Honda Biz usa receita japonesa e tempero brasileiro para fazer sucesso

Facilidade de pilotagem, praticidade e economia de combustível explicam porque a Biz é uma das motos mais vendidas do Brasil

Por Gabriel Carvalho

Em meados da década de 1950, Soichiro Honda queria criar um novo conceito de motocicleta. Uma moto “pequena”, tão fácil de pilotar – “que o entregador de soba (uma espécie de macarrão japonês) pudesse conduzir com uma mão só”, dizia o fundador da empresa. Além disso, deveria ser robusta o suficiente para enfrentar as péssimas estradas do Japão naquela época

Da ideia de Soichiro nasceu, em 1958, a Super Cub, uma receita que se tornou sucesso mundial. Nesses 60 anos de história, a marca já vendeu mais de 100 milhões de unidades de diversas versões ao redor do mundo, que tinham em comum o mesmo conceito

Entre as variações está a nossa Honda Biz, lançada em 1998. Apesar de contar com o conjunto motriz semelhante à Super Cub original, formado por motor horizontal, embreagem centrífuga automática e câmbio sequencial, a Biz acrescentou um “tempero” brasileiro à receita japonesa. 

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O Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Honda Brasil teve a sacada de trocar a roda traseira de 17 polegadas por outra de menor diâmetro (14’’). Dessa forma a versão nacional também ofereceria um espaçoso porta-objetos sob o assento. “À princípio não foi fácil fazer os japoneses entenderem nossa ideia. Eles não concebiam uma Cub com rodas de diâmetros diferentes”, relembra Ruy Nakaya, engenheiro da Honda à época e hoje aposentado. 

Após muita discussão, os brasileiros provaram que sua ideia funcionava na prática. Estava criada a Biz, um dos grandes sucessos da marca no País, que já vendeu mais de 3 milhões de unidades

Fãs atentos
O modelo 2018 da Biz, apresentado no Salão Duas Rodas em outubro passado, foi reformulado para continuar como uma das motos mais vendidas do Brasil – só nos três primeiros meses deste ano foram emplacadas 31.500 unidades, colocando-a na segunda posição do ranking

As mudanças no design foram sutis, mas os fãs identificam as novas linhas e o escudo mais envolvente só de bater o olho. “Essa é a nova Biz? Tem tomada para carregar o celular, né?”, questiona o frentista do primeiro posto de combustível que parei. “Já tive um monte de moto, mas sempre tenho uma Biz na garagem. Hoje ando de XRE 300 e a Biz fica com a minha mulher”, conta ele. 

De cara, o rapaz ressaltou uma das novidades do modelo – a tomada 12 V sob o assento – e, ainda, identificou um dos principais públicos consumidores da Biz. O motor horizontal fixado a um quadro tubular baixo facilita para as mulheres subirem na Biz. Já o pedal de câmbio sequencial (com as quatro marchas para baixo) foi desenhado para ser acionado até mesmo com sandálias. 

A embreagem centrífuga é automática. Não há manete para acioná-la: basta pisar no pedal para subir as marchas ou pressionar o calcanhar para reduzir. Na hora de arrancar, é só acelerar. O motor não “morre”. Os discos de embreagem se desacoplam conforme cresce o giro do motor – a mesma solução criada em 1958 que já provou sua robustez e facilidade.

O monocilíndrico de 125 cc tem bom torque (1,04 kgf.m já a 3.500 rpm) para o uso urbano, o que reduz o uso do câmbio. A potência de 9,2 cv também é suficiente para manter 90 km/h em vias mais rápidas. A proposta da Biz não é desempenho, mas economia. Nesse quesito, o consumo de 44,7 km/litro fala por si só.

Na parte ciclística, a roda de liga-leve de 17 polegadas na dianteira encara bem o asfalto ruim. Com a ajuda das suspensões macias, o piloto não sente as imperfeições do piso como nos scooters. A novidade fica por conta dos freios (a disco na frente e tambor atrás) que agora têm sistema combinado. Ao pisar no pedal do freio traseiro, o dianteiro também é acionado e proporciona frenagens às vezes até exageradas. Afinal, a Biz 125 pesa apenas 100 kg a seco.

Outras novidades
Mas se o conjunto motriz e a ciclística são praticamente as mesas desde 1998, por que a Honda chama o modelo de “nova Biz”? Na parte visual as luzes de direção estão maiores no escudo frontal e, na traseira, foram integradas de forma mais harmoniosa à lanterna. A versão de 125 cc ainda traz um inédito painel digital de fácil leitura – que conta com a indicação “Eco”, quando a forma de pilotagem está consumindo menos combustível

Mas as mudanças mais importantes para quem usa a Biz no dia-a-dia são mesmo no transporte de objetos. O assento pode ser aberto no miolo da chave de ignição, como nos scooters. O espaço ganhou um litro a mais (22 l no total). Pode parecer pouco, mas nos modelos anteriores era preciso certa manha para encaixar um capacete integral (fechado). No novo modelo a tarefa ficou mais fácil.

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Já a tomada 12 V sob o banco seria mais útil se a Honda tivesse instalado uma entrada USB – ao menos que você tenha um adaptador para carregar seu smartphone. O gancho atrás do escudo frontal também não ajuda muito: como não há uma plataforma para apoiar, as sacolas penduradas ali ficam balançando e atrapalham um pouco a pilotagem.

Praticidade e economia conquistam
Particularmente, nunca fui muito fã das motonetas, como a Biz, muito em função do seu câmbio. A ausência do manete de embreagem e o câmbio sequencial e rotativo com as marchas para baixo sempre confundem minha cabeça de motociclista, acostumado com “a primeira pra baixo e o resto pra cima”. 

Entretanto, admito que é fácil gostar da Biz 125 após duas semanas rodando no trânsito de São Paulo. A praticidade do espaço sob o banco, a facilidade de pilotagem sem apertar embreagem ou sujar o calçado no pedal de câmbio também me conquistaram. Isso sem falar na economia de combustível, em tempos de gasolina custando mais de R$ 4,00 o litro. 

Também revela porque a receita da Super Cub fez tanto sucesso em todo o mundo. E continua a conquistar motociclistas de todos os gêneros com ou sem experiência, mesmo mais de meio século depois.

Ficha técnica
Honda Biz 125 2018
Motor: OHC, monocilíndrico, 124,9 cm³, quatro tempos, duas válvulas, arrefecimento a ar
Potência: 9,2 cv a 7.500 rpm 
Torque: 1,04 kgf.m a 3.500 rpm
Diâmetro e curso: 52,4 mm x 57,9 mm
Alimentação: Injeção eletrônica
Transmissão: câmbio semi-automático 4 marchas
Partida Elétrica
Suspensão dianteira Garfo telescópico com 100 mm de curso
Suspensão traseira Sistema bichoque com 86 mm de curso.
Freio dianteiro Disco simples de 220 mm de diâmetro e CBS
Freio traseiro Tambor com 110 mm de diâmetro
Pneus 60/100-17 (D) e 80/100-14 (T)
Dimensões: 1.894 mm de comprimento, 714 mm de largura, 1.085 mm de altura
Distância entre-eixos: 1.264 mm
Distância mínima do solo: 131 mm
Altura do assento: 753 mm
Peso a seco: 100 kg
Capacidade do Tanque: 5,1 litros
Cores: Laranja, Preto ou Branco (perolizados) 
Preço público sugerido: R$ 9.446 (preço base São Paulo)

Texto: Arthur Caldeira/Infomoto


Fonte:
Agência Infomoto

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