Investimento que vale a pena
Kasinski Comet 250 está mais para uma naked-roadster de baixa cilindrada do que uma street.
Por Leandro Alvares
Por Leandro Alvares
Luiz Eduardo de Souza
Motivado pelos diversos testes relatados por motociclistas reais nesta seção, resolvi me aventurar em testar minha Kasinski Comet 250 e trazer alguns relatos, acabando com certos mitos criados por testes da imprensa especializada.
Comprei minha Comet em abril de 2007 e não a uso como moto para encarar o dia-a-dia, mas sim para viagens curtas e passeios de fim de semana. Portanto, trata-se de uma moto muito bem cuidada, de quilometragem baixíssima, com calibragem constante, corrente sempre em dia e comandos em ordem.
O primeiro grande mito que rodeia a Comet é enquadrar essa moto na categoria street. Sem dúvida, ela está muito mais para uma naked-roadster de baixa cilindrada do que uma moto street.
Acredito que a maioria das pessoas a enquadre nessa categoria muito mais por sua cavalaria do que propriamente pelo estilo. já que ela nada tem a ver com as suas “primas” Twister e Fazer.
Outro mito a se quebrar é em relação ao preço. Na minha opinião, não há como compará-la com motos street e, a partir disso, digo sem medo que o preço dela é justo e com ótimo custo-benefício considerando sua ciclística, conforto e porte.
Há de se considerar também, além de todos os itens pouco comuns na maioria das motos que vemos nessas terras tupiniquins, como freio a disco nas duas rodas e suspensão dianteira invertida, o baixíssimo índice de roubo, o que nos dias de hoje é um diferencial e tanto.
A moto não é das melhores para se rodar no dia-a-dia no meio a corredores e quebras, mas ainda sim se a opção for essa, ela dá conta do recado. Embora aparente ser uma máquina mais robusta, a Comet consegue — apertando aqui ou ali e com pequena dose de esforço — encarar com um certo desconforto, se comparada com outras motos, os desafios diários da cidade.
Sua essência é o lazer, uma pilotagem descompromissada tendendo à esportividade, seja ela na cidade ou em rodovias. O piloto fica em uma posição bem mais esportiva que o de costume e não sente tanto desconforto, como em algumas esportivas.
Ela é bastante estável tanto em uma condução mais contida quanto em uma tocada mais forte, no limite. É possível aproximar bem o joelho do asfalto, forçando bem nas curvas, mantendo o controle sobre a máquina sem maiores sustos, garantido pela sua suspensão dianteira invertida que mantém a moto sempre no controle.
Os freios seguram a menina com firmeza e dão conta do recado nos momentos mais delicados. Os pneus — 110/70-17 M/C 54 H na dianteira e 150/70-17 M/C 69 H na traseira — são funcionais, embora no quesito estético a máquina merecia pneus mais largos.
Seu motor V2 de 250cc DOHC com oito válvulas, com pouco mais de 32cv, bem incomum para esse tipo de moto, dá conta do recado quando consideramos apenas o piloto. Dá para encarar com tranqüilidade viagens curtas e arriscar algumas esticadas mais audaciosas, sendo possível acompanhar com tranqüilidade modelos mais potentes como a antiga CB 500 e a GS500, que por sinal divide com a Comet o mesmo corpo, sem grandes problemas.
O nível de acabamento, conforto e qualidade das peças, se não sensacionais, são bem razoáveis para seu preço e público-alvo. Fica apenas como algumas sugestões de melhoria para a Hyosung/Comet os faróis, modelo já ultrapassado embora funcional, os espelhos que em algumas situações chegam até a atrapalhar e o painel que poderia ter um ar mais esportivo, combinando com a essência da moto. O quesito painel já foi superado na versão GTR, agora digital e bastante interessante.
É possível alcançar sem dificuldades velocidades pouco superiores a 150Km/h, não sendo impossível com um pouco mais de esforço bater na casa dos 180 km/h, mas aí seu consumo já sobe bastante ficando pouco a baixo dos 20km/l.
A mágica esportiva começa a partir dos 5.500 rpm, quando o motor “aparece” e a moto fica bem mais esperta, lembrando até um modelo com caráter mais esportivo. A retomada é um pouco mais lenta, mas nada de muito incômodo, uma lentidão aceitável dentro dos padrões conhecidos.
Quando se coloca alguém na garupa, aí a coisa fica um pouco mais complicada, lembrando mais uma moto de 250cc do que uma esportiva. As retomadas ficam um pouco mais lentas e o espírito esportivo, um pouco mais distante. Contudo, ainda com desempenho infinitamente superior a uma street.
Realizo com freqüência algumas viagens curtas (geralmente Rio-Penedo-Rio) e afirmo que a menina dá conta do recado muito bem. Bastante divertida, sem causar fadiga ao piloto, seu motor agüenta bem as necessidades da estrada e, para uma naked, a instabilidade devido aos ventos da alta velocidade na estrada é controlável.
Acredito que seja possível tocar a máquina sem sentir sinais de fadiga por até uns 400 km. A partir daí, embora ainda não tenha experimentado, acredito que a pilotagem se torne mais cansativa.
Para não dizerem que só falei de flores, destaco como ponto extremamente negativo a rede concessionária da marca. No meu caso, que resido no Rio de Janeiro, fico refém de uma única autorizada de baixíssima qualidade de serviço.
Em todas as oportunidades que precisei dela para fazer as revisões, fui supermal atendido e o serviço realizado foi de péssima qualidade, obrigando-me a buscar pelo meu “personal-mecânico” para manter a moto em dia.
E não é apenas o pós-venda que é ruim. Nesta semana mesmo iniciei meu projeto de trocar a Comet 250 pela Comet 650R e para minha surpresa também fui pessimamente atendido, mesmo estando com a intenção de perder alguns milhares de reais para realizar meu objetivo.
Vale o recado para a Kasinski: revejam suas revendas e autorizadas, pois por causa delas vocês estão perdendo vários compradores que acabam caindo na tradicional Bandit 650. Eu mesmo tenho vários amigos que já desistiram dessa moto devido ao péssimo atendimento e falta de pontos autorizados de venda.
De resto, recomendo a Comet a todos que desejam uma moto com estilo mais esportivo e com custo acessível. Aos discretos que não gostam de chamar a atenção, sugiro optarem por outra máquina, pois é impossível passar com a Comet sem arrancar olhares curiosos e desejosos.
Àqueles que desejam entrar no mundo das esportivas, creio ser esse o melhor pontapé, aliás, considero a linha Comet da Kasinski ideal para isso, passando pela Comet (seja a 250 ou a GTR) e seguindo pela 650R.
Trata-se de uma máquina bastante divertida e gostosa de se tocar. Valeu cada centavo gasto com ela.
O “motonauta” Luiz Eduardo de Souza participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.
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