Teste: Bimota DB7, puro sangue italiano
Rodamos com a exclusiva superesportiva DB7 em seu habitat natural: a pista de Interlagos.
Por André Jordão
Por André Jordão
Arthur Caldeira
Quadro tubular, baixo peso, freios de competição, ciclística impecável e posição de pilotagem esportiva, enfim uma moto praticamente pronta para a pista. Assim pode ser resumida a Bimota DB7 que, até hoje, mais de 30 anos após a criação da marca, perpetua a filosofia dos três fundadores que dão nome a Bimota: Valério Bianchi, Giuseppi Morri e Massimo Tamburini. As duas primeiras letras do sobrenome desses italianos apaixonados pelo motociclismo formam o nome Bimota, sinônimo de engenharia inovadora e motos exclusivas.
Mesmo já tendo mudado de mãos, a pequena fábrica italiana de Rimini conserva os valores de seus fundadores. Como provou a superesportiva DB7 mesmo antes de entrar na pista do Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos, São Paulo. Além de seu design italiano de muito bom gosto, chamam atenção os detalhes da construção da DB7.
Na carenagem em fibra de carbono, encontra-se o conjunto óptico formado por dois faróis elipsoidais. As setas dianteiras são integradas aos espelhos retrovisores, e na traseira a discreta lanterna e as setas trazem LEDs. Para completar o pacote “exclusivo”, a DB7 traz os manetes de freio e embreagem usinados pela própria Bimota, com o logo da marca.
Ronco estranho
Se desligada a superesportiva italiana já atraía olhares curiosos, quando o motor acordou, a DB7 virou uma verdadeira atração nos boxes de Interlagos. Equipada com o propulsor Ducati Testastretta Evoluzione com dois cilindros em “L” (V a 90°) de 1099 cm³, a DB7 emite um ronco grave e compassado pela ponteira de escapamento construída em titânio. Com seu sistema de embreagem a seco e o diferenciado comando de válvulas desmodrômico da Ducati, o barulho de metal é elevado e o motor soa ruidoso para quem está acostumado aos quatro cilindros em linha japoneses.
Ao montar na DB7, o que impressiona é seu tanque esguio que proporciona um perfeito encaixe do piloto. O peso de apenas 170 kg a seco também faz dela uma das mais leves em sua categoria.
Alimentado por injeção eletrônica e com refrigeração líquida, o propulsor da Ducati oferece 162 cavalos de potência máxima a 9.750 rpm. Pode parecer pouco em comparação com os 180, 190 cv das japonesas, mas não é. Com seu peso menor, a Bimota DB7 chega bem perto dos tão sonhados 1 cv por quilo. A grande diferença deste bicilíndrico italiano é sua personalidade: sobe de giros com uma facilidade impressionante e entrega potência em uma ampla faixa de rotações.
Na pista
Com bandeira verde, estava ansioso para comprovar na pista toda a mítica das motos Bimota. Nas primeiras voltas, confesso que tive de me acostumar com sua ciclística e motor. Ela é exclusiva na sua construção e também em sua condução. Diferente de tudo que já havia pilotado.
À medida que me “entendia” com a DB7, me sentia mais à vontade para testar seus limites. Não sem antes levar um susto com os pneus frios na saída da curva da Junção. Mas após algumas voltas, os pneus esquentaram e a diversão começou para valer.
O motor gritava, a velocidade subia, mas o que me chamou a atenção primeiramente foi o sistema de freios Brembo. Do cilindro mestre, passando pela pinça radial monobloco e pelas pastilhas até chegar aos discos de freio, tudo é fabricado pela grife italiana. São dois discos flutuantes de 320 mm de diâmetro na dianteira mordidos por pinça de radial de quatro pistões; e disco simples flutuante de 220 mm de diâmetro com pinça de dois pistões na traseira.
Seu funcionamento é impecável: mordida instantânea, frenagem progressiva e segura. E o melhor, sem demonstrar fadiga em nenhuma situação. A cada volta atrasava mais a frenagem ao final da reta oposta, antes da descida do lago. E os freios Brembo reduziam a velocidade sem hesitação. Dignos de nota 10.
Ciclística
Uma das razões para que a Bimota seja tão leve é seu quadro treliçado com tubos ovais feitos em cromo molibdênio. Mas assim como toda a moto, não se trata de um quadro em treliça comum. Ele é composto, tem placas de alumínio para sustentar o motor e até mesmo a balança traseira, fixada ao motor, é construída em tubos ovais. Além disso, a DB7 não tem um subquadro para sustentar a rabeta e o banco da garupa (se é que aquele pedacinho de espuma pode ser chamado assim). A rabeta é construída em fibra de carbono estrutural, o que ajuda a reduzir o peso e abaixa o centro de gravidade da moto.
Essas inovações resultam em uma ciclística bastante precisa e ágil. Basta frear, apontar e deitar. A cada volta, tinha mais confiança para deitar nas curvas e “abusar” dessa esportiva italiana.
Vale também dar crédito para as suspensões que contribuem e muito para o desempenho da DB7 nas curvas. Na dianteira, os garfos invertidos Marzocchi Corse RAC de 43mm revestidos com nitrito de titânio são totalmente ajustáveis por um sistema de cliques. Na traseira, um conjunto fabricado pela Extreme Tech exclusivamente para a Bimota. O corpo do amortecedor é inteiramente usinado e possui todas as regulagens típicas com a adição de regulagem independente de compressão e extensão em alta e baixa velocidade. Como pilotei apenas na pista de Interlagos não posso dizer se o conjunto funcionaria bem na estrada. Porém no autódromo foram perfeitos.
Fosse em frenagens fortes e curvas fechadas, como o Bico de Pato, ou na subida dos boxes com o acelerador aberto, o conjunto ciclístico transmitia confiança e parecia não tirar a DB7 de sua trajetória em nenhum momento. Nem mesmo quando ao final da reta, a mais de 240 km/h era obrigado a “alicatar” o manete de freio e deitar para contornar o “S” do Senna.
Mais que exclusiva
Importada e distribuída pela Perfect Motors, que tem um técnico treinado na fábrica para oferecer assistência técnica ao modelo, a Bimota DB7 é praticamente uma moto de pista que pode rodar nas ruas. Portanto se você quer uma moto para viajar, passear com a esposa, namorada, enfim... a DB7 não foi feita para você. Seu motor funciona bem somente em altos regimes, sua ciclística é bastante Racing, enfim qualidades que não combinam com radares, estradas esburacadas e o trânsito urbano.
Após uma tarde com essa superesportiva italiana na pista, digo que ela é mais do que exclusiva. É uma motocicleta especial mesmo. E não porque há somente cinco exemplares da Bimota DB7 no Brasil, e nem mesmo porque ela custa R$ 99.000. Mas porque traz em cada detalhe a paixão italiana pelo motociclismo, a filosofia de criar uma máquina de duas rodas que transpirasse esportividade, velocidade e desempenho em cada detalhe. Ma che macchina!
FICHA TÉCNICA:
Motor: quatro tempos, dois cilindros em “L” a 90°, 4 válvulas, comando desmodrômico, refrigeração líquida
Capacidade: 1.099 cm³
Diâmetro x curso: 104 mm x 64,7 mm
Taxa de compressão: 12,5:1
Potência máxima: 162 cv a 9.750 rpm
Torque máximo: 12,5 kgf.m a 8.000 rpm
Câmbio: 6 marchas
Transmissão final: por corrente
Alimentação: Injeção eletrônica
Partida: Elétrica
Câmbio: Seis velocidades
Embreagem: A seco
Suspensão Dianteira: Garfo telescópico invertido Marzocchi com 43 mm de diâmetro totalmente ajsutável
Suspensão Traseira: Balança com monoamortecedor Extreme Tech 2v4 totalmente ajustável
Freio Dianteiro: Disco duplo flutuante de 320 mm de diâmetro e pinças radiais monobloco com quatro pistões – conjunto Brembo
Freio Traseiro: Disco simples de 220 mm de diâmetro e pinça de dois pistões – conjunto Brembo
Pneu Dianteiro: 120/70- ZR17
Pneu Traseiro: 190/55 – ZR17
Chassi: Treliça composta com tubos ovais e placa de alumínio
Dimensões (C x L x A): 2.100 mm x 700 mm x 1.115 mm
Altura do assento: 800 mm
Altura mínima do solo: não disponível
Entre-eixos: 1.435 mm
Capacidade do tanque: 16 litros (4 litros de reserva)
Peso seco: 170 kg
Cores: Branca
Preço: R$ 99.000
Onde encontrar: www.perfectmotors.com.br
Fotos: Gustavo Epifanio
Receba notícias de moto.com.br
Envie está denúncia somente em caso de irregularidades no comentário