Café Racer do século XXI

Inspirada nas motos de corrida dos anos 50, ela tem motor de três cilindros e ótimo desempenho.

Por André Jordão

Arthur Caldeira

Na década de 50 os cafés à beira da estrada eram ponto de encontro dos motociclistas ingleses. Ao som do então recém criado rock’n’roll, os jovens britânicos depositavam uma moeda na Jukebox e faziam as famosas “record race” com suas motos – rachas que duravam uma música. Nascia então o termo café racer para designar os motociclistas e suas motos equipadas com semiguidões e rabetas características.

Em pleno século XXI, os motociclistas perderam sua imagem marginal e a jukebox evoluiu para o IPod. Assim como as motos que, há algum tempo, tiveram sua potência e velocidade ultrapassando a barreira dos três dígitos. Inspirada nessa época romântica, a marca de origem italiana Benelli criou a Café Racer 1130, que chega agora ao Brasil.

Fundada na Itália, mas atualmente controlada pelo grupo chinês Qianjiang, a Benelli é representada no País pelo Grupo Izzo. As motos ainda fabricadas em Pesaro, no País da Bota, têm como marca registrada o design inusitado e os motores de três cilindros em linha.

Com a Café Racer não é diferente. Do conjunto óptico dianteiro a grande ponteira única de escape, o modelo surpreende por suas linhas ousadas e diferentes de tudo que já se viu. A inspiração café racer aparece nos dois semiguidões de alumínio, que têm os retrovisores montados na extremidade, e também no banco monoposto.

Ficção científica

Antes de acelerar essa Café Racer do século XXI parei para analisar as linhas que parecem ter saído de um filme de ficção científica. O conjunto óptico é dominado pelos faróis e traz uma pequena cobertura para desviar o vento frontal. Na lateral, destacam-se as aletas que trazem embutidos os piscas e dois ventiladores do sistema de refrigeração líquida. O quadro de aço em treliça envolve o motor. E a traseira dessa Benelli termina em duas luzes de freio, uma de cada lado da grande e única ponteira de escape.

Outra peça que chama a atenção é a mesa que sustenta os dois semiguidões. Para destacar a época de ouro do motociclismo britânico, a Café Racer está disponível apenas na cor dourada.

Três em linha

Depois de admirar o desenho inusitado, era hora de acordar o motor de arquitetura também diferenciada. São três cilindros paralelos, como nas inglesas Triumph, com exatos 1.131 cm³ de capacidade. São quatro válvulas por cilindro e duplo eixo de comando no cabeçote (DOHC) com refrigeração líquida.

Alimentado por injeção eletrônica com três corpos de acelerador de 53 mm de diâmetro, esse tricilíndrico oferece 137 cv de potência máxima a 9.500 rpm. Um ponto positivo desse motor é a entrega dessa potência toda de forma linear, sem sustos para o piloto. Mas o grande destaque mesmo é seu torque máximo de 11,2 kgf.m a 7.750 rpm – número bastante elevado e que garante um motor bastante esperto.

Na prática, não se precisa acionar muito o câmbio de seis marchas para ter grande parte da força do motor a sua disposição. Esse, aliás, é um dos grandes trunfos dos motores de três cilindros: equilíbrio entre o torque dos motores de dois cilindros e a potência dos quatro em linha.

A Benelli ainda oferece um botão que dosa a potência entregue pelo motor – ideal para ser usado em dias chuvosos ou em pisos de pouca aderência. Mas em uma pista seca e livre para acelerar, como onde testamos essa Café Racer, nem pensei em diminuir a potência disponível para curtir essa italiana.

Boa de curva

Montado na Café Racer 1130 sua inspiração nas motos de corrida da década de 50 fica ainda mais evidente. O banco é monoposto, não pemitindo que se leve garupa. O espaço é amplo e permite uma boa mobilidade para o piloto. As pedaleiras recuadas contribuem para a posição de pilotagem bastante esportiva.

Como o teste foi feito em uma pista, é difícil avaliar o quesito conforto em longos trajetos ou para o uso urbano. Porém para curtir as curvas e acelerar, senti-me na posição correta para usar e abusar da ciclística dessa Benelli.

O quadro em treliça e as suspensões são bastante intuitivos, ou seja, transmitem ao piloto as reações da moto. Na dianteira, o garfo telescópico invertido (upside-down) tem bengalas de 43 mm de diâmetro e curso de 120 mm. São totalmente ajustáveis e bastante firmes – bem de acordo com a proposta esportiva do modelo. Na traseira, mais soluções inovadoras: além do quadro, a balança de aço é em treliça e conta com um único amortecedor também completamente ajustável.

Novamente, fica difícil avaliar a resposta do conjunto de suspensões no uso cotidiano. Porém, na pista, saíram-se muito bem. Aliás, como todo o conjunto ciclístico que permitia deitar nas curvas, passando confiança ao piloto.
As rodas de liga-leve Brembo calçadas com pneus radiais Dunlop - nas medidas 120/65 – ZR 17, na frente, e 190/50-ZR17, atrás – também contribuem para fazer da Café Racer uma moto “boa de curva”.

Sem falar nos freios. Os dois discos de 320 mm de diâmetro mordidos por pinças de quatro pistões na dianteira permitem frenagens bruscas sem demonstrar fadiga. Graças às mangueiras de freio em malha metálica – mais um dos muitos detalhes que demonstram o esmero da Benelli com suas motos. Na traseira, o convencional disco simples com pinça de dois pistões.

Exclusiva também no preço

Assim como o design, muitos itens nessa Benelli são bastante exclusivos. Caso das mangueiras de freio e rodas Brembo, sem falar no quadro em treliça desmontável.

Mas como tudo na vida, essa Café Racer 1130 tem seu preço. Sem frete, seu preço de tabela é R$ 68.900 – o mais alto entre os cinco modelos da marca que serão vendidos no Brasil. Mostrando que a exclusividade da Benelli Café Racer 1130 não fica apenas no design.

Ficha Técnica:

Motor
Tipo: Três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindros, DOHC com refrigeração líquida
Capacidade: 1130 cm³
Diâmetro x curso: 88 x 62 mm
Taxa de compressão: 11,2 : 1
Potência máxima:  137 cv a 9.500 rpm
Torque máximo: 11,2 kgf.m a 7.750 rpm
Alimentação: Injeção eletrônica com três corpos de aceleração de 53 mm de diâmetro
Embreagem: Em banho de óleo
Câmbio: 6 marchas
Transmissão final: por corrente

Ciclística
Quadro: de aço em treliça desmontável com sub-qaudro em liga de alumínio
Suspensão dianteira: Garfo telescópico invertido com bengalas de 43 mm de diâmetro, totalmente ajustável, com curso de 120 mm
Suspensão traseira: Balança em treliça monoamortecida, totalmente ajustável com curso de 120 mm
Freio dianteiro: Dois discos de 320 mm de diâmetro com pinça de quatro pistões
Freio traseiro: Disco simples de 240 mm de diâmetro e pinça de dois pistões
Pneu dianteiro: Dunlop Sportmax 120/70- ZR 17
Pneu traseiro: Dunlop Sportmax 190/50- ZR 17

Dimensões
Comprimento: 2128 mm
Largura: 750 mm
Altura: 1050 mm
Altura do assento: 820 mm
Entre-eixos: 1443 mm
Peso a seco: 208 kg
Capacidade do tanque: 16 litros
Preço: R$ 68.900,00

FOTOS: Caio Mattos


Fonte:
Agência Infomoto

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