocidade e força aplicada no freio, o sistema regula automaticamente a distribuição da frenagem para a proporção mais adequada naquela situação. Para completar o conjunto, discos de 320 mm (duplo na dianteira e simples na traseira) com acionamento hidráulico e “mordido” por cáliper de quatro pistões.
Entretenimento
Ao subir na moto, até parece que estamos em uma “pick-up” de DJ, em função do número de botões e comandos. Quando a moto é acionada “explode” no painel de LCD o logo da Harley. A partir dali o novo sistema de informação e entretenimento, chamado de Boom! Box e montado na carenagem da moto, entra em ação.
Segundo a H-D, é o primeiro equipamento de série em motocicletas com tela colorida de 6,5 polegadas de alta resolução sensível ao toque, sistema de navegação GPS e sistema de reconhecimento de voz (VR).
Em português, o sistema de navegação marca pontos de interesse (POI), incluindo busca por postos de gasolina, restaurantes, hotéis, destinos de emergência e concessionárias Harley-Davidson, além de contar com saída de áudio de 25 Watts por canal e alto-falantes originais de série de 5,25 polegadas. Tem ainda Bluetooth, porta USB para conectar dispositivos eletrônicos, incluindo iPod/iPhone, MP3, cartão SD. Ou seja, é plugar um pen-drive, por exemplo, e curtir um bom rock’n roll.
Para oferecer um controle mais intuitivo, o sistema tem joysticks de cinco posições, instalados no controle de mão do lado direito e esquerdo da motocicleta, que conectam o motociclista a todas as funções do sistema. Os amplos botões no console do aparelho também facilitam a sua utilização. Detalhe: mesmo com a luva, a tela “touch-screen” funciona com perfeição.
O Tour-Pak (topcase) e os saddlebags (malas laterais rígidas) são maiores e estão com um visual mais “moderno”. O destaque fica por conta das novas travas que agora são mais simples de manusear.
Para finalizar, a Ultra Limited ganhou faróis e lanternas auxiliares de LED e luz de freio integrada ao Tour-Pak, também de LED, que oferece boa iluminação noturna.
Concorrentes
Honda Gold Wing e a BMW K 1600 GTL são as principais concorrentes da Ultra Limited na categoria Turismo. A luxury touring japonesa também oferece um bom pacote eletrônico: sistema de som, freios ABS, aquecimento dos bancos, marcha ré e até mesmo airbag. Equilibrada e fácil de pilotar, a Gold Wing traz como diferencial o motor boxer de seis cilindros opostos de 1.832 cm³, que gera 118 cv de potência máxima e 17 kgf.m a 4.000 rpm. Custa R$ 92 mil.
Já a K 1600 GTL, também topo de linha da marca bávara, é sem dúvida uma das motos mais sofisticadas da atualidade. Isso em função de sua eletrônica embarcada, conforto e muito espaço para bagagem. Fabricada na Alemanha, a moto usa motor de seis cilindros em linha, 1.649 cm³, potência de 160 cv e 17,8 kgf.m de torque. Tem preço sugerido de R$ 108.500.
A Ultra Limited, porém não é a topo de linha da família Touring da Harley-Davidson, cujo posto pertence a CVO Limited, que tem preço sugerido em torno de R$ 139.900. Mas uma coisa fica clara, a Ultra Limited passou por uma grande evolução – estética, ciclística e de motorização. Agora o amante do turismo de duas rodas pode optar pela tradição alemã, a confiança na máquina nipônica ou pelo status norte-americano, traduzido pelos motores V2 da Harley.
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