MotoGP Misano: A bendição dos Deuses e a retratação dos mortais!

Colunista faz uma análise afiada sobre os pilotos e suas máquinas em mais uma rodada de motovelocidade

Por Paulo Souza

Giglio Val

Uma introdução talvez mais apropriada para fazer crítica do novo filme do Hercules, mas vai por aí mesmo. Tanto Hercules como Valentino tem sobre si o toque dos Deuses. Este toque uma vez feito torna-se eterno.

Não poderia ser em mais nenhum outro circuito do mundo que não este templo da velocidade italiana, Misano em Remini, templo para o regresso as vitórias deste nosso herói Valentino Rossi. Lugar lindo e mítico!

Eu já estive lá três vezes, e a emoção é inesquecível.

A classificação já deu uma mensagem muito clara... As Yamahas estavam na mão do circuito. Sua ciclística evoluiu muito e já tem a melhor freada do grid... E freada nas mãos mágicas de Rossi, são insuperáveis.

Marquez largou da 4º posição, pior posição de saída sua no ano. Mas em si só não seria um problema, tinha tudo para ir para cima.

Iannone em 2º prometia muita emoção na primeira curva. Lorenzo garantiu mais uma pole em Misano.

Largaram: Rossi já pulou e entra quase junto com Lorenzo, que rapidamente assume a ponta com Rossi em 2º e Marc em 3º (...que finalmente fez boa largada) e o trio foi rapidamente se afastando de Iannone, Dovi e Pedrosa. A corrida se polarizou a partir daí.

Rossi deu poucas voltas atrás de Lorenzo e na chagada da curva Quercia, para o delírio da galera assumiu a liderança para não mais perde-la. Marc não toma muito tempo para passar Jorge que parecia não ter o mesmo ritmo dos treinos.

Rossi, seguido de Marc, prometia luta de morte, e Lorenzo vai ficando um pouco. Marc que já havia atacado Rossi no inicio, alternado posições sem sucesso, neste momento teria de lutar pela vitória. Novamente ataca, alterna posições, assume a liderança por instantes, mas Rossi muito seguro e com uma tocada irretocável, não deixa barato.

Reassume a liderança, e vem sendo perseguido por Marc, com Lorenzo já a uns 2 segundos atrás, e na 10º volta Marc cai na curva 3, e toma muito tempo para por a moto em funcionamento, e a partir daí teve de correr para fazer pelo menos 1 ponto... e foi o que fez.

Motor sempre é uma das primeiras coisas que vem a cabeça quando queremos saber que moto anda mais... Que diferenças temos entre as motos de ponta no MotoGP?... As Hondas utilizam um motor de refrigeração liquida DOHC em configuração e V, 4 cilindros.

As Yamahas, já tem uma configuração de 4 cilindros em linha, a base de um “crossplane crankshat”. A potência dos dois motores é muito próxima, em torno de 240HP.

Ambas as motos tem pesos próximos aos 160kg exigidos pela FIM, (peso mínimo), mas eu arriscaria dizer que a Honda é um pouco mais leve, dada as características de seus chassis ,que são de alumínio configurado em “ twin-spar”, o que trás uma mescla grande de rigidez com leveza, e é uma configuração que se encaixa muito bem com um motor em V.

A Yamaha, por sua vez utiliza nos chassis um sistema de dupla tubulação multi ajustável, adaptado ao motor em linha, tudo em alumínio tipo “swingarm”. Um conjunto que funciona muito bem, e tende a entregar mais velocidade em curva que um Honda.

Em Misano, pista travada como é, pudemos observar isso com clareza.

Rossi vence fabulosamente, seguido por Lorenzo que já não sabe mais o que fazer para ganhar uma corrida! Pedrosa que acompanhou mais do fundo chega em 3º.

Iannone fez boa corrida, mas ele queria mais!... Dove não conseguiu beliscar um podium, mas esteve no encalço de Pedrosa todo o tempo, acompanhando o pelotão da frente... As Ducatis precisam de um degrau a mais e estarão prontas para regressar as vitórias.

Bradl caiu...novamente.

No Moto2, Rabat fatura mais uma com Kalio e Zarco no podium... Morbidelli chega em 7º. Este ítalo brasileiro, ajudado pelo Rossi, tem tudo para lutar pela vitória no próximo ano, em uma equipe de ponta, e estar no MotoGP em 2016.

No Moto3, Granado chegou em 21º, numa corrida meio apagada. Seu companheiro de equipe, Viñales, chegou em 4º...

Vamos para Aragón, pista que deve favorecer um pouco as Hondas, e a velocidade das Ducatis.

Giglio Val é engenheiro e administrador de empresas. Fundou o Blog do Giglio (gigliof1.blogspot.com), que trata do mundo das competições. Foi patrocinador principal e manager do piloto brasileiro Danilo Lewis, que correu o Italiano de Stock 600cc Michelin Power Cup em 2011 e o SuperBike no Brasil 2011 e 2012, assim como o WSBK Superstock 1000 em duas etapas em 2012. Destemido, segue em busca de outro talento, e trabalha intensamente no projeto “Brasil no pódio da MotoGP 2015”.

 


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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