O que não se faz para viajar de moto

Até cabo de freio de bicicleta vira cabo de acelerador numa MZ 250.

Por Adilson

Marcelo Abreu

O ano, 1997. Mais específicamente Dezembro de 1997, um mês antes da entrada em vigor do "Novo Código de Trânsito Brasileiro", aquele mesmo que traria punições mais severas aos infratores.

E eu? Um infrator naquele momento. Havia comprado (ou melhor, feito um negocinho) a minha primeira moto, tudo bem que não era aquela moto, mas era minha. A moto? Uma MZ 250! É isso mesmo, aquela alemã (da Antiga Alemanha Oriental a comunista) com motor dois tempos e clik no lado esquerdo.

Bem a aventura? Meus amigos e eu iríamos passar o reveillon em Resende Costa (30km de Tiradentes), interior de MG, mas infelizmente não consegui folga no trabalho para ir junto com eles (uns dois dias antes). Moral da história, eu que ainda não tinha habilitação decidi ir sozinho na MZ para a referida cidade.

Preparei a mochila com umas roupas (nada de ferramenta nem remendo de pneus, quando se é jovem se faz cada besteira) enchi o tanque da moto, colocando o óleo dois tempos direto no tanque (não recomendavam misturar pelo reservatório específico, pois havia relatos de que ele não funcionava) e encarei a Estrada.

Logo nos primeiros quilômetros, um baita medo, pois logo na saída de Belo Horizonte, havia uma barreira da PRF - Polícia Rodoviária Federal, e como era época de final de ano, sempre havia aquelas blitz preventivas.

Estava com tanto medo de ser pego, que decidi passar pelo antigo viaduto da Mutuca (pra quem conhece aquele que fica embaixo do atual) e entrei por dentro de uma mineradora passando bem pertinho daqueles caminhões fora de Estrada, saindo da mineradora e retornando à Estrada alguns quilômetros após a referida barreira da PRF.

Continuei a viagem pela BR 040 e quando me aproximava de Congonhas do Campo (aquela cidade que tem as obras do Aleijadinho) me deparei com a última barreira da PRF no percurso que iria fazer. Como já não dava mais para voltar e não percebi nenhuma movimentação da PRF, resolvi passar na moral, deu certo, mas eu parecia uma estátua na moto, nem pisquei ao passar pelo posto da PRF.

Continuei a viagem pela linda BR que liga a BR 040 a Resende Costa, pegar uma Estrada de Moto realmente é maravilhoso. Chegando em Resende Costa, meu primeiro problema mecânico na moto, o cabo do acelerador arrebentou, na porta da casa aonde iria me hospedar (vai ter sorte assim lá na China).

Curti o reveillon e no dia de ir embora, fui a uma loja que vendia cabos de aço de bicicletas (aqueles de freio de bicicleta) e fiz uma gambiarra como um cabo de acelerador. Voltei pela mesma Estrada, só que agora acompanhado dos meus amigos que tinham ido antes (de carro) a volta foi tranqüila e sossegada e mais uma vez tive o enorme prazer de curtir uma estrada de moto.

No finalzinho da viagem, já a uns cinco quarteirões da minha casa, adivinhem o que aconteceu? Isso mesmo, o cabo do acelerador arrebentou de novo. Não resisti e caí na gargalhada.

Essa foi minha primeira viagem de moto, até hoje a melhor de todas. Vendi a MZ 250, tive uma TDM 225 e atualmente comprei uma Kawasaki Police 1000 em um leilão da PRF, ela ainda não está rodando, mas em breve, vou matar toda a saudade de encarar uma estrada de moto, só que agora habilitado e sem medo da polícia.

O “motonauta” Marcelo Abreu participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.


Fonte:
Moto Repórter

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