Conheça o desafio de longa distância que ganha adeptos no Brasil

Iron Butt, ou 'bunda de ferro'; esse é o nome do desafio mais intenso do planeta para grandes deslocamentos de motocicleta

Por Gabriel Carvalho

Texto: Cristiano Gusmão

A Iron Butt Association conta mais de 75 mil membros espalhados pelo mundo. A associação se define como uma organização internacional dedicada a condução segura de motocicletas em longa distância.

Certifica passeios de moto através de um rígido conjunto de regras que envolvem a escolha da rota, testemunhas, apresentação de notas fiscais, fotografias, mapas eletrônicos e envio de documentos.

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No Brasil, as modalidades mais conhecidas são o Saddlesore 1.000 e o Bun Burner 1500. O primeiro significa rodar 1.000 milhas em menos de 24 horas, ou seja, 1.610 quilômetros em no máximo 23h59min. As regras e diretrizes para essa certificação estão no site da Iron Butt Association e também são utilizadas para o segundo desafio, que consiste em rodar 1.500 milhas em menos de 36 horas. Nesse caso 2.415 quilômetros em até 35h59min.

O motociclista carioca Cristiano Gusmão, de 47 anos, conta um pouco da sua experiência. Ele está entre os três brasileiros que possuem a certificação "NOT RIGHT RIDERS. TRULY HARDCORE RIDERS" definido pela própria organização como um clube de elite dos pilotos mais radicais da Iron Butt Association.


Foto: Arquivo pessoal

"No dia 27 de julho, dia do motociclista, resolvi gravar um vídeo para o meu canal realizando o Saddlesore 1000 com a minha moto, uma CG 160 Titan. Eu já tinha duas experiências anteriores nesse tipo de desafio realizadas com a minha Dyna Street Bob. Fiz o Saddlesore 1000 e o Bun Burner 1500 com ela.

A crise econômica levou minha moto. Precisei partir para a solução mais econômica possível para não deixar de pilotar. Era uma grande oportunidade de testar a nova moto e a mim mesmo para futuras viagens pela América do Sul.  

De início, pensei que seria como aquele antigo desenho animado sobre descer as cataratas em um barril. "Olé" e ponto final. Fui amadurecendo a ideia, pesquisando as melhores estradas e montando um planejamento para realizar o percurso.

Parti às 6h30, fazendo os dois primeiros abastecimentos com intervalo de 350 quilômetros e os demais de forma que o trajeto pudesse ser bem definido no mapa. A Iron Butt usa a localização desses abastecimentos junto com as respectivas notas fiscais para conferir o deslocamento. 

Quando a noite chegou, por volta das 19h, eu já estava com uma boa sobra de tempo, e passei a administrar o deslocamento com o pensamento na minha segurança e também no esforço da pequena moto. Minha penúltima parada de abastecimento revelava que, sem cometer erros, tudo terminaria bem. Faltavam apenas 350 quilômetros e cerca de sete horas para concluir o desafio. A parte mais difícil do retorno ao Rio foi passar por Itatiaia, um dos lugares mais frios do estado, onde está o Pico das Agulhas Negras. Neste período, a região estava registrando temperaturas inferiores a 0° C.  Cheguei pouco antes das 4h30 terminando o percurso em quase 22 horas.

Fiquei muito feliz por ter conseguido e também muito grato por ter sido incluído como um dos pilotos mais radicais da Iron Butt.

Minha dica para os pilotos no seu primeiro Iron Butt é realizar o passeio junto com outras pessoas. Isso ajuda a manter a moral elevada. Um outro ponto importante é que a certificação é individual e pode ser realizada a qualquer tempo. Sendo assim, pilote com atenção e deixe para outro dia se o cansaço se tornar demasiado. A vida é sempre o mais importante."

Cristiano Gusmão é ex-diretor do H.O.G Rio Chapter e hoje pilota uma CG 160 Titan, adotando um novo lifestyle e registrando suas experiências no canal chamado O BARATO DA AVENTURA no YouTube.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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