Cinco motivos para não atravessar uma enchente de moto

Os alagamentos podem destruir o motor ou causar curto-circuito na parte elétrica da motocicleta; veja porque vale a pena esperar a água abaixar

Por Gabriel Carvalho


Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

“A moto foi feita para rodar na chuva e não dentro da água”. A frase do mecânico paulista Alexandre Sauro alerta para os riscos de atravessar enchentes e alagamentos. Os problemas são muitos e podem ir de um simples mau cheiro, passando pela oxidação interna do escapamento até o travamento do motor.

Durante as recentes tempestades que atingiram São Paulo na última semana, vimos muitos motociclistas correrem o risco de tentar atravessar áreas alagadas ou enxurradas. A dica mais valiosa nesses casos é “não faça isso”.  Veja porque:


Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Adeus motor
Já ouviu falar de calço hidráulico? Esse nome complicado pode levar a resultados catastróficos para o motor da sua moto. Ele acontece quando o nível da água fica acima da entrada de ar do filtro.

Nesse caso, a água entra na câmara de combustão e o motor “morre”. Ao tentar dar partida novamente, o pistão comprime a água que não tem como sair e força biela, pistão e outras partes móveis do motor. “Caso a moto morra, não tente ligar ou dar tranco, ponha em ponto-morto e empurre até um local seguro”, ensina Alexandre.

Escapamento sem saída
Além da entrada para o filtro de ar a água também pode entrar no motor pelo escapamento. Isso acontece quando o motor “apaga” ou a moto é arrastada pela enxurrada. Se desconfiar que a moto ficou debaixo d’água o ideal é não dar partida ou tranco, pois pode haver água dentro do motor. 


Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Mesmo que a água não tenha atingido o motor ela pode oxidar o escapamento e destruir o catalisador causando grandes prejuízos. Por isso, evite estacionar em locais onde há alagamentos. Mas caso isso aconteça e você desconfie de que possa ter entrado água no escapamento, não ligue a moto e leve-a para um mecânico verificar.

Curto circuito
Uma das partes mais sensíveis da moto, e que não convive bem com a água, é o sistema elétrico. Nos vídeos de enchentes vemos que, em muitos casos, os carros e motos estão com farol aceso ou piscas funcionando.


Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

Sauro lembra que isso é o resultado da água que “fecha” os circuitos e causa curtos, danificando módulos e afetando componentes eletrônicos nas motos modernas. “Nas motos carburadas, o CDI pode ser afetado” alerta o mecânico.

Câmbio, desligo
Os donos de scooters devem tomar ainda mais cuidado com o nível da água, pois a entrada de ar nesses veículos fica numa posição mais baixa do que nas motos.


Foto: Divulgação

 

Além do risco ao motor e escapamento, os scooters usam câmbio do tipo automático – conhecido como CVT. Se o componente ficar abaixo da linha da água a caixa de engrenagem será afetada assim como o óleo será contaminado com lama. Rodar com o scooter nessas condições pode comprometer todo o conjunto do câmbio e causar um grande prejuízo.

Marcas eternas
“A enchente deixa marcas eternas na moto”, o mecânico lembra que a água entra em partes de difícil acesso – como interior do quadro, por exemplo.

Com o passar do tempo, essa água pode oxidar e corroer o metal sem que você veja. O mesmo acontece com o painel que perde sua cor ou fica com restos de lama na parte interna.

Farol, lanterna e piscas podem ficar esbranquiçados. A água também pode encharcar a espuma do banco e, caso não fique ao sol para secar apropriadamente, pode deixar um mau cheiro que será a lembrança de atravessar um alagamento ou de que a sua moto ficou debaixo da água.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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