Teste: Harley-Davidson Street Glide, custom sob medida
Modelo emblemático da marca americana esbanja estilo e personalidade para rodar na estrada e cidade
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Aladim Lopes Gonçalves
A Harley-Davidson do Brasil teve como grande destaque na edição 2013 do Salão Duas Rodas a chegada da renovação da família touring Rushmore no mercado brasileiro com boas novidades e aperfeiçoamentos para as motos da linha como o novo motor Twin Cam 103 High Output e o conjunto multimídia Boom! Box, que combina áudio (rádio AM/FM), conectividade Bluetooth, navegação e acionamento d e funções por comando de voz.
Para conferir essas melhorias na família mais aventureira da tradicional marca americana, nada melhor do que fazer um teste com a nova Street Glide, uma bela representante da linha touring derivada da Electra Glide. Com um porte avantajado a moto é uma verdadeira bagger hot-rod que chama atenção pelo seu porte protuberante e dois saddlebags rígidos para o transporte de bagagem.
Repleto de dispositivos e informações, o painel de instrumentos da Street Glide parece um pouco com uma mesa de controle de espaçonave, mas os comandos do computador de bordo e dos periféricos são de fácil entendimento e o funcionamento é bastante intuitivo. Em pouco tempo é possível entender as principais funções e dominar por completo as funções.
O conjunto do painel conta com quatro mostradores principais analógicos (velocímetro, conta-giros, marcador de combustível e voltímetro), hodômetro digital e logo abaixo a central multimídia com tela colorida de 4,3 polegadas com várias informações de monitoramento da moto (temperatura e pressão do óleo, por exemplo), sistema de áudio de 25 watts e soluções de conectividade Bluetooth (sem fio) e USB para a conexão de dispositivos eletrônicos.
Com chave de presença, basta virar o seletor para dar a partida no potente motor Twin Cam 103 High Output de 1.690 cm³ que ao entrar em funcionamento tem o soar característico da linha Harley-Davidson e trepidação continuada. Ao acionar a primeira marcha para colocar a moto em movimento mais uma tradição da marca americana com o estampido do acionamento do câmbio com comando duplo para troca de marchas, permitindo a passagem de marchas com as alavancas na ponta e no calcanhar, e plataformas integrais para os pés.
A circulação da Street Glide no trânsito pesado de grandes cidades como São Paulo não é das experiências mais animadoras, pois o seu comportamento nessa situação fica muito próximo da condução de um carro. No anda-e-para e nas paradas no semáforo o grande problema é engatar o ponto morto, que fica em um intervalo muito pequeno entre a 1ª e a 2ª marchas.
Também é bom tomar cuidado com as malas rígidas laterais, que podem raspar nos demais veículos nas manobras curtas. Nas vias expressas, no entanto, é possível andar com mais desenvoltura e dá até para curtir um pouco de música para esquecer o trânsito pesado. O sistema de som é potente e de alta qualidade. Um detalhe curioso é que o som melhora ainda mais com a moto em movimento.
Mesmo rodando em baixa e média velocidade, o motor tem fôlego de sobra e apresenta um funcionamento adequado na cidade, exigindo poucas trocas de marcha. A sensação de conforto também vem do assento inteiriço para o piloto e garupa, com boa forração e com costuras que não incomodam. O incômodo maior de andar no trânsito mais parado é o aquecimento demasiado do motor. A panturrilha da perna direita é quem sofre um pouco.
Já na estrada, a Street Glide parece esquecer suas medidas generosas (2,45 m de comprimento) e peso de elefante (372 kg em ordem de marcha) e comporta com a suavidade e o controle de uma moto compacta, com a diferença de oferecer muito mais conforto, desempenho e tecnologia. A carenagem chamada de BatWing (asa de morcego) cumpre bem a missão de cortar o vento, especialmente pelo uso do duto de equalização da pressão dianteira, que reduz a turbulência em 20%, segundo a fabricante.
A Harley-Davidson não informa os números de potência para o motor da Street Glide, mas não dá para imaginar que suas especificações fiquem muito abaixo de 100 cavalos. Em relação ao torque, os números ficam em 14,4 kgfm a 3.500 rpm, que são suficientes para a moto “sobrar” na hora de fazer ultrapassagens com segurança. O piloto automático é mais uma comodidade no ambiente rodoviário, especialmente com pista livre.
Rodando em sexta marcha do câmbio Cruise Drive, que funciona como overdrive (sobremarcha), o motor 1700cc da Street Glide apresenta um comportamento bastante suave, deslizando no asfalto. Na faixa de 100 km/h o conta-giros indica 2.500 rpm e com velocidade de 120 km/h a rotação fica na casa dos 3.000 rpm. Indicativos que o propulsor trabalha com desenvoltura, mas em regime moderado, favorecendo a redução de consumo.
A suspensão da Street Glide impressiona pela alta capacidade de absorção de irregularidades na superfície, sem transferir impacto significativo para o piloto ou afetando sua estabilidade. O sistema tem ajuste a ar para regular a moto de acordo com a quantidade de carga ou para rodar em diferentes condições de piso. A regulagem é feita diretamente por uma válvula de ar na suspensão traseira.
O sistema de freios com ABS também convencem e passam segurança na hora de parar a Street Glide. Na roda dianteira há disco duplo e disco simples na traseira com sistema Reflex que permite um funcionamento do freio dianteiro e traseiro de forma combinada. O pedal do freio traseiro é um tanto duro, exigindo um pouco mais de esforço no acionamento.
Disponível nas concessionárias Harley-Davidson na cor Vivid Black, a Street Glide pode ser encontrada com preço sugerido a partir de R$ 69.900, indo para R$ 71.850 para a opção com cor especial. Afinal estamos tratando de uma motocicleta com estilo, conforto e tecnologia que pode ser considerada como uma opção e tanto para quem deseja fazer um upgrade na sua garagem com uma legítima touring, com malas laterais de série, e aproveitando o carisma e a tradição da marca americana.
O jornalista utilizou no teste Capacete LS2, jaqueta, calça, luvas e botas Race Tech.
Fotos: Paulo Souza
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