Teste: Ducati 1299 Panigale S é superbike para as ruas
Versão topo de linha da superesportiva italiana oferece tecnologia, 207 cavalos de potência e torque de 14,75 kgfm
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
A Ducati 1299 Panigale S é uma máquina italiana que figura entre as mais belas superesportivas da recente safra de motos e ostenta especificações impressionantes: seu motor de dois cilindros em “V” a 90° tem 1.285 cm³ de capacidade e produz 207 cv de potência máxima, alguns “cavalos” a mais do que as principais concorrentes. Com 190,5 kg de peso em ordem de marcha, a 1299 também é a mais leve do grupo.
Mas a 1299 Panigale não é apenas uma 1199 com o motor anabolizado, como pode parecer à primeira vista. O modelo, que desembarcou no Brasil há um ano, representa uma verdadeira evolução nas esportivas italianas: tem mais potência, visual reformulado, pacote eletrônico atualizado e uma geometria revista para deixá-la mais rápida na pista, e também mais “usável” na estrada.
Fomos para a pista conhecer as novidades dessa superbike italiana. Aceleramos a 1299 Panigale em sua versão S, topo de linha com rodas forjadas e eletrônica mais sofisticada, cotada a R$ 92.500.
Più bella
O objetivo da Ducati não era simplesmente tonar a Panigale ainda mais rápida. A versão anterior, 1199, era agressiva, focada no uso em pista, e a intenção da fábrica italiana era aprimorar tanto a usabilidade como a velocidade. A 1299 continua a ser uma esportiva puro-sangue, com uma posição de pilotagem bastante inclinada à frente. Porém, o novo para-brisa é mais alto, os espelhos, mais largos e o assento mais confortável. A marca só pecou na posição do descanso lateral, que é de difícil acesso.
Outras alterações sutis no design foram feitas para aprimorar a penetração aerodinâmica. A carenagem dianteira ficou mais larga e o modelo ganhou novas entradas de ar abaixo dos faróis. A rabeta agora é “dividida” de forma a permitir a passagem do ar. Além de seus atributos técnicos superlativos, a nova versão da Panigale certamente ganharia alguns votos como a mais bonita das esportivas.
Mais potência, torque e tecnologia
O salto de 87 cm³ no motor é fruto de pistões com 4 mm a mais de diâmetro – passou dos antigos 112 mm para 116 mm. Com isso, o motor Superquadro, que tem dois cilindros em “L”, oito válvulas, refrigeração líquida tem agora 1.285 cm³ de capacidade. A potência passou de 197,7 cv da versão anterior para os atuais 207 cv a 10.500 rpm na 1299.
Além dos 10 cv a mais, o torque aumentou em 15% entre 5.000 e 8.000 rpm, atingindo o máximo de 14,75 kgfm a 8.750 giros. As mudanças resgatam o caráter das antigas Ducati, o motor empurra com mais vontade abaixo de 6.000 giros do que o anterior
As respostas ao acelerador, entretanto, são perfeitas, sem engasgos ou buracos no modo de pilotagem “Sport”. E não assustam tanto como a da antiga 1199, graças à nova geometria do quadro, com um ângulo de cáster menor (24° contra os 24,5° da 1199) e uma balança traseira fixada 4 mm mais baixa.
Mas a excelente maneabilidade da nova 1299 Panigale também é resultado da nova eletrônica embarcada. Juntamente com um controle de tração mais refinado, a superesportiva italiana conta com a Unidade de Medição Inercial da Bosch (Inertial Measurement Unit) que leva em consideração a inclinação da moto para ajustar a atuação dos controles eletrônicos. A central também possibilita ao piloto visualizar o ângulo de inclinação em curvas no painel completamente digital, no melhor estilo MotoGP.
A eletrônica aperfeiçoada permitiu a marca italiana instalar os freios ABS que atuam em curvas e o controle anti-wheeling (anti-empinadas) na nova 1299 Panigale – corrigindo eletronicamente um “defeito” do modelo anterior. Modos de pilotagem e o controle do freio motor, que já existiam, foram mantidos e melhorados na nova superesportiva.
O sistema Ducati Quick Shift também evolui: agora é possível subir ou reduzir as seis marchas do câmbio sem o auxílio da embreagem – e durante nosso teste no Campo de Provas da Pirelli o sistema funcionou sem falhas ou atrasos nas trocas.
A sofisticada 1299 Panigale S ainda traz uma nova suspensão, batizada de Öhlins Smart EC, que ajusta o conjunto de garfo telescópico invertido na dianteira e o monoamortecedor traseiro eletronicamente. Pode-se escolher em uma posição fixa ou no modo semi-ativo, que altera os parâmetros dinamicamente de acordo com a situação do piso. Rodas forjadas Marchesini e faróis de LED completam o pacote diferenciado desta versão mais cara.
Pronta para a pista
Outra boa notícia para quem pensa em ter uma 1299 Panigale S para se divertir nas pistas é o ajuste dos controles eletrônicos de acordo com a relação da transmissão final e do tamanho do pneu. De fábrica, a versão S sai com os bons pneus Pirelli Diablo SuperCorsa SP nas medidas 120/70-17, na dianteira, e 200/55-17, na traseira. Entretanto, pilotos amadores e profissionais podem adotar medidas alternativas de acordo com o circuito onde vão acelerar.
Em geral, todo o novo conjunto – motor, ciclística e pneus – contribui para que a 1299 Panigale contorne curvas com muita segurança e estabilidade. O baixo peso e a nova geometria resultam em rápidas mudanças de direção. A suspensão traseira monobraço mantém a roda traseira no chão mesmo sob forte aceleração. O firme garfo dianteiro invertido em conjunto com o sistema eletrônico Smart EC e o sistema ABS transmite confiança em frenagens mais bruscas ao final da reta.
Mais domável e mais rápida
Após muitas voltas na pista, é fácil perceber que a nova 1299 Panigale não está somente mais “usável” na estrada. A grande evolução feita pela marca italiana tornou o modelo mais fácil de guiar também em uma pista de corrida: a 1299 é mais leve, mais domável e não lembra em nada o caráter de “cavalo brabo” da antiga versão.
Para se ter uma ideia do que significam os avanços da 1299 em relação a sua antecessora, o piloto de testes da marca conseguiu, em Mugello, na Itália, os mesmos tempos de volta da Ducati 999, vencedora do Campeonato Mundial de Superbike de 2003 com o inglês Neil Hodgson.
Porém, mesmo montada em Manaus (AM), a 1299 Panigale S custa mais do que as concorrentes. A BMW S 1000RR, por exemplo, é vendida a partir de R$ 75.900 e é uma excelente esportiva. O modelo “standard” da moto italiana sai por R$ 79.900, mas sem a suspensão eletrônica, faróis de LED e as rodas forjadas.
Mas qual o preço de pilotar algo que oferece a nós, meros mortais, o mesmo desempenho de uma Superbike do Campeonato Mundial de 15 anos atrás? E a Panigale ainda oferece a irresistível combinação entre o belo design italiano e o característico motor “L2”.
Ficha Técnica
Ducati 1299 Panigale S
Motor Bicilíndrico em “L”, arrefecimento líquido, 8 válvulas, sistema desmodrômico de válvulas
Capacidade cúbica 1.285 cm³
Potência máxima (declarada) 207 cv a 10.500 rpm
Torque máximo (declarado) 14,75 kgf.m a 8.750 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Monocoque em alumínio
Suspensão dianteira Garfos invertidos Öhlins NIX30 com 43 mm de diâmetro e 120 mm de curso totalmente ajustáveis eletronicamente
Suspensão traseira Monobraço com amortecedor Öhlins TTX36 com 130 mm de curso, totalmente ajustável eletronicamente
Freio dianteiro Disco duplo de 330 mm de diâmetro com pinças monobloco radiais Brembo M50 de quatro pistões (ABS)
Freio traseiro Disco simples de 245 mm de diâmetro com pinça de dois pistões (ABS)
Pneus 120/70-ZR17 (diant.)/ 200/55-17 (tras.) Pirelli Diablo Supercorsa SP
Comprimento 2.070 mm
Largura 745 mm
Altura 1.105 mm
Distância entre-eixos 1.437 mm
Distância do solo Não Disponível
Altura do assento 830 mm
Peso em ordem de marcha 190,5 kg
Peso a seco 166,5 kg
Tanque de combustível 17 litros
Cor Vermelha
Preço R$ 92.500,00
Fotos: Mario Villaescusa/Infomoto
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