MotoGP UK: Na pedra de prata, o retorno da normalidade

Colunista faz uma análise afiada sobre os pilotos e suas máquinas em mais uma rodada de motovelocidade

Por Aladim Lopes Gonçalves

Giglio Val

A primeira coisa que gostei da etapa da Inglaterra, na pista de Silverstone, e que para mim se tornará cada vez mais comum é a presença sustentável da Ducati de Dovi no pelotão de frente.

Acho mesmo que ele até poderia ter pulado na frente na largada, não fosse tão curta esta reta de Silverstone. Mas a Ducati largou bem, esteve em segundo lugar, e apesar de ter chegado em 5º no final, esteve ali na briga todo o tempo.

Isto mostra que segue evoluindo a moto de Bologna, e melhorou seu freio, consistente e resistente, e a ciclística, depois de todos os acertos ao longo do ano, permite um menor consumo de pneus ao longo da corrida, coisa que fazia as Ducati no início do ano andarem bem no início, para logo afundar no pelotão.

A exceção de Crutchlow, que vai muito mal, e vive no fundão. Ele deve sair no fim do ano.

Eu acredito em pelo menos 2 pódios de Dovi nas 6 etapas que faltam ainda no campeonato.

As Yamahas também melhoraram, e têm sido consistentes e competitivos. Lorenzo ontem largou como de costume muito bem, e liderou desde o começo, tendo Marc no seu encalço por dois terços da corrida. Foi muito rápido e corajoso.

É marcante para mim a freada do Marquez... Vejo um diferencial importante na forma como ele ataca as curvas, freando dentro da curva e jogando a traseira sempre de forma a preparar o ataque já na linha de tangência... Acho que isso permite a ele dar “gás” um pouco antes.

Freios são fundamentais neste esporte! No Moto 2 e Moto3, os discos podem ser de materiais ferrosos. No MotoGP os discos são de carbono, mais leves.

Os discos de carbono dianteiros, de 320 mm são mais leves que o de aço, pesam 750g a 800g, contra 1200g a 1600g dos de aço. Mas é importante lembrar que os discos de carbono não funcionam bem em chuva, devido a maior dificuldade de trabalhar em temperatura ideal nessas condições, por isso, quando a corrida se dá em chuva, os discos utilizados são os de aço.

Creio que apenas no Japão, pela característica trancada da pista, permite-se utilizar discos de 340 mm.

A condição ideal para o disco de carbono é acima dos 400º C!

Os principais fornecedores de freios da categoria são a Brembo e a Nissin. E uma equipe consome de 6 a 8 discos por temporada.

A Honda, por exemplo, utiliza os Brembo, e o disco traseiro é um de aço Yutaka.

Voltando para a corrida, Lorenzo fez o que pôde, os dois chegaram a se tocar, durante um bom tempo Marc seguiu e estudou as trajetórias de Lorenzo, e por certo atacaria mais no final, depois de dar muita luta, Lorenzo acabou perdendo a disputa para Marc, que venceu pela 11º vez... neste ano 100% de vitórias são da Honda, o que não é nada palatável para a Yamaha.

O próprio Lorenzo, mesmo em 2º no pódio fica com cara de paisagem... Rossi é o que parece o mais animado.

Pedrosa foi 4º sem dando algum trabalho para Rossi que foi 3º, e Dovi em 5º sempre por ali. Na sequência Pol, Bradl e Iannone, este último esteve um pouco mais apagado.

Próxima etapa é na minha saudosa Misano, que deve oferecer algum equilíbrio entre os top, pois na sequência, Aragón tem muito mais cara de Honda.

No moto2, Rabat leva mais uma, com Kalio, Vinales, Zarco, Luthi e Morbidelli na sequência. O ítalo brasileiro vem crescendo na competição e já fica nos top 10 com frequência. Torço por ele!

No Moto3, Rins levou a corrida, com Marquez em segundo e Bastianini fechando o pódio... O português Miguel Oliveira foi o 4º!

Eric Granado ficou em 26º. Não estou vendo evolução nele.

Próxima parada: Remini.

Giglio Val é engenheiro e administrador de empresas. Fundou o Blog do Giglio (gigliof1.blogspot.com), que trata do mundo das competições. Foi patrocinador principal e manager do piloto brasileiro Danilo Lewis, que correu o Italiano de Stock 600cc Michelin Power Cup em 2011 e o SuperBike no Brasil 2011 e 2012, assim como o WSBK Superstock 1000 em duas etapas em 2012. Destemido, segue em busca de outro talento, e trabalha intensamente no projeto “Brasil no pódio da MotoGP 2015”.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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