Harley-Davidson Heritage Classic em plena forma na estrada
Modelo foi renovado na linha 2018 pela centenária fabricante americana com motor mais forte, peso reduzido, suspensão ajustável e outras comodidades
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
A centenária fabricante americana Harley-Davidson ousou na renovação das suas motos na linha 2018, e um bom exemplo disso é a nova nova Heritage Classic. Além de um visual mais jovem, o modelo ganhou motor maior, quadro mais leve e suspensões aprimoradas. Exceto o nome e a vocação para viajar, tudo mudou na Heritage Classic, que chega ao País por R$ 72.900.
A moto, clássica até no nome, ganhou pintura preta em diversas peças: das rodas, passando pelo motor e até na parte inferior do para-brisa destacável, como nas antigas Harley dos anos 1940. Os fãs mais puristas torcem o nariz para o novo visual, enquanto outros mais jovens devem curtir o estilo de moto customizada.
Desta vez, porém, as mudanças não foram apenas visuais. A Heritage Classic 2018 é uma moto melhor do que a anterior. Mais prazerosa de pilotar e preparada para viajar por diversos motivos.
Com o novo chassi, a Heritage perdeu 17 kg: caiu de 347 kg para 330 kg pronta para rodar com 18,9 litros de gasolina no tanque. Ainda não é uma moto leve, muitos irão dizer, e com razão. Mas o quadro redesenhado alterou a distribuição de peso e contribuiu para que, acredite, essa grandalhona H-D parecesse bem mais leve do que é, até na hora de manobrar.
As suspensões também têm papel importante na melhor maneabilidade da Heritage. O garfo telescópico dianteiro agora é Showa com a tecnologia Dual-Bending Valve – a mesma utilizada nas novas Honda CB 650 – com 130 mm de curso. O único amortecedor traseiro, posicionado sob o assento, tem 111 mm de curso. O ajuste é confortável o suficiente para evitar fim de curso em qualquer ondulação e firme o bastante para manter a moto estável.
Logo na primeira curva pelas estradas dos Pirineus, cadeia de montanhas que separa a Espanha da França, a Heritage Classic inclinou bem mais do que o necessário. O peso menor e a nova geometria do quadro deixaram-na ágil.
Ir de uma curva para outra na sinuosa estrada de mão dupla exigiu menos força e transmitiu mais confiança. Pode até parecer exagero, mas não é: um dos jornalistas presentes ao evento mundial de lançamento classificou sua antiga Heritage Classic como uma carroça se comparada ao novo modelo. As pedaleiras também raspam menos no asfalto, pois o ângulo de inclinação aumentou cerca de 3 graus dos dois lados.
A começar pelo novo motor Milwaukee-Eight, lançado no ano passado. Com dois cilindros em “V” a 45°, 1.753 cm³ de capacidade, vibra menos e tem desempenho melhor. O torque aumentou de 11,8 kgf.m para 14,8 kgf.m a 3.000 rpm, o que resulta em melhor aceleração. A potência, como de costume, não é divulgada pela marca.
A maior agilidade já bastaria para tornar uma longa viagem com a Heritage Classic 2018 mais confortável do que no modelo anterior. Mas as novas suspensões também ajudam. Agora é possível ajustar a pré-carga da mola traseira por uma borboleta localizada sob o banco. Dessa forma, evita-se que, ao levar garupa e bagagem nos alforjes laterais, o amortecedor traseiro chegue ao “batente”.
Por falar em alforjes, eles ficaram maiores e ganharam uma trava com chave. A crítica vai para a ausência do sissy-bar (encosto da garupa), que agora é vendido como acessório.
Para compensar, a Harley instalou uma nova entrada USB próxima ao guidão para carregar o smartphone ou o GPS enquanto você está na estrada. O Cruise Control (piloto automático) também contribui para o conforto em viagens.
Farol e luzes auxiliares agora são de LED e iluminam melhor o caminho de quem roda até o anoitecer. A lanterna traseira também usa LEDs. O painel sobre o tanque, entretanto, não oferece a melhor visão: é preciso abaixar a cabeça e tirar os olhos da estrada para conferir o velocímetro analógico ou o nível de combustível, autonomia, consumo e marcha engatada/rpm na tela digital, que cresceu mais ainda é pequena.
Prática e confortável
Todas as Softail mudaram bastante para 2018, mas a Heritage Classic mudou para melhor. Sem dúvida, a mais confortável e prática entre os quatro modelos que experimentei – também tive a oportunidade de rodar com as novas Street Bob, Fat Bob e Breakout.
A nova Heritage acelera mais e contorna curvas melhor do que o modelo anterior. E, na minha opinião, o novo visual dark é mais atraente do que o desenho clássico, que tinha muitos cromados, pneus faixa branca e franjas de couro no tanque e no assento.
A praticidade fica por conta das malas e do para-brisa de série. Ambos podem ser retirados e oferecem a possibilidade de se ter duas motos em uma.
A Heritage Classic fez regime e academia para entrar em 2018 pronta para pegar a estrada – uma opção melhor e mais em conta do que a pesada touring Road King, que usa o mesmo motor, mas pesa 376 kg. Com preço sugerido a partir de R$ 72.900, custa apenas R$ 1.500 a mais do que o modelo anterior, porém é muito superior.
Só não dá para entender porque a Harley-Davidson não trará para o Brasil a elegante combinação de verde oliva e preto da unidade avaliada. E ninguém soube me explicar a decisão de tirar o sissy-bar da lista de itens de série do modelo, que tem tanta vocação para viajar.
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