Harley-Davidson Street Glide: Para viajar com estilo

Projetados por Willie G. Davidson, Street Glide foi feita para a estrada, mas até que se sai bem na cidade

Por Leandro Lodo

Arthur Caldeira

Para os motociclistas que procuram uma motocicleta para passear na cidade, mas que também sirva como uma verdadeira touring nos finais de semana, a Harley-Davidson lançou a Street Glide. Equipada com o motor Twim Cam 103 de 1.690 cm³, porém mais curta, leve e baixa do que a Electra Glide, a Street Glide foi uma das últimas criações de Willie G. Davidson, neto de um dos fundadores da marca que até o início deste ano chefiava o centro de design da marca norte-americana. O velho Willie G. gostou tanto da moto que ele mesmo tem uma na garagem para viajar com sua esposa Nancy.

Afinal, apesar do nome, a Street Glide até serve para um passeio na cidade, domingo à tarde, mas passa longe de ser uma moto urbana, para a rua. Seu parabrisa “asa de morcego” e as malas laterais rígidas – com pouco mais de 30 litros de capacidade de carga cada – denunciam sua proposta estradeira. Com isso, a Street Glide só poderia ser avaliada pra valer na estrada.

Escolhi um roteiro que misturasse longas e largas rodovias com estradas de mão dupla e algumas curvas – sairia de São Paulo pela Castelo Branco e, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, pegaria a Estrada dos Romeiros até Itu e retornaria à capital paulista pela Rodovia dos Bandeirantes: quase 300 km no total. Preparei então um CD com muito rock’n’roll, pois não é todo dia que se pode escolher a trilha sonora da viagem. Pena que o excelente sistema de som Harman-Kardon ainda não suporta o formato MP3. Tradicionalismos da centenária Harley. O jeito foi escolher a boa e velha coletânea de David Bowie no tradicional compact disc, CD.

Maneável

Porém, até mesmo para pegar a estrada tive de enfrentar um chato trânsito matutino de sábado em São Paulo. E apesar do grande porte, 2,43 m de comprimento, até que a Street Glide se saiu bem. Claro que não consegue costurar no meio dos carros, mas seu entre-eixos menor do que a Electra Glide, o assento mais baixo e os cerca de 50 kg a menos permitem rodar até mesmo no corredor. Nem mesmo o grande painel e a carenagem atrapalham (muito).

Claro que as características das motos Harley-Davidson incomodam um pouco na cidade: o calor do motor V2 aquece as pernas e, no caso, da Street Glide é bom ter cuidado com as malas laterais, que podem raspar nos carros em mudanças de direção. Por outro lado, o grande motor V2 de 1690 cm³ garante um grande torque máximo de 13,9 kgf.m já a 3.500 rotações. O que dispensa muitas trocas de marchas e permite manobrar os 355 kg (a seco) da Street Glide até com certa facilidade.

Porém bastou chegar à rodovia para que o vento fizesse seu trabalho em refrigerar o motorzão e “Rebel, Rebel”, de Bowie, aumentasse conforme eu acelerava, aproveitando-se do controle automático de volume. Engatei a sexta marcha over drive, os giros diminuíram e a Street Glide ficava mais à vontade.

O parabrisa mais curto do que na Electra não desvia totalmente o vento, mas pode-se rodar na velocidade máxima permitida sem ser incomodado. O largo e generoso banco mais parece um sofá e as pedaleiras do tipo plataforma apóiam bem os pés. O torque do motor sobrava para ultrapassagens e ainda pude testar o conforto do Cruise Control – o piloto automático acionado por botões no painel e controlado por botões no punho.

Ciclística

Em direção a Itu, na Estrada dos Romeiros, era o momento de colocar à prova a ciclística da Street Glide. Lombadas, muitas curvas, asfalto irregular, enfim, o que todo motociclista enfrenta em nossas estradas por aí.

Os freios, equipados com sistema ABS, dão conta do recado na hora de parar a Street Glide – apenas quando tentei frear com muito ímpeto em um obstáculo mal sinalizado senti o enorme pedal de freio traseiro e o manete trepidarem, indicando que o ABS entrara em ação. São dois discos de 300 mm na dianteira com pinça de quatro pistões e um disco simples também com pinça de quatro pistões na traseira.

As suspensões – garfo telescópico de 41,3 mm de diâmetro, na frente, e dois amortecedores, na traseira – são bastante macias, mas até que mantêm a Street Glide em seu curso. Levam piloto e garupa com conforto, mas é preciso cuidado com imperfeições e buracos no piso – em um degrau na pista chegaram a dar fim de curso e prejudicaram a estabilidade da moto.

Por outro lado, a Street Glide não faz jus à má fama das Harley em curvas. Até mesmo no sinuoso trecho entre Pirapora do Bom Jesus e Itu, ela mostrou certa desenvoltura: claro que não é uma superesportiva e em curvas mais fechadas tem lá suas limitações – porém o ângulo de inclinação em trajetórias mais abertas é até generoso: em torno de 30° antes que as pedaleiras comecem a raspar no asfalto.

Volta para casa

Depois de Itu, havia ainda as retilíneas Rodovias Marechal Rondon e Bandeirantes até voltar para São Paulo. Asfalto bom, sem muitas curvas, enfim o cenário ideal para curtir o conforto da Street Glide e o ronco típico e encantador do V2.

Após 250 km, confesso que essa integrante da linha touring da Harley-Davidson me surpreendeu positivamente. Mesmo parecendo enorme, em movimento a Street Glide é bastante equilibrada e sua ciclística é superior a outros modelos Harley.

Além disso, oferece o conforto da carenagem “asa de morcego” e do bom sistema de som. Só fica devendo para a topo de linha Electra Glide na proteção aerodinâmica e também no conforto para a garupa – as pedaleiras de série são simples demais e posicionados muito altas. Se você costuma viajar com a companheira, ela vai “pedir” uma pedaleira plataforma e também um sissy-bar.

Outro ponto negativo ficou por conta das ponteiras de escapamento que, na unidade testada com pouco mais de 6.000 km (modelo 2011/2012), já apresentavam sinais de oxidação. Questionada pela reportagem, a fábrica respondeu: “A oxidação exibida na foto é natural, pois a parte interna do escapamento não é cromada. Além disso, com o uso contínuo da motocicleta, essa área tende a ficar enegrecida pelo acúmulo de fuligem proveniente do funcionamento natural do motor, por isso, a Harley-Davidson considera um processo normal e dentro do especificado”. E acrescentou que, caso o cliente note alguma oxidação no lado de fora do escapamento, a empresa orienta para que entre em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor e/ou leve a motocicleta em alguma concessionária mais próxima.

Vendida em quatro opções de cores – Vivid Black, Big Blue Pearl (azul), Ember Red Sunglo (vermelha) e Black Denim (um belo preto fosco) -, a Harley-Davidson Street Glide está cotada a R$ 61.200 na cor preta metálica testada (R$ 61.600, nas outras opções). 10% mais barata que a Electra Glide (R$ 68.400) e com 50 kg a menos, pode ser uma boa opção se você busca uma motocicleta da marca norte americana para viajar. Afinal, já vem de fábrica com as malas laterais, sistema de som e o estilo e carisma inquestionáveis da marca norte americana.

Ficha Técnica

Motor Twin Cam 103, com dois cilindros em “V” e refrigeração a ar
Capacidade 1.690 cm³
Câmbio Seis velocidades 
Potência máxima ND
Torque máximo 13,9 kgf.m a 3.500 rpm
Suspensão dianteira Garfo telescópico com 117 mm de curso
Suspensão traseira Amortecimento bichoque com 51 mm
Freio dianteiro Disco duplo de 300 mm com pinça fixa de quatro pistões
Freio traseiro  Disco simples de 300 mm com pinça de fixa de quatro pistões
Pneu dianteiro  130/70 - 18
Pneu traseiro 180/65 - 16
Comprimento total 2.413 mm
Largura total 965 mm
Entre-eixos 1.613 mm 
Altura do assento (descarregada) 715 mm 
Altura mínima do solo 119 mm 
Peso (em ordem de marcha) 368 kg
Tanque de combustível 22,7 l
Cores Vivid Black/Big Blue Pearl/Ember Red Sunglo/Black Denim
Preço a partir de R$ 61.200

Fotos: Doni Castilho


Fonte:
Agência Infomoto

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