Kluster Kamp fortalece a cena custom no Centro-Oeste brasileiro

Confira um relato sobre a primeira edição do evento, realizado na Chapada dos Veadeiros, no estado de Goiás

Por Gabriel Carvalho


Foto: Guilherme Foster/acervo pessoal

Texto: Guilherme Foster

Imagine você e seus amigos pilotando suas motos numa estrada praticamente vazia, cercada por uma paisagem mágica. Ao final de cada curva, uma vista mais bonita do que a anterior. Em seu destino, está um evento que irá ficar marcado em suas memórias. Foi exatamente assim que eu me senti no Kluster Kamp 2020 edição de verão. Organizado pela oficina colaborativa Kluster Moto, de Brasília, o local escolhido para o acampamento foi a incrível Chapada dos Veadeiros, em Goiás. O planalto central é um lugar que por si só já tem uma atmosfera muito relaxante. Acrescente a isso um passeio de moto, muita música boa e uma festa sensacional. Garanto que todos os participantes voltaram com a energia renovada. 

Desde o primeiro momento, quando fiquei sabendo sobre o evento nas redes sociais, decidi participar e vivenciar a atmosfera mágica da Chapada. No entanto, o trajeto de São Paulo até Brasília é relativamente longo e tinha disponibilidade de apenas alguns dias. O plano se concretizou quando a Harley Davidson do Brasil abraçou a proposta e me cedeu uma Road Glide Special 2020 para eu fazer a cobertura completa do evento. Como teria conforto de sobra com a moto touring, planejei tanto a ida a Brasília como a volta a São Paulo em apenas uma perna, com paradas rápidas para abastecimento. 

Em uma quarta-feira, saí de São Paulo ainda durante a madrugada e cerca de 13 horas depois já estava em Brasília. Aproveitei para retirar meu kit na Kluster e também conhecer a oficina colaborativa sobre a qual meus amigos de Brasília tanto falavam. Tive uma recepção ainda melhor do que esperava! Todos queriam saber minha história e o motivo de ir até Brasília para o evento. A resposta era simples: apoiar mais um evento que fortalece a cultura custom no Brasil. Depois de retirar meu kit, aproveitei os outros dias para conhecer um pouco mais da operação da oficina e também visitar a capital do nosso País. 


Foto: Guilherme Foster/acervo pessoal

Quando, finalmente, o grande dia chegou, acordei bem cedo, carreguei a moto e segui em direção à Kluster, dando início a um sábado repleto de aventuras! Assim como eu, todos estavam ansiosos para seguir em direção à Chapada dos Veadeiros. O verão no Centro-Oeste do Brasil também é conhecido como a estação molhada. Logo, a chuva foi uma de nossas companheiras de viagem. Após uma parada em que quase todos abasteceram (informação importante que explicarei logo mais), seguimos em frente. 

Conforme nos distanciamos da capital, a chuva finalmente deu uma trégua e pude apreciar a incrível paisagem da Chapada. Pilotar uma moto com esse visual é algo inesquecível! É aquela paisagem que nós, motociclistas, sempre sonhamos vivenciar. Quando estávamos a aproximadamente 20 km do destino, uma das motos começou a falhar. Pensamos que poderia ser algum problema com a moto e bateu aquela sensação ruim de que o passeio poderia ser interrompido. Porém, depois de uma rápida averiguada, foi constatado que era mesmo falta de... gasolina. Isso mesmo! A moto estava quase em pane seca pois não havia sido abastecida na primeira parada! É um daqueles acontecimentos que sempre vamos recordar quando nos reunirmos novamente. Tudo foi resolvido com a transferência de um pouco de gasolina de uma das motos, o suficiente para chegar à próxima cidade.

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Depois de abastecermos todas as motos, seguimos em direção ao camping. Uma parada para a clássica foto na placa que indica a direção e subimos nas motos para pegar o tão esperado trecho de terra até o local. Como estava pilotando uma Harley Davidson Road Glide Special, tinha certo receio dessa parte do trajeto. Apesar de ser uma moto fantástica para os mais de 1.300 km de estrada que me levaram até ali, ela não é exatamente conhecida por sua eficiência em percursos off-road. Pilotava tranquilamente até o momento em que uma das motos à minha frente decidiu parar no canteiro. Por sorte, ninguém saiu ferido e seguimos em frente. Mas, depois desse incidente, todos nós ficamos um pouco mais tensos, pelo menos até chegar o maior desafio da viagem: um atoleiro típico de off-road. 

Ninguém passou direto, todos paravam para verificar o melhor caminho a ser escolhido. Como nem as motos trail estavam passando com facilidade, eu, com a Road Glide, fiquei ligeiramente aflito. Fui o último a passar, o que foi uma péssima ideia pois todos estavam me filmando caso me transformasse em uma vídeo cacetada. No entanto, para o desapontamento dos cinegrafistas de plantão, consegui passar sem problema. No final, até aumentei o som da Road Glide para descontrair a galera! Chegando ao local do Kluster Kamp, já vi o pessoal que havia saído mais cedo montando suas barracas em meio àquela paisagem incrível! Para quem nunca participou de um acampamento com sua moto, fica a dica: é uma experiência que condiz muito com o espírito motociclista aventureiro, desde a simplicidade até a irmandade que reina nesse tipo de evento.


Foto: Guilherme Foster/acervo pessoal

Depois de montar minha barraca, que ficou amarrada na Road Glide, já era hora de começar a festa! A chuva ia e voltava, mas isso não diminuiu em nada o ânimo da galera. Com uma grande variedade para agradar a todo tipo de ouvido, as diversas atrações musicais foram um ponto alto! Como as motos ficariam paradas até o dia seguinte, todos aproveitaram para beber uma cerveja, relaxar e aproveitar o evento. O bom de um acampamento motociclístico é que você sempre terá, no mínimo, um assunto em comum: a moto e todas as experiências que ela proporciona. Conversei com muitas pessoas, troquei histórias de estradas, fiz novas amizades e aproveitei muito o evento até a última nota musical antes de me recolher à minha barraca. No dia seguinte, mesmos cansados pela pouca quantidade de sono, era nítida a extrema felicidade de todos por terem participado do evento. A pergunta que não queria calar era: quando será o próximo? 

(Veja aqui o vídeo do nosso rolê até o evento)

Conversei também com o Zé, um dos donos da Kluster Moto, sobre o evento. Ele me contou sobra as inspirações para o Kamp, uma delas o El Diablo Run. A vibe do evento realmente seguiu a mesma linha da do evento dos EUA: curtir sua moto, os amigos, tomar uma boa cerveja e aproveitar a festa em um cenário mágico – no caso brasileiro, a Chapada dos Veadeiros. Além disso, os organizadores conseguiram reproduzir a sensação de comunidade encontrada na oficina para o evento. Mesmo com quase 200 participantes, a atmosfera era de uma grande família que se reunia para uma confraternização. Sem dúvida alguma, posso afirmar que a primeira edição do Kluster Kamp foi um sucesso! Espero ansiosamente a data da edição de inverno, também conhecida como a época seca. A paisagem da Chapada será totalmente diferente, mas tenho certeza de que isso não mudará em nada a magia do evento. Pelo contrário, tem tudo para ser ainda melhor! O Kluster Kamp é um evento perfeito para virar referência na cultura custom, assim como o Rodeo é em Sorocaba e o BMS, em Curitiba. Vai virar um marco da cultura no Centro-Oeste brasileiro.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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