Bruno Corano testa motos do Mundial SBK em Portimão
Confira o piloto brasileiro da equipe Gillette Desodorante SuperBike Team acelerando forte com a Yamaha R1
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Bruno Corano
Yamaha R1 - O ritmo era bem intenso, já que tinha que andar em no mínimo 7 motos. Depois de andar na ZX 10 R, segui para o box da Equipe Yamaha.
Fui recebido pelo próprio Melandri e seus engenheiros, e por já nos conhecermos fomos direto a uma lista de perguntas técnicas sobre a moto que eu tinha para ele, mas antes me permitam falar um pouco sobre o que me chamou a atenção nesse momento. O box! Mas não só isso.
Não é só a equipe com o box mais bonito, é com certeza uma das mais tradicionais e maduras do paddock. Com inúmeras conquistas, engenheiros notoriamente experientes que me fizeram sentir que eram muito preparados, alem de ser a Ex-Equipe do Piloto que mais marcou o WSBK nos últimos anos Bem Spies, americano que atualmente esta no MotoGP.
Pra não variar, me colocaram na cadeira do Laverty, parceiro do Melandri, e engenheiros e etc. sentaram-se ao meu lado para seguirmos com nosso papo.
Mas vamos ao que interessa que foram as impressões da moto.
Particularmente adoro o som da nova R1, tendo a moto do mundial um som semelhante a moto de rua, já que seu funcionamento é igual. Apenas notei que ela era um pouco mais estridente, algo normal, já que com certeza ela tem 40 cv a mais que uma moto original, disseram os engenheiros.
Essa questão de potencia embora ninguém declare com exatidão, todos reconhecem que as motos têm entre 215 e 225 cv de potencia. O grande desafio dos times não é gerar forca, mas sim a melhor forma de entregar ela para o chão, e explorar o crescimento de giro da melhor forma em cada circuito.
Indo pra pista já senti varias coisas de imediato. O acerto tanto da moto do Melandri quanto do Laverty (andei em ambas) tinham as barras (guidões) muito fechadas, estilo velotrol. Totalmente oposto ao acerto do Sykes e oposto ao acerto que eu estou habituado a conduzir. Enfim, mas nada que eu não pudesse tolerar. Por outro lado, a moto era no conjunto geral muito confortável. Definitivamente tudo parecia funcionar como tem que funcionar.
As diferenças entre a R1 e a ZX10 eram pequenas, talvez um pouco mais fácil de conduzir no miolo, porém mais fraca nas retas, enfim, com características particulares a moto é especial, tudo muito nobre, muito bem acabado, muitas peças que chamamos de fabrica, itens feitos pela fabrica apenas para a equipe de corrida. Uma mesa que torce menos, uma balança muito robusta.
Em resumo uma moto fácil de acelerar, e tenho que reconhecer que a sensação de estar pilotando a moto que o Spies foi campeão gerava um prazer a mais, já que reconheço muito o trabalho e as conquistas dele desde quando ainda corria apenas no AMA e nem era conhecido do grande publico.
A eletrônica era exatamente igual a da Kawasaki, já que ambas usam Magnetti Marelli. Pelo menos o hardware. Menciono o hardware, pois o sistema Marelli na verdade é como um computador com Windows, é como apenas um ambiente apenas, os aplicativos necessariamente devem ser todos construídos e customizados.
O banco das duas Yamahas é um luxo aparte. Feitos artesanalmente por uma empresa italiana, (RaceSeats) o nome dos pilotos estava bordado. Motivo de brincadeira dos concorrentes, é sem duvida a moto fashion do grid.
Interessante comentar que embora se noticie que a equipe Yamaha esta com seu futuro totalmente incerto, seus membros não demonstravam de nenhuma forma preocupação, me deixando a sensação que algo já esta acertado nos bastidores para que alguém assuma a equipe.
A moto em si sofreu alterações bem radicais em sua estrutura comparando com o modelo de rua. Seu tanque de combustível foi totalmente reposicionado. Fica praticamente em baixo do piloto. Na categoria todas as motos usam bengalas e balanças especiais, porém dentro do aspecto suspensões algumas equipes recebem uma atenção ainda mais especial.
No caso da Yamaha as bengalas foram especialmente projetadas pela Ohlins para a equipe. São diferentes de todas as outras motos do grid, fazendo com que o time Yamaha tenha a fama de ter a melhor frente do paddock, e a fama de ser a queridinha da Ohlins, marca de suspensões.
O mesmo parece acontecer com a Brembo, já que algumas pecas em desenvolvimento estavam sendo usadas apenas pela a equipe no grid. Novas pinças com um índice de torção ainda menor que as até então utilizadas pelas outras equipes.
Você deve estar se perguntando por quê? Como tudo na vida, relacionamento é sempre muito importante, e embora a moto seja japonesa, a Equipe, seus membros são italianos, assim como a Brembo, assim como parte da equipe Ohlins de desenvolvimento na pista. Não que não existam outras equipes italianas. Pelo contrario. São elas que dominam o paddock, porém algumas são mais tradicionais e tem mais interação com os fornecedores. Exatamente o caso da equipe Yamaha.
O grafismo desse ano permite que trechos da carenagem fiquem a vista, deixando a aparência do carbono a mostra, o que para quem não sabe realmente todas as grandes equipes usam carenagens apenas de carbono mesmo. Caríssimas, diga-se de passagem.
Algumas coisas chamam a atenção. Com tantos recursos e tantos itens empregados, as motos são equipadas com manoplas originais, as quais são geralmente rejeitadas por pilotos profissionais por serem muito lisas. Melandri comentou que desde que chegou na equipe sempre foram essas as manoplas, e embora também prefira mais rugosas, nunca pediu para serem trocadas. "Esqueci de pedir" riu ele.
Fotos: Moto School - Y.Sports/Divulgação
Atenção: Não perca na próxima segunda-feira no site MOTO.com.br a continuação do especial de testes do piloto brasileiro Bruno Corano com as máquinas do Mundial SBK na pista de Portimão com a BMW 1000 RR.
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